
Comissão britânica diz ser necessário “garantir que todos os relacionamentos amorosos são valorizados”, além de “dar a cada criança o melhor começo de vida e combater a discriminação social”. Foto © Tyler Nix / Unsplash.
“A qualidade das relações familiares é bem mais importante do que a forma que uma família assume”, lê-se no texto “O Amor Importa” (“Love Matters”) adotado pela Comissão para as Famílias e Lares dos Arcebispos de Cantuária e York e tornado público esta quarta-feira, 26 de abril.
O relatório, além de cinco recomendações principais – dirigidas ao Governo, às instituições relacionadas com a família, à própria Igreja de Inglaterra (Anglicana) e a todas as pessoas – contém uma extensa recolha de testemunhos, relatos de situações, dados estatísticos e reflexão teológica que se desenvolve ao longo de 240 páginas divididas em dez capítulos: Uma história de esperança, oportunidade e amor; Compreender a ‘família’, compreender o crescimento; Celebrar a diversidade na vida familiar; Promover relacionamentos amorosos e promover a estabilidade; Quando o amor não é suficiente; Toda a criança importa; Aprender e ouvir; Viver no nosso tempo; Criar uma sociedade mais carinhosa, mais justa e mais misericordiosa; Reimaginar o Futuro.
Ao longo do relatório, 12 peritos debatem e atualizam os conceitos de família, lar e pertença com o objetivo de “entender em profundidade os fatores que criam barreiras ao desenvolvimento humano e aumentam a incerteza, as desvantagens e a desigualdade” e, em segundo lugar, “promover os fatores que podem melhorar o bem-estar do indivíduo e da família e dar a todos uma esperança renovada num futuro brilhante”.
Valorizar todos os relacionamentos amorosos
Nas suas recomendações para “apoiar e fortalecer a vida familiar”, a Comissão solicita à Igreja de Inglaterra e ao Governo que coloquem a ‘família’ no centro do seu pensamento e ação e convida todos os cidadãos – sejam casados, solteiros ou vivam como parceiros – a que se comprometam em relacionamentos de todos os tipos que conduzam ao crescimento harmonioso pessoal e do outro.
“Valorizar as famílias em toda a sua diversidade, satisfazendo as suas necessidades básicas, colocando o seu bem-estar no centro da formulação das políticas governamentais e da nossa vida comunitária, incluindo as comunidades religiosas” é a primeira dessas recomendações, seguida de: “Apoiar os relacionamentos ao longo da vida, garantindo que todos sejam capazes de desenvolver e manter relacionamentos amorosos e afetuosos, administrar bem os conflitos e promover o desenvolvimento equilibrado das pessoas e das famílias”.
A Comissão recomenda ainda que é preciso comprometer todas as instituições e cidadãos para: “respeitar a condição dos solteiros e a das famílias de pessoas solteiras, reconhecendo que os relacionamentos amorosos são importantes para todos”; “capacitar as crianças e os jovens, desenvolvendo as suas aptidões e conhecimentos relacionais, reconhecendo o seu valor, protegendo-os de quaisquer danos e dando-lhes o melhor início de vida possível”; e “construir uma sociedade mais carinhosa, mais justa e mais misericordiosa, capaz de remover a discriminação, a divisão e as desigualdades profundas para bem de cada família e de cada lar”.
Na notícia do Church Times sobre o relatório, assinada por Hattie Williams, a jornalista refere que estas recomendações implicam ações concretas para “maximizar o efeito protetor da família”; “garantir que todos os relacionamentos amorosos são valorizados”; além de “dar a cada criança o melhor começo de vida e combater a discriminação social”.
A Comissão foi constituída em 2019, em simultâneo com outras duas – uma sobre a “habitação”, outra sobre “cuidar e apoiar” – que já apresentaram o seus relatórios e propostas. Ao endossarem as recomendações agora feitas, os arcebispos de Cantuária e de York escrevem: “’Love Matters‘ constitui um poderoso apelo à ação de todos nós: colocar as famílias em primeiro lugar – colocar as esperanças, necessidades, prioridades e aspirações das famílias no centro. O Governo deve estar mais atento às necessidades materiais e relacionais das famílias e dos agregados familiares. A Igreja de Inglaterra deve liderar pelo exemplo, testemunhar o amor de Deus, buscar o bem comum, prover um lugar de segurança e de acolhimento caloroso para todos. Como indivíduos, casados, solteiros, em casal ou vivendo em qualquer outra forma de família, somos chamados a comprometer-nos com relacionamentos de todos os géneros que nos constroem uns aos outros.”