
A mãe, a filha e a mulher de Tawfiq Al-Mansouri seguram uma foto sua numa manifestação a 1 de outubro de 2020. Al-Mansouri é um dos quatro jornalistas iemenitas condenados à pena de morte pelas autoridades houthis. Foto © 2020 Mohammed Al-Emmad, no site da HRW.
Quatro jornalistas iemenitas condenados à morte estão a viver um “inferno” na prisão, de acordo com a descrição da organização de defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos, Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Num comunicado, no qual apela à sua libertação imediata, para que possam receber tratamento médico, a RSF condena ainda o tratamento cruel a que têm estado sujeitos Tawfik Al-Mansouri, Abdulkhaleq Amran, Akram Al-Walidi e Hareth Humaid.
Segundo o comunicado, os quatro homens estão detidos desde 2015 pelas autoridades houthis, tendo sido condenados à morte em abril de 2020. Desde então ainda aguardam por saber o seu destino, em condições de detenção totalmente desumanas.
Os jornalistas foram condenados por alegada espionagem em favor da Arábia Saudita. Estes profissionais trabalhavam para meios de comunicação próximos ao partido Islah, ligado ao governo reconhecido pela comunidade internacional e opositor dos houthis, à época do seu rapto.
De acordo com a RSF, os quatro jornalistas correm risco de vida, por estarem sujeitos a repetidos maus-tratos que levaram a sérias complicações de saúde.
A organização — que responsabiliza os houthis pelo que acontecer aos detidos — deixou um apelo à libertação dos quatro homens e à anulação das suas sentenças. Para a RSF, “mesmo que os houthis não cumpram as suas sentenças de morte, tudo está a ser feito para matá-los lentamente através de tortura, abusos psicológicos e recusa de assistência médica”.
Já em novembro de 2020, Afrah Nasser, investigador para o Iémen da organização de direitos humanos Human Rights Watch, acusava este movimento político de violar a liberdade de imprensa da pior forma. “As autoridades houthis estão a usar tribunais comprometidos para punir jornalistas por fazerem o seu trabalho, aumentando o histórico sombrio de abusos do grupo armado.”