
O Presidente Biden percorre por estes dias uma etapa pelo Médio Oriente. Foto © Albin Hillert/WCC-CMI.jpeg
Expropriações de bens, deslocações forçadas de famílias e comunidades palestinianas, expansão de colonatos ameaçando a identidade multi-religiosa e multicultural de Jerusalém e minando a possibilidade de uma solução de dois Estados, aumento de discriminação, abuso, vandalismo, fogo posto e crimes contra cristãos, clero e igrejas.
A lista é dramática, mas é aquela que o secretário-geral em exercício do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) define como retrato da situação na Palestina. Ioan Sauca refere-a na carta que enviou ao Presidente dos EUA, Joe Biden, a propósito da visita que este está a fazer ao Médio Oriente até sábado, 16.
Na carta, Sauca escreve, de acordo com o texto divulgado pelo CMI: “A sua visita surge numa altura de expropriação e deslocação contínua e crescente de famílias e comunidades palestinianas das suas casas em Jerusalém Oriental e em toda a Cisjordânia.”
Pedindo a Biden que ouça e responda às vozes das igrejas cristãs na Terra Santa, acrescenta o responsável do CMI: “As Igrejas e comunidades cristãs de Jerusalém têm enfrentado ameaças crescentes à sua futura existência na terra do nascimento de Cristo e no próprio local da sua morte e ressurreição.” E exemplifica: “Nos últimos sete meses, nada menos que sete declarações dos chefes das Igrejas em Jerusalém alertaram para estas ameaças contra a antiga presença cristã na Terra Santa, e contra a identidade viva do Bairro Cristão na Cidade Velha de Jerusalém.”
Sauca refere ainda que a “rica diversidade religiosa e social, o status quo histórico e o património da Cidade Santa de Jerusalém estão em perigo iminente.” Por isso, o responsável do CMI – que reúne 350 igrejas protestantes, reformadas, anglicanas e ortodoxas e representa cerca de 580 milhões de cristãos – apela a todos os “que reconhecem Jerusalém como uma cidade sagrada para os três credos e como uma cidade de dois povos” que falem e ajam no sentido de “assegurar esta visão e esta esperança contra aqueles que procuram deslocar, excluir e marginalizar os outros”.
Sauca pede ainda a Biden que ajude a restaurar a esperança de uma paz justa na região: “Rezo para que se inspire nesta visão de paz inclusiva durante a sua visita e para que lhe seja concedida a sabedoria e a força para procurar e perseguir esta paz.”
Também com o olhar centrado no mesmo destinatário, a Amnistia Internacional (AI) divulgou um comunicado, enviado ao 7MARGENS, onde apela a que o Presidente dos EUA condene as “violações sistemáticas de direitos humanos na região”.
A Amnistia destaca que “a falta de responsabilização do Governo” israelita pelas “graves violações, incluindo crimes de guerra e crimes contra a humanidade, é perpetuada pela política dos EUA”. A Administração Biden e o Congresso dos EUA “devem cessar o fornecimento de armas aos militares israelitas até que seja garantido que esse equipamento não será utilizado para violações graves do direito internacional humanitário e dos direitos humanos, diz a organização de defesa dos diretos humanos.
Sobre a Arábia Saudita, outra das etapas do périplo de Biden, a organização recorda a “intensa repressão sobre activistas, jornalistas independentes e escritores, que tem feito com que tantas pessoas sejam detidas e presas, na sequência de julgamentos grosseiramente injustos”. O Presidente deveria instar as autoridades sauditas a “libertar imediata e incondicionalmente todas as pessoas detidas por exercerem pacificamente os seus direitos humanos, e a levantar todas as proibições arbitrárias de viagem que lhes foram impostas, a si e aos seus familiares”, diz a organização.
Em relação ao Egipto, a AI pede que Biden pressione as autoridades para que libertem “todos aqueles que foram detidos arbitrariamente apenas pelo exercício pacífico dos seus direitos humanos ou por razões de discriminação” e encerrem as “investigações criminais sobre o trabalho das ONG de direitos humanos”.