
Marko Rupnik, Visão do Inferno no painel do altar da Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima. Foto © António Marujo/7Margens
“Indigno” de tal homenagem – foi assim que a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), no Brasil, decidiu revogar o título de doutor honoris causa que tinha atribuído ao padre e artista jesuíta Marko Ivan Rupnik em 30 de novembro último.
A Universidade divulgou um comunicado em que anuncia a medida drástica e rara, fundando-a nos “factos amplamente relatados sobre os acontecimentos que envolvem” Rupnik.
A medida foi tomada pelo Conselho Universitário da PUCPR, em reunião realizada na última segunda-feira.
O grau havia sido atribuído aquela personalidade de projeção mundial, em reconhecimento pelo seu trabalho “criador de obras de arte monumentais e pela sua dedicação na obra de evangelização e do diálogo cultural”.
Dois dias depois da atribuição, eclodiram as notícias sobre os factos relacionados com abusos reiterados de religiosas do Instituto Loyola, nos anos 1980 e nos inícios de 90, primeiro na Eslovénia, de onde Rupnik é natural, e, depois, em Roma onde desenvolveu os seus trabalhos artísticos presentes em praticamente todos os continentes. No Brasil, a fachada do santuário da Senhora Aparecida foi completamente redecorada, nos últimos anos, pela equipa deste artista.
Desde que a divulgação dos casos de abuso começou, Rupnik viu contratos e negociações de trabalhos cancelados, designadamente na diocese de Versailles, em França.
Está também em vias de perder o maior prémio de arte da Eslovénia, que recebeu no início deste século, já que há premiados que não querem figurar na mesma lista do abusador.
Anuncia-se para os próximos dias uma tomada de posição sobre este caso por parte dos responsáveis máximos da Companhia de Jesus, que abriram em dezembro último um endereço eletrónico, para que vítimas e conhecedores de factos relacionados com o comportamento de Rupnik pudessem denunciar.