
Protestos em Myanmar por causa da decisão de executar quatro presos políticos. Foto © Saw Wunna | Unsplash
A junta militar de Myanmar executou quatro presos políticos, incluindo Phyo Zeya Thaw, rapper e ex-deputado eleito pelo partido de Aung San Suu Kyi, e o proeminente ativista da democracia Kyaw Min Yu, conhecido como Jimmy. As execuções, as primeiras desde há 30 anos, terão tido lugar no domingo 24 de julho e geraram ondas de indignação e protesto no país e no estrangeiro.
A notícia das quatro execuções foi divulgada pelos media controlados pelos militares e, de acordo com o The Guardian de dia 25 de julho, “depois das execuções terem sido conhecidas, manifestantes em Rangum ergueram uma faixa em que se podia ler ‘Nunca Teremos Medo’”. No mesmo dia uma fonte próxima da família de Kyaw Min Yu disse ter recebido “a confirmação do vice-chefe da prisão de Insein de que a pena de morte tinha sido executada”, mas nada foi comunicado quanto à data da execução e foram recusados os pedidos para os corpos serem entregues aos parentes a parentes.
A junta tomou o poder através de um golpe militar no início de fevereiro de 2021, derrubando o governo eleito de Aung San Suu Kyi, e desde então desencadeou uma campanha de violência brutal para reprimir a oposição. A Presidenta Suu Kyi está detida em parte incerta desde então e foi condenada a mais de 100 anos de prisão. Um total de 14.847 pessoas foram presas, das quais 11.759 permanecem detidas e 76 foram condenadas à morte, incluindo duas crianças, de acordo com o grupo de defesa da Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP) de Myanmar
Thomas Andrews, relator especial da ONU, disse estar “indignado e devastado” pelas execuções: “Os assassinatos generalizados e sistemáticos de manifestantes, os ataques indiscriminados contra aldeias inteiras e agora a execução de líderes da oposição exigem uma resposta imediata e firme dos Estados membros das Nações Unidas”. Por seu lado, o conselho de segurança nacional dos EUA descreveu os assassinatos como “hediondos” e Aung Myo Min, ministro dos Direitos Humanos do Governo de Unidade Nacional de Myanmar, formado no exílio por deputados do Parlamento derrubado pelos militares, representantes de minorias étnicas e ativistas, disse estar extremamente triste: “Precisamos de algo mais para provar o quão cruel são os militares assassinos de Mianmar?”.