
Cruz do Caminho Sinodal de Alemão na sessão de abertura do mesmo, na catedral de Frankfurt, em 30 Janeiro 2020. Face aos números “alarmantes” o bispo Georg Bätzing defende que a mudança deve continuar. Foto © Synodaler Weg.
Os dados acabam de ser divulgados pela Conferência Episcopal Alemã e foram considerados “chocantes”: mais de meio milhão de batizados pela Igreja Católica naquele país ((522.821 pessoas) declararam em 2022 já não pertencer à instituição . Se a esse número forem somadas as mortes registadas durante o mesmo ano, a perda de católicos corresponde a um total de 708 mil pessoas, segundo estatísticas oficiais da Igreja.
Paralelamente, durante o ano passado, o número de batismos na Alemanha ficou-se pelos 155.173 e o número de “novos inscritos” foi de apenas 1.447.
O recorde negativo é histórico, mas a tendência já havia sido iniciada em anos anteriores. Em 2021, saíram 359.338 pessoas e, em 2020, haviam sido mais de 270 mil as desistências — em ambos os casos, números recorde à época.
De acordo com as estatísticas da Igreja para 2022, pouco menos de 21 milhões de pessoas na Alemanha eram oficialmente católicas. Com uma população residente de 84,4 milhões, este número já não ultrapassa os 25%.
Vários bispos do país ficaram “consternados” com os mais recentes dados, assinala a Catholic News Agency alemã. “Os números são surpreendentemente altos”, afirmou o bispo Stefan Oster. “Notamos que somos cada vez menos capazes de mostrar e dar o exemplo de que a Igreja – apesar de tudo – é um lugar onde se encontra o sentido da vida e onde realmente está a salvação.”
O presidente da Conferência Episcopal Alemã, Georg Bätzing , referiu por seu lado que os números “alarmantes” mostram que a “mudança cultural” deve continuar. “Estamos a mudar as estruturas para que possa crescer uma nova cultura que promova a transparência, permita a participação e se destine a prevenir abusos de qualquer tipo”, assegurou, acrescentando que também é importante “que as resoluções do caminho sinodal sejam implementadas e cheias de vida”.
De acordo com um estudo da diocese de Osnabrück, as pessoas mais velhas citam o modo como a Igreja lida com a crise dos abusos como o motivo do seu abandono. No caso dos mais jovens, o pagamento do imposto associado à pertença à Igreja é o motivo decisivo para a desistência.
Um estudo realizado pelo Instituto Económico Alemão (IW) havia já avançado em abril deste ano que as Igrejas Católica e Evangélica tinham perdido, ao todo, em 2022, 1,3 milhões de fiéis, alertando para o facto de ambas as instituições estarem em risco de enfrentar problemas financeiros em breve [ver 7MARGENS]. Recorde-se que há um imposto religioso pago por todos os contribuintes alemães registados como pertencendo a uma das duas Igrejas, equivalendo a 9% dos seus impostos sobre os rendimentos de trabalho.