
Devido à corrupção no país, muitas pessoas vão ver a sua vida ainda mais dificultada com a retirada do apoio dos programas alimentares dos EUA e da ONU. ©EU/ECHO/Anouk Delafortrie
O Conselho Mundial de Igrejas (CMI), a Caritas Internationalis, a ACT Alliance, a Aliança Evangélica Mundial e a Federação Luterana Mundial juntaram-se para protestar contra a decisão da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês), e consequentemente do Programa Alimentar Mundial da ONU de suspenderem o fornecimento de comida à Etiópia.
No mês passado, as organizações anunciaram a “suspensão temporária” do fornecimento com base em denúncias de que os bens alimentares estavam a ser desviados e não estavam a chegar ao povo etíope. agora, estas organizações manifestam-se preocupadas com “o impacto que a decisão de suspender a ajuda alimentar está a ter e terá sobre milhões de pessoas na Etiópia, num contexto tão gravemente afetado por conflitos e ameaçado pela seca”. “Nas últimas semanas, a situação humanitária no país deteriorou-se acentuadamente e continuará a deteriorar-se se não forem tomadas medidas urgentes. As consequências serão inevitavelmente mais fome, sofrimento e morte”, pode ler-se no comunicado a que o 7MARGENS teve acesso.
O Comité Central do CMI defende que, “ao mesmo tempo que investigam as questões preocupantes”, estas organizações possam retomar “urgentemente esta assistência essencial às comunidades etíopes e às pessoas cujas vidas dependem dela”, reafirmando que “as preocupações que foram identificadas relativamente à utilização indevida da ajuda alimentar são graves e merecem uma investigação e correção exaustivas”.
A USAID suspendeu a ajuda alimentar à Etiópia depois de determinar “que uma campanha generalizada e coordenada está a desviar a assistência alimentar do povo da Etiópia” – uma nação onde mais de 20 milhões de pessoas necessitam de apoio alimentar.
Em comunicado, um porta-voz da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) afirmou na altura que a decisão foi tomada “após uma análise de todo o país” e “em coordenação com o Governo da Etiópia”. “Como resultado, tomámos a decisão difícil, mas necessária, de que não podemos avançar com a distribuição de assistência alimentar até que as reformas estejam em vigor”, disse o porta-voz.