
“Acreditamos que um mundo livre de armas nucleares é simultaneamente necessário e possível”, reitera a Justiça e Paz Europa. Foto: Direitos reservados.
A plataforma Justiça e Paz Europa alerta para a gravidade de, após as recentes conferências da ONU sobre desarmamento nuclear, não se tenha chegado a um acordo para um mundo livre de armas nucleares, o que “constitui um fracasso altamente dececionante e preocupante para o regime global de controlo de armas”. Em comunicado enviado ao 7MARGENS, a organização apela a que sejam seguidas as propostas da Santa Sé para a não-proliferação de armas nucleares.
Numa altura em que “o mundo parece regressar a uma nova dinâmica da Guerra Fria, envolvendo uma retórica perigosa com ameaças de utilização de armas nucleares”, “a Humanidade olhou com esperança” para duas importantes conferências internacionais sobre desarmamento (a primeira reunião dos Estados Partes no Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, que decorreu de 21 a 23 de junho, e a décima conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, que aconteceu entre 1 e 26 de agosto), recorda a Justiça e Paz Europa.
No entanto, se a primeira “semeou algumas sementes de esperança”, na última “os participantes não conseguiram chegar a acordo quanto a um documento final devido às objeções da Federação Russa”.
“Apesar de continuarem a aderir oficialmente à doutrina da ‘dissuasão nuclear’, vários países mostraram boa vontade ao participarem nesta conferência como observadores.”, refere a plataforma no seu comunicado. Mas “nenhuma das potências nucleares declarou aderir aos resultados da mesma” e “também a União Europeia não foi capaz de encontrar unidade na articulação de uma posição de adesão a este primordial instrumento legal fortemente inspirado por considerações éticas e humanitárias”, lamenta a Justiça e Paz.
“Acreditamos que um mundo livre de armas nucleares é simultaneamente necessário e possível” conclui ainda assim a organização. Para isso, considera determinante a promoção das “Dez Propostas” que a Santa Sé apresentou para este caminho no seu contributo para a décima conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Entre elas, a “universalização do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares” e a “criação de um fundo global de apoio aos povos mais empobrecidos, proveniente da redução de despesas militares”.