
Encontro internacional de preparação para a JMJ Lisboa 2023: espera-se que, para lá das polémicas, o evento redunde num grande êxito. Foto © JMJ Lisboa 2023/N.Moreira
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) é considerada uma das maiores iniciativas da Igreja Católica. Os seus organizadores esperam reunir em Lisboa mais de um milhão de jovens do mundo inteiro, na semana de 1 a 6 de agosto deste ano. Esta Jornada é aberta a todos os jovens, com idades compreendidas entre os 14 e os 30 anos de idade. O lema para este encontro foi retirado do Evangelho de S. Lucas: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc. 1,39).
Como se sabe pelos meios da comunicação social, desde há algum tempo a esta parte, não têm faltado polémicas à volta da sua realização, devidas sobretudo aos gastos sumptuosos que estavam para acontecer com dois dos altares. A discussão visou ainda o orçamento total desta realização, que poderá importar em 160 milhões de euros, pagos sobretudo pela Administração central e pelas Câmaras de Lisboa, Odivelas e Loures. Para se enfrentar estas despesas, juntar-se-ão as inscrições e subsídios anónimos e o contributo dos patrocinadores, cujos montantes, como está acordado, não serão divulgados. O que é pena.
O bispo responsável por esta iniciativa papal, D. Américo Aguiar, auxiliar da diocese de Lisboa, numa entrevista, repetindo uma vontade do Papa Francisco, informou que a JMJ se destina a todos os jovens, com ou sem religião. Para a sua realização, estão previstos cerca de 50 palcos, em vários locais da cidade de Lisboa, para serem debatidos problemas da juventude ou temas como o diálogo inter-religioso. Este mesmo bispo, presidente da Fundação JMJ2023, foi confrontado com o facto da jornada realizada em Madrid, em 2011, ter custado apenas cerca de 50 milhões de euros, muito inferior ao que se prevê gastar em Lisboa. Mesmo as outras, realizadas em diversos países do mundo, nunca atingiram o que se prevê gastar em Portugal.
Sabe-se já que a organização da JMJ recebeu cerca de cinco milhões de euros de donativos empresariais. Ou seja, pouco mais de 6% dos 80 milhões que só a Igreja tem previsto gastar. Por sua vez, a Câmara de Lisboa vai despender até 35 milhões e a Câmara de Loures avançará com uma verba entre nove e dez milhões de euros. Relativamente à Câmara de Oeiras, organizadora do encontro dos voluntários do evento com o Papa Francisco, ainda não revelou o montante que irá investir. Um enorme valor que os organizadores dizem resultar em futuro retorno, muito acima do que se irá gastar, graças às despesas pessoais dos peregrinos que poderão vir a deixar em Lisboa.
Estes volumosos gastos incluem também a recuperação de um aterro sanitário que era uma lixeira e um complexo logístico, cheio de contentores. Será neste local recuperado que irá decorrer o grande encontro com o Papa Francisco. Tem sido sobretudo a construção do altar desta cerimónia, agora cortado em 30% do seu preço inicial de cinco milhões, que tem motivado a maior parte das polémicas. O presidente da Câmara de Lisboa Carlos Moedas garantiu que este enorme espaço verde irá ficar para ser reutilizado em futuros grandes eventos.
Mas a Jornada não irá reduzir-se ao polémico altar. Irá prolongar-se por várias zonas da cidade de Lisboa, desde o Parque Eduardo VII a Belém, bem como a Loures e a Oeiras.
Recordemos que a JMJ nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985 em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
Quando em 2019, no Panamá, esta iniciativa foi confirmada para ser realizada em Lisboa [tinha sido noticiada antes pelo Religionline/7MARGENS] em 2022, a Igreja falou com representantes do Estado e todos concordaram em assumir as despesas da JMJ, a qual foi entretanto adiada, devido à pandemia.
Segundo os seus organizadores, já estão inscritos, para participar nestas Jornadas, 20 mil voluntários [e faltam cerca de 10 mil, segundo noticiou o Público neste domingo].
De todo o mundo, são esperados mais de um milhão de jovens e 550 mil já manifestaram interesse em participar. Destes, 20 mil até já pagaram a sua inscrição e representam 183 países. Para lá das polémicas, com toda a alegria os iremos receber. Será uma oportunidade única na vida de todos nós que urge aproveitar. A bem da juventude que hoje vive dias difíceis, espera-se que, para lá das polémicas, redunde num grande êxito.
Florentino Beirão é professor do ensino secundário. Contacto: florentinobeirao@hotmail.com