“Consagração” em Roma e Fátima

Invasão da Ucrânia: Maria tem devotos dos dois lados da guerra

| 15 Mar 2022

“Oranta” de Kyiv/Kiev, da Catedral de Santa Sofia. Imagem © Saint Sophia Cathedral, Public domain, via Wikimedia Commons.

Ícone da Virgem “Oranta” de Kyiv/Kiev, da Catedral de Santa Sofia. Imagem © Saint Sophia Cathedral, Public domain, via Wikimedia Commons.

 

Indo ao encontro de pedidos de diversos setores, o Papa Francisco vai proceder à “consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria”, anunciou esta terça-feira, 15, o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano.

O ato acontecerá no dia 25 deste mês de março, durante a celebração penitencial que o Papa presidirá na Basílica de São Pedro, em Roma.

Em Fátima, no mesmo dia, realizar-se-á um ato idêntico presido por um enviado especial do Papa, o cardeal polaco Konrad Krajewski, esmoler apostólico, que chegou há dias da Ucrânia, onde esteve em trabalho de solidariedade, por solicitação de Francisco. 

Entretanto, uma réplica da imagem da Virgem Peregrina de Fátima foi ontem enviada para a Ucrânia, em resposta a um pedido do arcebispo metropolita greco-católico de Lviv, segundo anunciara o Santuário e o 7MARGENS noticiara.

A imagem, que permanecerá durante um mês na Ucrânia, partirá de Lisboa para Cracóvia, na Polónia, onde será acolhida e transportada pela comunidade greco-católica na Ucrânia, refere a nota.

Do lado de Moscovo, o recurso a Maria foi também assumido ao mais alto nível, numa demonstração de que a guerra também se faz no plano simbólico. De facto, o Patriarca Cirilo de Moscovo, líder da Igreja Ortodoxa Russa, foi apresentar uma imagem da Virgem Maria ao líder da Guarda Nacional Russa e membro do Conselho Nacional de Segurança, Viktor Zolotov, manifestando esperança numa vitória “rápida” sobre os ucranianos.

“Acreditamos que esta imagem protegerá os militares russos e trará a nossa vitória mais rapidamente”, disse o alto oficial militar ao patriarca, na Igreja do Salvador, na capital russa, onde decorreu o ato, segundo noticia o Il Sismografo.

As igrejas ortodoxas que, maioritariamente, têm criticado a invasão da Ucrânia pelas tropas de Putin, insurgem-se também, ainda que não com o mesmo vigor, contra o apoio explícito dado pelo Patriarca de Moscovo à política de agressão do Kremlin.

Tanto as igrejas ortodoxas como a Igreja greco-católica dedicam grande devoção à figura de Maria, e é assim que ela surge como “apoio” quer do lado do agressor quer do agredido.

Talvez por isso, a “consagração” seja feita relativamente aos dois países, a fim de que pela intercessão da Theotokos (mãe de Deus), se acabe a guerra.

De resto, a data de 25 de março não deixa de ser simbólica: além de ser o dia em que a Igreja Católica evoca o episódio da anunciação do nascimento de Jesus a Maria, foi também nesse dia, em 1984, que o Papa João Paulo II fez a mesma consagração, dessa vez da União Soviética, que englobava a Rússia e a Ucrânia. Menos de um ano depois, Mikhail Gorbatchov era eleito como secretário-geral do Partido Comunista da URSS e poria fim à União Soviética.

A “consagração da Rússia” tem a sua génese num pedido que, contava a vidente Lúcia, Maria teria feito e aparecia ligada ao combate ao comunismo, ainda que a ideia de “consagração” – do “género humano”, por exemplo – venha já do século XIX.

Em Portugal, lançaram-se campanhas maciças de orações do terço “pela conversão da Rússia e pelos povos por ela oprimidos”, nomeadamente depois dos anos 40 do século passado. 

Para a consagração que agora o Papa Francisco decidiu fazer, o contexto é substancialmente diferente, mas a carga política não deixa de estar presente, assim como a tentativa de apropriação do que lhe está subjacente por setores conservadores e mesmo de extrema-direita, como assinalava há dias o historiador da Igreja Daniele Menozzi, na página de Il Messaggero na internet.

“O discurso é mais complexo, mas por baixo da consagração há uma persistente visão religiosa que a vê como remédio para o castigo enviado por Deus aos homens pelo seu afastamento da Igreja: é o pecado da modernidade que este tipo de piedade é chamado a resgatar”, observa o historiador.

 

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