
Quase 23 por cento dos inquiridos sentem-se sozinhos ao longo do dia, enquanto para 21 por cento esse sentimento é mais vivo durante os fins de semana. Foto © Bepslabor.
Em Espanha quem mais sofre com a solidão são os jovens entre os 16 e os 24 anos, indica um estudo encomendado pela Fundación ONCE, publicado no dia 17 de abril pelo Observatório Estatal da Solidão Não Desejada e que revela ser este um fenómeno que atinge 13,4 por cento de todas a população espanhola.
Um em cada cinco jovens (21,9%) afirmam sofrer de solidão não desejada, percentagem que vai progressivamente baixando até atingir os 12 por cento nos que têm entre 65 e 74 anos, para subir de novo, embora ligeiramente, nas pessoas que têm mais de 75 anos (12,2% destes dizem viver a solidão de forma não desejada).
Segundo Berta Rivera, professora de Economia da Universidade da Corunha que integrou a equipa que realizou o estudo, citada pelo jornal El País, “uma pessoa numa situação indesejada de solidão tem mais doenças, maior fator de risco associado a ter uma doença mental ou morte prematura, consume mais recursos de saúde e faz maior consumo de medicamentos”. A sondagem, a primeira com estas características realizada em Espanha, concluí que o custo destas situações ascende a 14,1 mil milhões de euros (equivalente a 1,17% do PIB espanhol).
No que diz respeito à frequência com que sentem a solidão, quase 23 por cento dos inquiridos sentem-se sozinhos ao longo do dia, enquanto para 21 por cento esse sentimento é mais vivo durante os fins de semana.
Já quanto às causas que provocam a solidão, a mais importante é a “falta de convivência ou de apoio familiar ou social” (57,3%), seguida da residência ser distante dos seus familiares (11,9%), ter deixado de conviver com as pessoas com quem vivia habitualmente (10,5%) e a incompreensão das pessoas que rodeiam os inquiridos (8,2%) . As questões relacionadas com o trabalho ditam 11,1 por cento de razões que levam à solidão e, nestas, o excesso de trabalho é a principal causa de solidão (6,2% do total). Saltando do campo das razões objetivas para as causas internas, ou intrínsecas à pessoa, a dificuldade em relacionar-se com os outros é apontada como a causa principal por 12,7 por cento do total dos entrevistados, enquanto a solidão derivada de um estado de saúde precário representa 6,4 por cento. Ao todo são 1,4 por cento aqueles que indicam ser a sua solidão motivada por uma deficiência.
A Fundación ONCE, patrocinadora deste estudo, foi criada em fevereiro de 1988 pelo Conselho Geral ONCE, e pretende ser um instrumento de cooperação e solidariedade dos cegos de Espanha com outros grupos de pessoas com deficiência para a melhoria das suas condições de vida. Em meados da década de 1980, com a reforma da lotaria e de outros jogos populares, a ONCE conseguiu incorporar progressivamente vendedores de lotaria não cegos, integrando mais de 10 mil pessoas com outras deficiências entre 1985 e 1987.