Três prisões envolvidas

7M revela os confessionários da JMJ que os reclusos vão construir como uma “casa aberta”

| 15 Fev 2023

Confissão, JMJ

O modelo de confessionário da JMJ que foi apresentado no encontro do COL no dia 4: uma opção para traduzir a ideia de uma casa aberta. Foto: Direitos reservados.

 

Será uma “estrutura simples e de pequenas dimensões”, com uma silhueta a remeter para o desenho de uma casa aquela que está proposta para os confessionários que serão utilizados no “Parque do Perdão” da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, que decorrerá entre 1 e 6 de Agosto na capital portuguesa. E que pretende traduzir sobretudo a ideia de uma confissão menos impessoal, já sugerida pelo Papa Francisco.

O desenho, soube o 7MARGENS que aqui o revela em primeira mão, foi mostrado no segundo encontro do Comité Organizador Local (COL), que decorreu no sábado, 4 de Fevereiro, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa. Entre os elementos gráficos do modelo escolhido distinguem-se os símbolos (caminho e terço) e as cores (amarelo e vermelho) oficiais da JMJ de Lisboa, que aparecem na parte exterior da estrutura como um movimento para invocar a experiência de peregrinação.

Tal como aconteceu no Panamá, na última JMJ (Janeiro 2019), também os 150 confessionários da Jornada de Lisboa serão construídos por reclusos dos estabelecimentos prisionais de Coimbra, Paços de Ferreira e Porto. Para o efeito, confirma o gabinete de comunicação do Comité Organizador Local (COL) ao 7MARGENS, foi estabelecido um protocolo de colaboração com a Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.

“Com esta colaboração pretende-se contribuir para a promoção da reinserção social destes reclusos aquando do seu retorno à vida activa, através da sua capacitação profissional, do trabalho e da interacção com a comunidade”, diz o COL. Os reclusos que trabalham em regime aberto na paróquia de Priscos (Braga) não serão, assim, incluídos no grupo dos que construirão os confessionários.

Esta colaboração de reclusos na construção dos confessionários concretiza a ideia lançada pelo então coordenador da Pastoral Penitenciária, padre João Gonçalves, em entrevista à agência Ecclesia, em Fevereiro de 2020, meses antes de morrer, em Dezembro seguinte.

 

20 ainda mantêm divisória

jmj lisboa bandeiras gabinete coordenador geral foto antonio marujo 7M

No “Parque do Perdão” haverá padres de todo o mundo a confessar os jovens que os procurem. Foto © António Marujo/7Margens.

 

A maior parte dos confessionários, que ficarão instalados no Jardim Vasco da Gama, em Belém, não terão nem genuflexório nem grade ou divisória fixa entre penitentes e confessores (este último elemento estará presente em 20 dos 150 confessionários). O que traduz uma nova abordagem na idealização da estrutura, tornando-a menos impessoal, em sintonia com o novo olhar sobre a confissão proposto pelo Papa Francisco, por exemplo num dos seus discursos na viagem à Eslováquia, em Setembro de 2021.

Isso é visível se se comparar o desenho previsto para Lisboa com os que foram utilizados nas JMJ de Madrid (2011) e Rio de Janeiro (2013). No caso da capital portuguesa, os confessionários foram desenhados pela equipa de voluntários que está responsável pelo “Parque do Perdão”, uma das partes em que se divide a “Cidade da Alegria”. O desenho gráfico foi feito pela equipa de voluntários da direcção de comunicação do Comité Organizador Local (COL).

Esta opção pela ausência da divisória “está relacionada com a imagem do sacramento da confissão que a própria estrutura do confessionário traduz de uma casa aberta que acolhe de uma forma muito pessoal e personalizada”, justifica o COL na resposta ao 7MARGENS. Embora não esteja relacionado com a questão – muito menos numa JMJ, em que o espaço da confissão estará ao ar livre –, o desenho foge do confessionário fechado tradicional que, como se soube segunda-feira, foi local de abusos sexuais em 14,3% dos casos registados pela Comissão Independente em Portugal, e apresentados segunda-feira passada, em Lisboa.

“A não existência de divisões, para além de conferir à celebração um carácter mais pessoal e familiar, facilita também a sua utilização, especialmente por pessoas com mobilidade reduzida”, acrescenta o COL.

Haverá, no entanto, 20 dos 150 confessionários que manterão as divisórias. Uma opção decidida entre o COL e o Vaticano, que “pretende garantir o cumprimento do cânone 964 do Código de Direito Canónico que, no parágrafo 2, estabelece que “existam sempre em lugar patente confessionários, munidos de uma grade fixa entre o penitente e o confessor, e que possam utilizar livremente os fiéis que assim o desejem”.

Nesta linha, diz o COL, pretende-se “sobretudo assegurar uma celebração acolhedora para todos, mantendo a possibilidade da celebração com divisória para os jovens que assim o desejem”.

O “Parque do Perdão” funcionará entre os dias 1 a 4 de Agosto, entre as 10h e as 18h, de acordo com a informação dada na reunião do COL, com padres que estarão inscritos para participar na JMJ, disponíveis em diferentes idiomas para acolher os jovens que pretendam fazer a experiência da reconciliação das “feridas” de cada pessoa e do “reencontro com Deus, com o próprio e com os outros”.

 

Os silêncios de Pio XII foram uma escolha – e que custos teve essa opção?

“A Lista do Padre Carreira” debate

Os silêncios de Pio XII foram uma escolha – e que custos teve essa opção? novidade

Os silêncios do Papa Pio XII durante aa Segunda Guerra Mundial “foram uma escolha”. E não apenas no que se refere ao extermínio dos judeus: “Ele também não teve discursos críticos sobre a Polónia”, um “país católico que estava a ser dividido pelos alemães, exactamente por estar convencido de que uma tomada de posição pública teria aniquilado a Santa Sé”. A afirmação é do historiador Andrea Riccardi, e surge no contexto da reportagem A Lista do Padre Carreira, que será exibida nesta quarta-feira, 31 de Maio, na TVI, numa parceria entre a estação televisiva e o 7MARGENS.

Apoie o 7MARGENS e desconte o seu donativo no IRS ou no IRC

Breves

 

JMJ realizou em 2022 metade das receitas que tinha orçamentado

A Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 obteve no ano passado rendimentos de 4,798 milhões de euros (menos de metade do previsto no seu orçamento) e gastos de 1,083 milhões, do que resultaram 3,714 milhões (que comparam com os 7,758 milhões de resultados orçamentados). A Fundação dispunha, assim, a 31 de dezembro de 2022, de 4,391 milhões de euros de resultados acumulados em três anos de existência.

Debate em Lisboa

Uma conversa JMJ “conectada à vida”

Com o objectivo de “incentivar a reflexão da juventude” sobre “várias problemáticas da actualidade, o Luiza Andaluz Centro de Conhecimento (LA-CC), de Lisboa, promove a terceira sessão das Conversas JMJ, intitulada “Apressadamente conectadas à vida”.

“É o fim da prisão perpétua para os inimputáveis”, e da greve de fome para Ezequiel

Revisão da lei aprovada

“É o fim da prisão perpétua para os inimputáveis”, e da greve de fome para Ezequiel novidade

Há uma nova luz ao fundo da prisão para Ezequiel Ribeiro – que esteve durante 21 dias em greve de fome como protesto pelos seus já 37 anos de detenção – e também para os restantes 203 inimputáveis que, tal como ele, têm visto ser-lhes prolongado o internamento em estabelecimentos prisionais mesmo depois de terminado o cumprimento das penas a que haviam sido condenados. A revisão da lei da saúde mental, aprovada na passada sexta-feira, 26 de maio, põe fim ao que, na prática, resultava em situações de prisão perpétua.

Especialistas mundiais reunidos em Lisboa para debater “violência em nome de Deus”

30 e 31 de maio

Especialistas mundiais reunidos em Lisboa para debater “violência em nome de Deus” novidade

A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) acolhe esta terça e quarta-feira, 30 e 31 de maio, o simpósio “Violence in the Name of God: From Apocalyptic Expectations to Violence” (em português, “Violência em Nome de Deus: Das Expectativas Apocalípticas à Violência”), no qual participam alguns dos maiores especialistas mundiais em literatura apocalíptica, história da religião e teologia para discutir a ligação entre as teorias do fim do mundo e a crescente violência alavancada por crenças religiosas.

Agenda

There are no upcoming events.

Fale connosco

Autores

 

Pin It on Pinterest

Share This