
Ilustração de Hermes Mangialardo para o “vídeo do Papa” sobre o tema dos abusos sexuais na Igreja Católica.
O Papa Francisco diz que “a Igreja não pode tentar esconder a tragédia dos abusos, quaisquer que sejam” e acrescenta que “pedir perdão é necessário, mas não é suficiente”, evocando as vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica.
A afirmação é feita na edição de Março de O Vídeo do Papa, uma curta intervenção temática de menos de dois minutos difundida através das plataformas digitais com o objectivo de divulgar uma intenção do Papa para a oração durante cada mês.
Por coincidência, o vídeo é difundido precisamente na véspera de a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) decidir as medidas a tomar na sequência do relatório da Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica em Portugal. Mas, de acordo com fontes contactadas pelo 7MARGENS, não haverá qualquer relação entre a data de publicação do vídeo – decidida com vários meses de antecedência – e a do relatório português e a reunião dos bispos.
No vídeo, o Papa afirma que o problema não deve ser escondido, e que o papel da Igreja Católica é “ser um exemplo para ajudar” os abusos, “tornando-os conhecidos na sociedade e nas famílias”.
Referindo-se especificamente às vítimas, diz Francisco: “Rezemos pelos que sofrem por causa do mal cometido pelos membros da comunidade eclesial: para que encontrem na própria Igreja uma resposta concreta às suas dores e aos seus sofrimentos.”
“Pedir perdão é bom para as vítimas, porque são elas que devem estar ‘no centro’ de tudo”, acrescenta o Papa. No caso da Igreja, “pedir perdão é necessário, mas não é suficiente”. E, de novo sobre as vítimas: “A sua dor, os seus danos psicológicos podem começar a cicatrizar se encontrarem respostas, acções concretas para reparar os horrores que sofreram e evitar que se repitam.”
O apoio psicológico ou psiquiátrico às vítimas e as acções concretas a tomar neste campo é, precisamente, um dos temas que tem estado em debate a propósito do relatório da Comissão. A Igreja Católica, diz o Papa, tem de “oferecer espaços seguros para ouvir as vítimas, acompanhá-las psicologicamente e protegê-las”.
O vídeo, realizado pela Rede Mundial de Oração do Papa, conta com a participação do artista italiano Hermes Mangialardo. “É uma história com um forte conteúdo simbólico, brincando com a comparação entre a luz e as trevas, que fala da singularidade de cada vida e do profundo sofrimento causado pela violência. Nas paredes de uma casa escura, onde cortinas afastam o sol, há pinturas retratando flores, que murcham justamente por causa da falta de luz”, lê-se numa nota enviada ao 7MARGENS, a propósito da animação criada por Mangialardo.
(O vídeo pode ser visto a seguir:)