
O arcebispo de Medellín, Ricardo Tobón Ristrepo, cumpriu a ordem do Tribunal vários dias depois do prazo. Foto © Arquidiocese de Medellín.
O arcebispo de Medellín, na Colômbia, foi forçado pelo Tribunal Constitucional do país a publicar uma lista nominal de padres da sua diocese que terão abusado de crianças, nas últimas décadas.
A medida, cumprida na última sexta-feira, 26, surge da petição apresentada por um conhecido jornalista colombiano que se dedica a investigar casos de abusos, e já havia sido decidida favoravelmente no início de junho deste ano. O Tribunal Constitucional ordenou à diocese que fizesse entrega dos arquivos secretos relacionados com denúncias de padres pedófilos.
A arquidiocese reagiu, posteriormente, apresentando alguns pontos sobre os quais pretendia esclarecimentos, o que o jornalista interpretou como manobra dilatória. A verdade é que, com os esclarecimentos, ao arcebispo Ricardo Tobón Restrepo foi dado um prazo de seis dias para cumprir a decisão, prazo que terminou em 19 de agosto.
Perante a situação de incumprimento, o jornalista interpôs um “incidente de desacato contra o arcebispo de Medellín” traduzido num “mandado de prisão” e na “apreensão dos autos onde são apresentadas as denúncias”.
Ricardo Tobón Restrepo acabou agora por aceitar publicar uma lista de 26 dos seus padres denunciados por abuso infantil, enviados pela Cúria ao Ministério Público nos últimos 30 anos.
No documento de cinco páginas, consta que, desses padres, oito estão suspensos como medida cautelar, dois estão sob investigação, dois encontram-se com o “ministério limitado“, seis foram expulsos da Igreja como pena máxima, após serem considerados culpados, e seis estão atualmente ativos como pastores ou vigários.
O arcebispo, que é apresentado pelo jornalista como encobridor, ripostou através de um vídeo, acusando-o, a ele e a “algumas pessoas”, de pretenderem sobretudo atacar e desprestigiar os bispos e os sacerdotes, “aproveitando-se de factos isolados”. O jornalista em questão é acusado de levar a cabo “uma campanha agressiva de desprestígio contra a Igreja na Colômbia”, no quadro da qual chega a dizer que se trata de “uma empresa de crime organizado transnacional, uma rede de pederastas internacional”, espalhada pelo planeta.
O arcebispo denuncia e repudia este tipo de ataques, que considera “injustos e inaceitáveis”, apelando a que ninguém se deixe confundir por quem se empenha em disfarçar de investigação objetiva e neutral uma campanha mal-intencionada contra a Igreja”, ao mesmo tempo que lamenta e condena de forma “decidida” os casos de padres abusadores, recusando que eles possam confundir-se com a atuação da Igreja no seu todo.