
Diversos países parecem estar a movimentar-se para que a Conferência não adote medidas mais drásticas que possam comprometer os seus interesses. Foto © COP26.
A pouco mais de uma semana da abertura da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP26), no dia 31, em Glasgow, surgiram notícias de que alguns países pressionaram para que dados do relatório de base da Conferência fossem alterados.
Uma grande quantidade de documentos confidenciais a que a BBC teve acesso indicam que a Arábia Saudita, o Japão e a Austrália, entre outros países, têm-se movimentado para conseguir que a ONU “minimize a necessidade de afastamento rápido dos combustíveis fósseis”, mexendo no relatório científico sobre como lidar com a mudança climática.
Segundo o serviço público de média britânico, trata-se de 32 mil documentos produzidos por governos, empresas e outras entidades, e apresentados aos cientistas que elaboraram o relatório da ONU. As revelações sugerem igualmente que algumas nações mais ricas estão a pôr em causa pagar um valor superior a nações mais pobres para que adotem tecnologias verdes. Uma delas seria precisamente o Reino Unido, que acolhe a cimeira, facto que desencadeou esta semana a crítica de vários deputados.
Esta operação de lobbying mostra diversos países a movimentar-se para que a Conferência não adote medidas mais drásticas que possam comprometer os seus interesses, o que poderia significar não assumir os compromissos requeridos para desacelerar a mudança climática.
Tudo isto surge a escassos dias do arranque de uma cimeira considerada decisiva para o futuro do planeta. O encontro abre a 31 de outubro e encerra a 12 de novembro, não estando ainda confirmadas as presenças em Glasgow de pelo menos duas figuras chave: o Presidente da China, Xi Jinping, e o Presidente russo, Vladimir Putin.
Enquanto isto, o arcebispo de Cantuária, Justin Welby, instou esta sexta-feira, 22, os líderes mundiais a não perderem a “coragem”, no meio de temores de que a cimeira climática da COP26 em Glasgow possa fracassar.
Welby, que trabalhou na indústria do petróleo antes de ser ordenado, acrescentou, em declarações ao jornal Evening Standard que a Igreja da Inglaterra “abandonaria” as empresas de petróleo e gás nas quais investiu se elas não fizessem mais para combater a mudança climática.