
Vários líderes religiosos recusaram a linguagem do ódeio e ofereceram as suas orações pelas vítimas. Foto © Albin Hillert/WCC.
Judeus austríacos e europeus, o Papa Francisco, os bispos católicos da Áustria, o Conselho Mundial de Igrejas e instituições muçulmanas como a Universidade Al-Azhar. Todos são unânimes na condenação do terrorismo que voltou a matar, desta vez em Viena na segunda-feira à noite, mas também em lugares de que se fala menos como a Etiópia e o Afeganistão.
O ataque junto a uma sinagoga de Viena de Áustria foi condenado por várias instituições judaicas de vários pontos do mundo. Entre eles, o presidente do Congresso Judaico Europeu, Moshe Kantor, disse que “os múltiplos e claramente coordenados ataques terroristas no centro de Viena mostram mais uma vez a ameaça que as organizações terroristas islâmicas representam para as cidades europeias”. E acrescentou, citado pelo Jewish Times: “Nenhum lugar na Europa é imune a ataques terroristas, nem nenhuma comunidade isenta destes actos bárbaros.”
Também o rabi Pinchas Goldschmidt, presidente da Conferência dos Rabinos Europeus, disse que “este cobarde acto de terror é um ataque a todas as pessoas na Europa, aos nossos valores e ao nosso modo de vida”. Também segundo a mesma fonte, Goldschmidt disse que a série de ataques das últimas semanas em França e na Áustria “mostra que precisamos de uma nova política religiosa na Europa que inclua também o aspecto da segurança e permita aos Estados europeus remover o terreno fértil para este extremismo religioso, tanto online como offline“.
Na segunda-feira, 2 de Novembro, cerca das 20h (19h em Lisboa), um homem armado atacou pessoas na rua, junto de várias sinagogas. Dois homens e uma mulher foram mortos e várias pessoas ficaram feridas – uma das quais, um luso-luxemburguês, está fora de perigo. O atirador acabou também a seguir morto pela polícia.
No Vaticano, o Papa manifestou a sua “dor e consternação” pelo ataque terrorista dizendo que reza pelas vítimas e seus familiares. “Chega de violência! Construamos juntos paz e fraternidade. Só o amor apaga o ódio”, escreveu Francisco, na sua conta do Twitter.
O arcebispo católico de Viena, cardeal Christoph Schönborn, disse que “o ódio não deve ser uma resposta a este ódio cego”. Em declarações à televisão ORF, citadas pela agência SIR, Schönborn acrescentou que “o ódio só gera novo ódio” e que essa seria a forma errada de reagir aos acontecimentos de segunda-feira.
“Continuem no caminho da solidariedade, da comunidade e do respeito mútuo. Estes são valores que moldaram a Áustria”, afirmou o cardeal, que recordou outro ataque terrorista de há 39 anos, quando um grupo terrorista palestiniano atacou a mesma sinagoga Stadttempel, enquanto decorria uma cerimónia de bar mitzvah, com 200 pessoas. “Nunca há qualquer justificação para a violência cega”, acrescentou.
Vários outros bispos católicos austríacos também condenaram a “ideologia desorientada e desumana” por trás do ataque terrorista, como referiu o arcebispo de Salzburgo e presidente da Conferência Episcopal Austríaca, Franz Lackner, citado pelo Novena News.
O atentado foi condenado também por instituições e líderes muçulmanos. Entre eles, o xeque Ahmed al Tayyeb, grande imã da universidade de Al Azhar (um dos principais centros de ensino religioso do islão sunita), apelou a todas as instituições internacionais para se unirem face ao terrorismo e para espalharem a paz pelo mundo. “Matar uma alma é matar toda a humanidade”, afirmou al Tayyeb, citado pela Agenzia Nova, e o direito à vida é um dos objectivos mais importantes de todos os tratados e leis, acrescentou.
Finalmente, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI), que reúne três centenas e meia de igrejas protestantes e ortodoxas, referiu não só o atentado de Viena, como também acontecimentos semelhantes na Etiópia e no Afeganistão. “O insuportável número de vidas perdidas, e o impacto nas comunidades e nações afectadas, deve envolver a preocupação, solidariedade e acção da comunidade internacional e de todas as pessoas de boa vontade, para conter o derramamento de sangue e enfrentar as brutais ideologias por detrás de tais atrocidades”, escreveu o secretário-geral interino do CMI, Ioan Sauca.
Em comunicado, o responsável recorda um atentado no domingo passado, dia 1, contra a etnia Amharas, na Etiópi, em que terão sido mortas 54 pessoas; e um outro na segunda-feira, em Cabul (Afeganistão), em que atiradores atacaram a maior universidade do Afeganistão, matando pelo menos 19 pessoas e ferindo mais de uma dúzia, no segundo assalto mortal a uma instituição de ensino na cidade, em pouco mais de uma semana.