Hanau: isto não foi o Capuchinho Vermelho
Efeitos semelhantes podem ter os assassinatos perpetrados na noite de quarta-feira, 19. Cobardemente, o agressor entrou em locais frequentados por imigrantes e foi distribuindo balas e ódio àqueles que estavam presentes. Seguidamente assassinou a sua mãe e acabou pondo termo à sua própria vida.
Como se pode explicar esta situação na Alemanha, um país traumatizado com a sua história? Um país que permitiu um partido racista apoderar-se do Estado para cometer genocídios e conduzi-lo a uma guerra em que morreram mais de cinco milhões de alemães?
Pouco a pouco, partidos que atacam a liberdade religiosa e de costumes foram vendendo soluções ocas para problemas complexos e intoxicando os mais desiludidos com o veneno do ódio. Convertidos à intolerância, estes ganham uma justificação moral para desvalorizarem a vida daqueles que são diferentes e até a sua própria.
Como disse a Chanceler Angela Merkel, é altura de nos opormos aos que tentam dividir a Alemanha (e a Europa, acrescentaria eu) com toda a nossa força e determinação. Na opinião publicada, nos campos de futebol e, sobretudo, nas urnas de voto.
Rodrigo Oliveira Soares é português a residir e trabalhar em Frankfurt