
Um culto da IURD em Angola: O processo evoluiu no sentido da rutura da “ala angolana” da Igreja relativamente à dos missionários brasileiros que lá trabalhavam e que controlavam a estrutura. Foto: Direitos reservados.
Começaram a regressar ao Brasil os 112 missionários da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) que receberam, em abril, ordem de expulsão das autoridades angolanas.
O Governo de Luanda invocou a caducidade de vistos de permanência no país, que lhes tinham sido concedidos para atividade religiosa em Angola, o que deixou os religiosos em “situação migratória irregular”, refere uma notícia da Voice of America (VoA) em língua portuguesa.
O problema que está por detrás da medida drástica parece, no entanto, ser mais antigo e mais complexo. Segundo a VoA, em novembro de 2019 eclodiu um conflito interno na IURD de Angola, quando a direção da Igreja, de origem brasileira, foi acusada por fiéis angolanos de evasão de divisas, atos de racismo e prática obrigatória de vasectomia. Sucederam-se vários processos em tribunais angolanos que envolveram a IURD e de que terá resultado a acusação de quatro missionários de crime de branqueamento de capitais e associação criminosa.
Sobre os atos de racismo, angolanos membros da IURD que vivem no Brasil, e especialmente em São Paulo, têm denunciado também ameaças de cunho racista de que foram vítimas naquela Igreja, invocando como motivo o que se estava a passar na IURD Angola.
O processo evoluiu no sentido da rutura da “ala angolana” da IURD relativamente à dos missionários brasileiros que lá trabalhavam e que controlavam a estrutura. Uma nova direção, encabeçada pelo bispo angolano Valente Bezerra, foi eleita em assembleia geral realizada em fevereiro e reconhecida pelo Estado angolano. A nova direção da IURD oficiou às autoridades que os 112 missionários brasileiros (entre os quais 55 casais) tinham terminado a atividade eclesiástica que os tinha feito ir do Brasil.
Um jurista e um diplomata citados na notícia manifestam compreensão pela decisão de expulsão dos religiosos, nos termos em que ela foi fundamentada. Porém, o responsável máximo da IURD no Brasil, o bispo Edir Macedo, considerou, na última quarta-feira, 12, os missionários deportados como “heróis da fé”. E responsáveis daquela Igreja acusaram Angola de “uma tentativa clara de tirar a Igreja do território angolano”.