
Igreja Anglicana está preocupada com o impacto da sua história no envolvimento com o comércio de escravos. Foto © Caitlin Hobbs, 7 Junho 2020
A Igreja Anglicana emitirá esta semana diretrizes suscetíveis de levar à remoção, alteração ou realocação de obras de arte com referências históricas à escravatura ou ao colonialismo, presentes nas suas 12.5000 paróquias e 42 catedrais.
O exame de cada caso será feito a nível local, mas a orientação dada é que a análise daquilo que é considerado “património contestado” não pode ser ignorada. As alterações poderão passar por simples alteração das placas explicativas, realçando elementos contextuais, mas pode ir até à remoção.
A orientação a ser emitida esta semana incentiva as 12.500 paróquias e 42 catedrais a Igreja de Inglaterra (Comunhão Anglicana) a examinar os edifícios e terrenos em busca de evidências de património contestado e a consultar as comunidades locais sobre as medidas a serem tomadas.
Segundo o jornal The Guardian, que dá a notícia, esta medida surgiu depois de o arcebispo de Cantuária, Justin Welby, ter solicitado uma revisão do património construído, na sequência de protestos do movimento Black Lives Matter (As Vidas dos Negros Contam), no verão passado, e do derrube de uma estátua de um comerciante de escravos em Bristol.
Um grupo de trabalho nomeado pelos arcebispos de York e Cantuária concluiu, em maio último, que a Igreja Anglicana deveria dar passos consistentes para lidar com o legado do seu envolvimento no comércio de escravos.
Pensa-se que a aplicação da diretiva suscitará polémica, tanto entre os que entendem que todos os vestígios do passado colonial devem ser eliminados como os que acham que não se pode eliminar a memória que é parte da história da nação.