Grupo armado matou 52 jovens em Moçambique

| 23 Abr 20

Ataque de grupos armados, que se reivindicam do Daesh, em Quissanga, Cabo Delgado (Moçambique). Ataque de grupos armados, que se reivindicam do Daesh, no comando distrital da polícia moçambicana, em Quissanga, Cabo Delgado (Moçambique), dia 6 de abril. Foto: Direitos reservados.

 

Grupos armados que têm atacado a região de Cabo Delgado (Norte de Moçambique) executaram 52 jovens na província moçambicana de Cabo Delgado, alegadamente por estes se terem oposto a serem recrutados. As vítimas, residentes na aldeia de Xitati, foram “massacradas” e algumas decapitadas no passado dia 8 de abril, mas só agora as autoridades policiais locais deram a conhecer o crime.

“Os jovens que estavam para ser recrutados ofereceram resistência, o que provocou a ira dos malfeitores que indiscriminadamente balearam mortalmente 52 jovens”, explicou o porta-voz do comando-geral da polícia moçambicana, Orlando Modumane, em declarações à agência Lusa.

Segundo Modumane, as autoridades moçambicanas deslocaram-se à aldeia após denúncias da população, mas os insurgentes haviam já abandonado o local. O porta-voz da polícia moçambicana disse ainda que as Forças de Defesa e Segurança reforçaram as operações nos pontos mais críticos da província.

No final de março, as vilas de Mocímboa da Praia e Quissanga, na mesma região, tinham já sido invadidas por um grupo que destruiu várias infraestruturas e içou a bandeira do Estado Islâmico num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

Na ocasião, num vídeo que circulou na Internet, um alegado militante jihadista justificou os ataques de grupos armados no norte de Moçambique com o objetivo de impor uma lei islâmica na região. E chegaram a aparecer fotos em que vários homens armados e encapuçados empunham uma bandeira do Daesh, o auto-proclamado Estado Islâmico.

Ataque de grupos armados, que se reivindicam do Daesh, na província de Cabo Delgado (Moçambique).

Ataque de grupos armados, que se reivindicam do Daesh, na província de Cabo Delgado (Moçambique), dia 6 de Abril de 2020. Foto: Direitos reservados.

 

Também em Cabo Delgado, está desaparecido desde o dia 7 de abril o jornalista Ibraimo Abú Mbaruco, colaborador da Rádio Comunitária local. Numa mensagem que o próprio enviou a alguns colegas nessa noite, avisou que estava “cercado por militares”. A organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) já pediu o esclarecimento do caso.

“Tememos que este jornalista sofra o mesmo destino que alguns dos seus colegas detidos recentemente em segredo durante longos meses por cobrirem a violência que abala o norte de Moçambique”, alertou a ONG em comunicado, referindo-se a Amade Abubacar e Germano Adriano, detidos e maltratados pelas autoridades durante quatro meses. Estes jornalistas foram acusados de violação de segredos de Estado e incitamento à desordem, num caso contestado pelas Nações Unidas e outras organizações internacionais.

A violência armada e indiscriminada contra populações, escolas, missões católicas ou postos policiais tem assolado a província de Cabo Delgado e tem estado a crescer nos últimos meses, conforme o 7MARGENS já noticiou várias vezes. Na semana passada, soube-se da notícia de um outro ataque que, na Semana Santa, tinha destruído a missão católica de Nangololo.

 

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