
É “preciso apelar ao voto massivo em Emmanuel Macron como forma de preservar a nossa democracia”, afirmam os judeus em França. Foto © Pexels.
As instituições mais representativas dos muçulmanos e dos judeus de França divulgaram esta semana comunicados apelando ao voto no Presidente Emmanuel Macron na segunda volta das presidenciais, que terá lugar no domingo, 24 de abril. Os bispos católicos não tomaram, nem vão tomar, posição sobre o duelo Macron-Le Pen.
“Uma união republicana para impedir a extrema-direita de tomar o poder” é o título do comunicado tornado público na quinta-feira, 14 de abril, pelo Conselho Representativo das Instituições Judias em França (Crif), a instituição que é tida como porta-voz dos judeus daquele país. “As nossas liberdades individuais, a nossa diversidade cultural, as nossas tradições e a estabilidade do nosso país estão em perigo”, escreve o Crif para o qual os resultados da primeira volta das presidenciais mostram “o enfraquecimento do campo republicano e o perigoso reforço dos partidos populistas de extrema-direita e de extrema-esquerda”. Tudo isto são razões para que “seja preciso apelar ao voto massivo em Emmanuel Macron como forma de preservar a nossa democracia.”
Duas instituições representantes da segunda religião em França vieram na sexta-feira, 15, também apelar ao voto no atual Presidente. Assinado pelo seu reitor, Chems-eddine Hafiz, a Grande Mesquita de Paris divulgou um comunicado intitulado “Votemos em Emmanuel Macron”, em que argumentava: “O funcionamento democrático infelizmente não impede os discursos de ódio e mentirosos que atribuem todos os males da sociedade à presença muçulmana. Esta posição (conduzirá a um drama histórico se não a conseguirmos parar.”
Também a Reunião dos Muçulmanos de França (RMF) veio tornar público que “apenas o voto em Emmanuel Macron permite ao nosso país preservar os princípios republicanos e consolidar os valores de abertura, de tolerância e solidariedade que sempre o animaram.”
Enquanto os responsáveis das religiões minoritárias tomavam posição, mobilizando os seus fiéis contra a candidata da extrema-direita, os bispos franceses, primeiros representantes da mais importante religião em França, nada disseram, e nada dirão, sobre o duelo Le Pen-Macron de dia 24 (ver La Croix de 15 de abril).
Em 2002, muitos deles tomaram posição a favor de Jacques Chirac (gaulista) contra Jean-Marie Le Pen (extrema-direita e pai da atual candidata Marine Le Pen). Era, então, a primeira vez na história da república francesa que um candidato de extrema-direita disputava a segunda volta das presidenciais que Chirac veio a vencer de forma categórica (mais de 82% dos votos). Mas, mais recentemente, os bispos franceses têm evitado tomar qualquer posição explícita – não apelaram, por exemplo, ao voto contra Marine Le Pen em 2017 –, apesar dos duelos na segunda volta das presidenciais francesas continuarem a envolver um candidato de extrema-esquerda. Recorde-se que as sondagens realizadas à boca das urnas da primeira volta (7 de abril) indicaram que mais de 40 por cento dos católicos votou num dos candidatos de extrema-direita (ver 7MARGENS).