
Apresentação do Grupo Vita, no final de Abril, com o presidente da Conferência Episcopal, José Ornelas: 23 novas denúncias chegarão aos bispos por estes dias. Foto © António Marujo/7MARGENS.
O Grupo Vita, criado pela hierarquia católica para receber queixas de abusos sexuais, mas com autonomia de funcionamento, irá enviar esta semana, aos bispos e responsáveis de institutos religiosos os elementos de 23 novas denúncias contra padres acusados de abusos sexuais. São relatos de acontecimentos de há dezenas de anos, mas relativos a padres que estão “todos no ativo e a ser sinalizados”, disse a responsável do Vita, Rute Agulhas, em declarações esta segunda-feira, 26, ao Jornal de Notícias, que avançou com a notícia. (ligação exclusiva para assinantes).
Os relatos, recebidos neste primeiro mês de actividade do Grupo Vita, são originários sobretudo do Norte de Portugal e dizem respeito a padres sobre os quais essas pessoas não tinham feito qualquer queixa e que querem agora que sejam transmitidos às dioceses” e ao Ministério Público. Resultam de “memórias claras” sobre o que aconteceu e que as pessoas querem que os padres “saibam que elas se recordam” e sejam “responsabilizados” por isso, evitando a repetição dos abusos.
Os “sobreviventes”, como a psicóloga prefere designar as vítimas, pediram apoio psicológico, psiquiátrico e social. Para o efeito, o Grupo Vita conta com 78 psicólogos e 12 psiquiatras indicados pela Associação dos Médicos Católicos Portugueses e que irão receber formação específica sobre abusos sexuais. O Grupo Vita, sempre de acordo com o JN, quer também acompanhar o que está a acontecer com os padres “que foram afastados e vão agora voltar ao ativo”. Tendo em conta que “há sempre quem acredite na sua inocência e também quem não acredite, podem ser estigmatizados”, disse ainda.