
Católicos à saída da missa em São Lourenço dos Órgãos, na ilha de Santiago. Início das comemorações dos 500 anos da diocese de Santiago foi dia 29 de janeiro. Foto © Tony Neves
“Alegrai-vos! O Senhor fez maravilhas em favor do Seu povo” – é este o título de uma carta pastoral com que os bispos católicos de Cabo Verde acabam de convocar todos os católicos do arquipélago e da diáspora para o decénio das celebrações jubilares dos 500 anos da Diocese de Santiago.
Essas celebrações tiveram início este domingo, 29, com uma missa campal e solene, e prolongar-se-ão até 31 de janeiro de 2033. Foi de facto neste dia e mês de 1533 que o Papa Clemente VII assinou a bula Pro Excellenti Praeeminentia, retirando Santiago de Cabo Verde da dependência da diocese do Funchal, que havia sido criada menos de duas décadas antes, em 1514.
Segundo notícia do Vatican News, portal de notícias do Vaticano, para além das ilhas de Cabo Verde, a diocese então criada abrangia um vasto território que hoje corresponde total ou parcialmente ao Senegal, Gambia, Guiné-Bissau, Guiné Conacri, Serra Leoa, Libéria, Mali e Burquina-Faso.
Por isso, a carta pastoral refere que a diocese de Santiago foi a primeira Igreja local da África Ocidental a sul do Sara, a primeira a que pertenceram ao mesmo tempo “brancos e negros, escravocratas e escravos, missionários, todos tendo um só Deus”. “Uma Igreja que para além do anúncio da Palavra, ocupou-se também da promoção da educação e da saúde”, observa o documento.
A criação dessa diocese, segundo a mesma fonte, era “a confirmação na fé em Jesus Cristo das primeiras comunidades cristãs do arquipélago”, 71 anos após o anúncio do Evangelho, iniciado com o povoamento das ilhas em 1462. Continuou como diocese única de Cabo Verde até há 20 anos, quando foi criada a diocese do Mindelo. O Jubileu, em 2033, será também o 30º aniversário da criação desta última diocese.
Os dez anos de celebração têm por objetivo “contribuir para o fortalecimento de uma Igreja de discípulos missionários que conhece, assume e vive com gratidão e paixão a sua história, projetando um futuro de esperança”.
As celebrações decorrerão em três fases. A primeira debruça-se sobre o percurso histórico da diocese, das origens até ao presente, sendo as celebrações centrais, ao longo deste ano, em Ribeira Grande de Santiago (Cidade Velha); em 2024 serão nas Américas e, em 2025, na Europa; a segunda fase irá até 2028, centrada nos desafios da Igreja de hoje; a terceira irá até 2031, incidindo sobre o futuro da Igreja no terceiro milénio. O ano seguinte será de “intensa preparação” para o grande jubileu, em 2033.
A carta pastoral dá ainda a conhecer o desejo dos dois bispos cabo-verdianos de vir a promover, com a dinâmica da evocação dos 500 anos, a criação de uma Escola Universitária Católica.