
“Ser país ou cidade de acolhimento requer preparar as condições propícias para que quem nos visita se sinta verdadeiramente no seio de uma grande família.” Cartaz apela a inscrição de famílias de acolhimento na JMJ 2023
A menos de um mês para o início do maior encontro de jovens do mundo a convite do Papa atrevo-me a listar, pelos dedos de uma mão, cinco palavras que fundamentam a razão pela qual este encontro não pode deixar de nos interpelar.
A primeira é a palavra Oportunidade. Como cristã católica, olho para este acontecimento extraordinário como a possibilidade de criar um tempo favorável de renovação, crescimento, abertura e diálogo. Uma oportunidade para combater a indiferença, os ruídos estéreis e o vazio interior. Tal como quando recebemos um presente olhamos mais ao seu conteúdo do que à forma, assim devemos centrar-nos naquilo que realmente importa: o que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) pode oferecer de tão significativo aos jovens que nelas participam? Um tempo oportuno para o aprofundamento interior e para a relação humana. Não será este o elixir que hoje tantos jovens procuram e necessitam?
A segunda palavra é Acolhimento. Se há palavra que define o encontro da juventude é a palavra acolhimento, expressa em hospitalidade, abertura, entrega e altruísmo. Ser país ou cidade de acolhimento requer preparar as condições propícias para que quem nos visita se sinta verdadeiramente no seio de uma grande família. O encontro da juventude com o Papa não se esgota num cerimonial ou num conjunto de iniciativas desgarradas, mas resulta de uma caminhada que se prepara e se concretiza num período temporal próprio de uma peregrinação. Rumo à JMJ somos peregrinos, caminhamos juntos, partilhando as alegrias e as dificuldades próprias desse trajeto, imagem da própria vida, ela própria feita de momentos de encontro e desencontro.
A terceira palavra é Sentido. Hoje, tal como ontem, a busca mais importante de cada ser humano é a busca de sentido, a descoberta de um propósito. Seja o sentido que nos faz encontrar uma direção, a razão que permite superar todos os absurdos ou a intensidade com que vivemos os acontecimentos mais significativos. A JMJ é, para milhares de jovens, uma verdadeira bússola para o sentido, nas mais diversas aceções da palavra. As experiências aí vivenciadas tornam-se maturadoras de sentido pleno de uma vida. Vemo-lo pela diversidade de testemunhos e relatos de quem viveu experiências profundamente transformadoras da vida. E ainda que fosse apenas um só jovem a encontrar o sentido da sua vida no contexto da JMJ, todo o compromisso na sua realização já teria valido a pena.
A quarta palavra é Interioridade. Num mundo que cada vez mais cultiva a aparência e a superficialidade, o risco de esvaziamento e de despersonalização não deixam espaço favorável à vivência de relações humanas autênticas ou à descoberta da verdadeira essência de si. Precisamos de cultivar a interioridade como forma de encontro da pessoa consigo mesma e de abertura ao infinito e à transcendência. Em espaços de silêncio e contemplação, oração e recolhimento, a descoberta da interioridade favorece a paz interior e a vivência de uma alegria que nunca se esgota.
A última palavra que aqui sublinho é a palavra Serviço. Este é não só o mote de todo o encontro (“Maria partiu apressadamente” para servir), mas o próprio convite que é lançado aos jovens antes, durante e após a JMJ. Se olharmos simbolicamente para esta palavra num contexto de uma refeição, o serviço é o que permite ser o suporte a toda a refeição, mas para cuja função não importa o seu preço, a sua ornamentação, ou a sua grandiosidade. A centralidade e a importância do encontro (refeição) será dar destaque aos convidados e ao bem-estar de todos à mesa. Assim também será o trabalho de todos quantos nesta grande festa da juventude irão assumir a função de serviço. Um serviço que será o de prestar apoio e suporte, proporcionar a todos os peregrinos o melhor e empenhar-se pelo bem comum.
Unindo todas estas palavras, através da sua inicial, prezo que a festa da Juventude JMJ seja um OÁSIS de juventude e esperança que todos tenham a alegria de descobrir.
Dina Pinto é professora de Educação Moral e Religiosa Católica no Agrupamento de Escolas Abade de Baçal (Bragança).