Recusando influência de Cirilo

Igreja Ortodoxa da Moldávia em processo de afastamento de Moscovo

| 20 Set 2023

Metropolita PETRU, Arcebispo de Chisinau, Metropolita da Bessarábia (à direita), na um protocolo de cooperação com o Departamento de Relações Externas da República da Moldávia , foto mitropolia basarabiei

O fenómeno agudizou-se desde que o Patriarcado Romeno e o Governo da Roménia assinaram um protocolo de cooperação com o Departamento de Relações Externas da República da Moldávia, na presença do metropolita Petru da Bessarábia (à direita). Foto © Mitropolia Basarabiei.

 

Nos últimos meses, tem-se assistido, na República da Moldávia, a um fenómeno de transferência considerada maciça de clero da Igreja Ortodoxa Moldava (IOM), vinculada ao Patriarcado de Moscovo, para a Igreja Metropolitana Ortodoxa autónoma da Bessarábia, canonicamente ligada ao Patriarcado da Roménia.

O fenómeno agudizou-se desde que, em 13 de julho deste ano, o Patriarcado Romeno e o Governo da Roménia assinaram um protocolo de cooperação com o Departamento de Relações Externas da República da Moldávia, na presença do metropolita Petru.

O clero viu-se na situação de ter de corresponder às orientações do patriarca Cirilo, incluindo no que respeita à legitimação da invasão da Ucrânia pela Federação Russa, mas receber o seu salário do orçamento do Estado, com um governo que procura demarcar-se da influência russa e abrir-se ao ocidente.

A isto soma-se o facto de um tribunal de recurso de Chisinau, a capital, ter anulado dois acordos entre o governo moldavo e a IOM, uma decisão que, segundo a oposição pró-russa, poderá ter como consequência “a confiscação dos edifícios monásticos da Igreja e a expulsão dos monges”.

Os acontecimentos parecem apontar para uma estratégia governamental de crescente neutralização dos ortodoxos ligados ao patriarcado de Moscovo, em consonância com um vasto setor político e da opinião pública do país que recusa a influência de Cirilo, devido à sua política face à guerra.

Segundo o blogue Parlons d’Orthodoxie, o partido no poder, ao qual pertence a Presidente da República, Maia Sandu, é defensor de um corte radical entre os ortodoxos moldavos e o patriarcado de Moscovo e está a examinar a possibilidade de transferir o edifício da Academia Teológica de Chisinau para a jurisdição da Igreja Ortodoxa em que superintende o metropolita da Bessarábia. Por outro lado, está previsto que a Universidade da Moldávia retome o ensino da teologia, agora ministrado por académicos dessa disciplina vindos da Roménia.

A oposição pró-russa da Moldávia fez já soar o alarme, propagando a ideia de que a Igreja Ortodoxa Moldava está a ser atacada.

 

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