
O calculador de pegada carbónica visa que os participantes na JMJ adquiram “uma maior consciencialização ambiental, levando a que cada peregrino adote práticas mais sustentáveis, não apenas na Jornada Mundial da Juventude, mas para o resto da sua vida”. Foto © Miodrag Ignjatovic.
A organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023 assumiu, desde o início um “compromisso com a sustentabilidade” e está a esforçar-se por cumpri-lo. Mas precisa da ajuda de todos os participantes. Por isso, um dos primeiros desafios que vai colocar-lhes é que utilizem o primeiro calculador de pegada carbónica da história das Jornadas, que estará incluído na app JMJ Lisboa 2023, e que todos deverão instalar no seu telemóvel ao chegar a Portugal.
O calculador, desenvolvido pela Novo Verde e a ERP Portugal, entidades gestoras de resíduos de embalagem e de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos, funciona com base num questionário. Ao responder, e contemplando as atividades desde o ponto de partida para a JMJ até ao último dia da participação, “é possível a cada peregrino descobrir a sua pegada estimada até ao final do encontro”, informa a organização da JMJ Lisboa 2023 em comunicado, acrescentando que, com a ajuda de um manual associado, “o peregrino tem a possibilidade de aprender, melhorar e mitigar ações, por forma a reduzir o seu impacto”.
A funcionalidade inovadora, apresentada na tarde desta quinta-feira, 6 de julho, durante uma visita de representantes das duas entidades à sede da JMJ, visa que os participantes adquiram “uma maior consciencialização ambiental, levando a que cada peregrino adote práticas mais sustentáveis, não apenas na Jornada Mundial da Juventude, mas para o resto da sua vida”.
Até porque, como assinala Pedro Simões, diretor-geral da Novo Verde, o calculador desenvolvido não possui prazo de validade de utilização. “A jornada acaba daqui a um mês, mas o mitigar do impacto não precisa de acabar daqui a um mês”, destaca.
Congresso sobre o Cuidado da Criação antecede JMJ
Associado a este compromisso com a sustentabilidade, um dos três grandes temas escolhidos para os encontros preparatórios Rise Up – em que os jovens de todo o mundo foram desafiados a refletir sobre o que será debatido nos encontros com os bispos (anteriormente denominados de “catequeses”) que ocuparão as manhãs de dias 2, 3 e 4 de agosto – foi precisamente a “Ecologia Integral”.
E será também esse o tema central do IV Congresso sobre o Cuidado da Criação, que terá lugar em Lisboa, na Universidade Católica Portuguesa, no dia 31 de julho, véspera do início da Jornada. “O compromisso dos jovens pela ecologia integral. Estilos de vida para uma nova humanidade” é o mote para este “pré-evento” da JMJ Lisboa 2023, que se propõe analisar cinco áreas: economia, educação e vida familiar, recursos naturais, política e tecnologia.
O congresso, cujo programa completo pode ser consultado online, pretende gerar “uma reflexão sobre os estilos de vida já adotados, mas, sobretudo, sobre estilos novos ainda por adotar, para enfrentar preparados o desafio cultural, espiritual e educacional que espera as novas e as futuras gerações, com vista a uma nova humanidade que olhe para a Terra não como um recurso que se deve explorar, mas como um dom de Deus para a humanidade”, adianta o Vatican News.
Este encontro é organizado pela Fundação João Paulo II para a Juventude, instituição do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, em parceria com a Universidade Católica Portuguesa e surge na sequência dos três encontros anteriores, realizados durante a JMJ do Rio de Janeiro em 2013, de Cracóvia em 2016 e do Panamá em 2019.
Mas a JMJ Lisboa 2023 é a primeira a assumir a sustentabilidade como “objetivo central” da sua concretidzação. “Queremos que a JMJ Lisboa 2023 seja uma referência no compromisso com a sustentabilidade, e que deixe um legado positivo duradouro no território, na comunidade em geral, na equipa, nos parceiros, nos voluntários e nos peregrinos”, refere a organização na sua “carta-compromisso“.
Plantar árvores e aliviar aeroporto de Lisboa?

Uma das iniciativas realizadas para compensar parte da pegada ambiental da JMJ é a plantação de árvores que tem estado a acontecer em todo o mundo, em parceria com a Global Tree Initiative: segundo o último balanço da organização, foram já plantadas perto de 17 mil, e o desafio continua aberto a todos.
Tendo como foco a redução do consumo de novos plásticos, a JMJ Lisboa 2023 optou desde o início por colocar etiquetas de cartão em todo o merchandising, “evitando ao máximo o plástico e mesmo as embalagens de plástico”, destaca a organização.
A JMJ Lisboa 2023 optou ainda por incluir no “kit do peregrino” uma garrafa de água reutilizável, “para motivar um consumo de água de forma mais sustentável”. Esta garrafa “vem reduzir as emissões associadas à produção e ao transporte de garrafas, os resíduos em aterros e as garrafas depositadas em oceanos”. Também o “kit do voluntário” da JMJ Lisboa 2023 vai contar com este produto. “Não sendo possível eliminar por completo o plástico, todo o plástico resultante da montagem dos kits está a ser recolhido e entregue diretamente para reciclagem”, assegura a organização.
A Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente (CPADA) – que agrupa 110 associações de defesa do ambiente – também tem uma sugestão: que “a pressão que o aeroporto de Lisboa vai sofrer por causa da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), na primeira semana de Agosto, seja aliviada utilizando o Aeroporto de Beja “como suporte da conectividade nacional”. É fundamental que se tomem medidas de curto prazo, para “vencer inércias e fazer adaptações que reduzam o impacto e actual sobrecarga do actual aeroporto”. defendem os ambientalistas.
Seja como for, “vamos juntos construir a Jornada Mundial da Juventude mais sustentável de sempre!”, assegura a organização da JMJ Lisboa 2023.