Após divulgação de estudo independente

Igreja Católica em Inglaterra faz “pedido de desculpas sem reservas” às vítimas de abusos

| 21 Out 2022

silhueta de padre em confessionario foto Banks Photos

Repetidamente, aponta o estudo, aqueles que tinham conhecimento sobre os abusos optaram por permanecer em silêncio. Tal aconteceu, refere o relatório, tanto na Igreja Católica quanto na Anglicana. Foto © Banks Photos.

 

Depois de sete anos de trabalho, a equipa responsável pelo Inquérito Independente sobre Abuso Sexual Infantil na Inglaterra e País de Gales (IICSA, na sigla britânica) publicou esta quinta-feira, 21 de outubro, o seu relatório final, concluindo que o abuso sexual infantil é “uma epidemia” nestes países, e está a piorar. A conferência episcopal da Igreja Católica reagiu no próprio dia com um comunicado, onde apresentou “um pedido de desculpas sem reservas” a todos aqueles que foram vítimas deste crime no seu âmbito de atuação.

“A natureza e a escala do abuso que encontrámos foi chocante e profundamente perturbadora”, afirmou aos jornalistas a investigadora que liderou o estudo, Alexis Jay, especialista em assistência social. “Esta não é apenas uma aberração histórica que aconteceu há décadas, é um problema cada vez maior e uma epidemia nacional”. “O testemunho das vítimas”, continuou, foi “quase insuportável” de testemunhar. As histórias descobertas foram de uma “crueldade, desonestidade e negligência sem limites”.

De acordo com o relatório, que teve por base uma investigação iniciada em 2015 e custou mais de 200 milhões de euros, as instituições e políticos britânicos têm vindo a “dar prioridade às suas reputações, em detrimento do bem-estar das crianças e jovens”, e “atos horríveis” foram escondidos ao longo de décadas, numa altura em que as medidas de proteção em vigor eram totalmente inadequadas.

Repetidamente, aponta o estudo, aqueles que tinham conhecimento sobre os abusos optaram por permanecer em silêncio. Tal aconteceu, refere o relatório, tanto na Igreja Católica quanto na Anglicana, onde “figuras importantes optaram por proteger os abusadores, permitindo que eles mudassem de posição em vez de serem expostos”.

No comunicado assinado pelo Conselho Católico para o IISCSA (criado pela conferência episcopal em 2015 para acompanhar e dar apoio ao estudo), é reiterado o arrependimento da Igreja sobre graves falhas e o compromisso de tornar-se um lugar seguro para crianças e pessoas vulneráveis ​​no presente e no futuro.

“É importante para nós apresentar novamente um pedido de desculpas sem reservas a todos aqueles que foram feridos por abuso na Igreja Católica Romana em Inglaterra e no País de Gales e reafirmar o nosso compromisso com a melhoria contínua do nosso trabalho de salvaguarda para proteger todas as crianças e os vulneráveis”, pode ler-se na nota.

 

Situação está a piorar

IICSA logotipo foto retirada da pagina de Facebook

O estudo termina com a recomendação de inúmeras medidas a implementar, apelando nomeadamente à adoção de uma lei que criminalize a não denúncia do abuso sexual infantil. Foto © IICSA.

 

A investigação revelou que, entre 1970 e 2015, a Igreja Católica recebeu mais de 3.000 queixas contra mais de 900 indivíduos ligados à instituição. No mesmo período, houve 177 processos e 133 condenações. “Desde 2016, houve mais de 100 denúncias de abuso sexual infantil recente e não recente todos os anos. A verdadeira escala de abuso ao longo de um período de 50 anos provavelmente será muito maior”, afirma o estudo.

O relatório acrescenta ainda que, “embora tenha havido algumas melhorias nos atuais processos de salvaguarda, auditorias mais recentes identificaram deficiências. A cultura e as atitudes da Igreja Católica Romana têm resistido à mudança”.

O estudo termina com a recomendação de inúmeras medidas a implementar, apelando nomeadamente à adoção de uma lei que criminalize a não denúncia do abuso sexual infantil. E deixa o alerta de que, acima de tudo, as figuras de autoridade em toda a sociedade devem ser persuadidas, seja através de novas leis, formação, ou outros métodos, a “não fechar os olhos”. Além de ser necessário resistir à tentação de pensar que os horrores identificados no estudo jazem com segurança no passado… até porque “o enorme aumento recente nos relatos de abuso online sugere que a situação geral está a piorar em vez de melhorar”.

 

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