
Tanque de água tratada na Central Nuclear de Fukushima. Foto © 資源エネルギー庁, via Wikimedia Commons.
A Comissão para o Meio Ambiente e Ecologia e a Comissão de Justiça e Paz da Conferência Episcopal Católica da Coreia do Sul, juntamente com 42 outras organizações diocesanas de todo o país, reafirmaram a sua “firme oposição” à escolha do governo japonês de despejar mais de um milhão de toneladas de água radioativa no Oceano Pacífico – processo iniciado na passada quinta-feira, 24 de agosto.
Já em 2021, os bispos coreanos e japoneses haviam publicado uma declaração conjunta na qual se manifestavam contra as descargas de água da central de Fukushima no mar.
Com base nas convicções de alguns cientistas e académicos, os grupos católicos rejeitam a afirmação do governo japonês segundo a qual “a contaminação causada pelo despejo radioativo é segura”, refere o Vatican News.
O novo comunicado das organizações católicas cita um documento intitulado “Relatório de Análise sobre a Contaminação Radioativa de Produtos Agrícolas e Pecuários Japoneses”, divulgado pelo Centro de Monitorização de Radiação Cidadã e pela Federação Coreana para Movimentos Ambientais em abril de 2023. De acordo com esse relatório, foi encontrada uma ampla gama de contaminações radioativas em produtos alimentares: 5,3% de produtos marinhos, 21,1% de produtos agrícolas e 2,6% de produtos de origem animal. Estes dados, afirma o comunicado, levam à adoção de um princípio de prudência e cautela para com a saúde humana e para com o ecossistema.
Também a Cáritas Filipinas condenou a decisão do governo japonês, considerando que os despejos prejudicarão a natureza e a população. “A decisão é uma aposta imprudente em relação à saúde e bem-estar das pessoas e do meio ambiente”, afirmou o bispo José Colin Bagaforo, presidente daquela instituição. “Apelamos ao governo japonês para que reconsidere a sua decisão e encontre uma forma segura e responsável de eliminar a água contaminada”, acrescentou o responsável, citado pelo jornal Manila Times.
Na capital sul-coreana, Seul – cidade que acolherá a Jornada Mundial da Juventude em 2027 -, dezenas de milhares de pessoas têm protestado contra as descargas de água no Pacífico. Só na tarde de sábado, 26, foram cerca de 50 mil pessoas nas ruas, mostra a agência Reuters. Os manifestantes condenam a atitude “irresponsável” do Governo sul-coreano, que deixou o Japão “fazer o que quisesse”, falam de um crime contra a humanidade e defendem que o Japão deve ser processado perante o Tribunal Internacional para o Direito do Mar.
O Japão assegurou este domingo, 27, que a radioatividade detectada em testes à água do mar em redor da central nuclear de Fukushima está abaixo dos limites permitidos pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que aprovou e tem estado a supervisionar todo o processo.