
Abastecimento mundial de cereais aumentou muito. Foto © PAM
O Programa Alimentar Mundial (PAM) aumentou as suas despesas com alimentação em virtude do conflito na Ucrânia. Segundo Pedro Matos, coordenador de Emergência da organização, o PAM gasta atualmente mais 66 milhões de euros por mês para a ajuda alimentar, devido ao aumento histórico do preço da comida, uma vez que “normalmente compra da Ucrânia metade dos cereais que necessita para alimentar os 115 milhões de pessoas que ajuda todos os dias”. Atualmente, “está a gastar 50% mais na compra de cereais de outras fontes”, afirmou o responsável, em declarações à agência Lusa reproduzidas pela TSF.
Esta situação significa “pagar 66 milhões de euros a mais por mês, que poderiam estar a ser usados para alimentar cinco milhões de pessoas”, sustenta Pedro Matos. A situação, que o português que coordena a entrega de alimentação básica a milhões de pessoas, a maioria das quais crianças, considera “ser dramática”, instalou-se depois de os preços dos alimentos “terem atingido um máximo histórico a nível global em fevereiro, aumentando novamente 12% em março por causa da crise na Ucrânia”.
A prioridade agora, para o PAM, é “a reabertura dos portos ucranianos do Mar Negro, de forma a proteger a produção agrícola e as exportações da Ucrânia, que são essenciais para a segurança alimentar do mundo”, explicou Pedro Matos. “Ao mesmo tempo, não deixamos de trabalhar nos outros 120 países onde estamos e onde vemos a situação piorar desde que o conflito da Ucrânia começou, como no Sudão, onde estamos a tentar conseguir angariar mais fundos para apoiar o aumento das pessoas em risco de fome”, sustentou o responsável do PAM, que se encontra em território sudanês.
Na mesma linha de ideias e preocupações está o Papa Francisco, que na oração do Angelus voltou a apelar a um cessar-fogo na Ucrânia, denunciando uma “escalada cada vez mais perigosa para todos” nesta guerra do preço dos alimentos. “Enquanto a fúria da destruição e da morte perversa e as confrontações se inflamam, alimentando uma escalada cada vez mais perigosa para todos, renovo o apelo aos responsáveis das nações: não levem a humanidade à ruína, por favor. não levem a humanidade à Ruína”, declarou, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação do ‘Regina Coeli’.