
Antes de atearam fogo à Igreja de Nossa Senhora da Assunção, no vilarejo de Chan-tha-ywa, “os soldados ultrajaram o local, bebendo e fumando lá dentro”. Foto: Direitos reservados.
A histórica Igreja de Nossa Senhora da Assunção, erguida em 1894 no vilarejo de Chan-tha-ywa, onde vive uma comunidade católica descendente de portugueses, os bayingyis, “foi totalmente incendiada e destruída no dia 14 de janeiro, por soldados da junta militar que governa Myanmar”, noticiou esta quarta-feira, 18, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
Antes de atearam fogo, “os soldados ultrajaram o local, bebendo e fumando lá dentro” refere o Vatican News, que acrescenta: “Na região, convivem há séculos, em harmonia, os católicos e budistas. No ano passado, a aldeia foi atacada quatro vezes pelas milícias, sem nenhum anterior confronto ou provocação” que justificasse tais ataques. Como o 7MARGENS noticiou, parte do armamento das tropas da junta militar é produzido com componentes fornecidas por países europeus.
Joaquim Magalhães de Castro, diretor-geral para a região Ásia Pacífico da Associação Internacional de Lusodescendentes, lamentou, em conversa telefónica com a Fundação AIS, o “ato bábaro” bem como “o silêncio” das autoridades portuguesas: “Aqui, em Portugal, continua o silêncio, apesar de todos os ataques, das destruições das colheitas e das casas. Portugal continua a ignorar e, mais grave ainda, continua a não reconhecer a existência desta comunidade, apesar de historicamente isso estar mais do que comprovado.”
Face à gravidade da situação, Joaquim Castro garantiu que a associação iria fazer todos os possíveis para “levar o assunto ao Parlamento” e avaliar como proteger os católicos bayingyis, os quais são descendentes de combatentes portugueses que entre os séculos XVI e XVII estiveram ao serviço dos monarcas birmaneses.