Grupo armado matou 52 jovens em Moçambique
Ataque de grupos armados, que se reivindicam do Daesh, no comando distrital da polícia moçambicana, em Quissanga, Cabo Delgado (Moçambique), dia 6 de abril. Foto: Direitos reservados.
Grupos armados que têm atacado a região de Cabo Delgado (Norte de Moçambique) executaram 52 jovens na província moçambicana de Cabo Delgado, alegadamente por estes se terem oposto a serem recrutados. As vítimas, residentes na aldeia de Xitati, foram “massacradas” e algumas decapitadas no passado dia 8 de abril, mas só agora as autoridades policiais locais deram a conhecer o crime.
“Os jovens que estavam para ser recrutados ofereceram resistência, o que provocou a ira dos malfeitores que indiscriminadamente balearam mortalmente 52 jovens”, explicou o porta-voz do comando-geral da polícia moçambicana, Orlando Modumane, em declarações à agência Lusa.
Segundo Modumane, as autoridades moçambicanas deslocaram-se à aldeia após denúncias da população, mas os insurgentes haviam já abandonado o local. O porta-voz da polícia moçambicana disse ainda que as Forças de Defesa e Segurança reforçaram as operações nos pontos mais críticos da província.
No final de março, as vilas de Mocímboa da Praia e Quissanga, na mesma região, tinham já sido invadidas por um grupo que destruiu várias infraestruturas e içou a bandeira do Estado Islâmico num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.
Na ocasião, num vídeo que circulou na Internet, um alegado militante jihadista justificou os ataques de grupos armados no norte de Moçambique com o objetivo de impor uma lei islâmica na região. E chegaram a aparecer fotos em que vários homens armados e encapuçados empunham uma bandeira do Daesh, o auto-proclamado Estado Islâmico.

Ataque de grupos armados, que se reivindicam do Daesh, na província de Cabo Delgado (Moçambique), dia 6 de Abril de 2020. Foto: Direitos reservados.
Também em Cabo Delgado, está desaparecido desde o dia 7 de abril o jornalista Ibraimo Abú Mbaruco, colaborador da Rádio Comunitária local. Numa mensagem que o próprio enviou a alguns colegas nessa noite, avisou que estava “cercado por militares”. A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) já pediu o esclarecimento do caso.
“Tememos que este jornalista sofra o mesmo destino que alguns dos seus colegas detidos recentemente em segredo durante longos meses por cobrirem a violência que abala o norte de Moçambique”, alertou a ONG em comunicado, referindo-se a Amade Abubacar e Germano Adriano, detidos e maltratados pelas autoridades durante quatro meses. Estes jornalistas foram acusados de violação de segredos de Estado e incitamento à desordem, num caso contestado pelas Nações Unidas e outras organizações internacionais.
A violência armada e indiscriminada contra populações, escolas, missões católicas ou postos policiais tem assolado a província de Cabo Delgado e tem estado a crescer nos últimos meses, conforme o 7MARGENS já noticiou várias vezes. Na semana passada, soube-se da notícia de um outro ataque que, na Semana Santa, tinha destruído a missão católica de Nangololo.
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