
O arcebispo Sviatoslav Shevchuk, considera que proibir na Ucrânia as atividades da Igreja fiel a Moscovo de forma oficial “daria a esta Igreja a palma do martírio”. Foto © Diocese de Kiev.
O arcebispo-mor de Kiev, Sviatoslav Shevchuk, chefe da Igreja Greco-Católica Ucraniana, opôs-se a um projeto de lei que visa proibir as atividades do Patriarcado de Moscovo na Ucrânia, pois considera que a medida não só coloca em causa a liberdade religiosa, como transformaria os partidários da Rússia em mártires.
Em declarações à agência de notícias ucraniana Pravda, citadas pelo jornal Crux, Shevchuk sublinhou que uma Igreja “não é apenas uma estrutura religiosa, não é uma organização que tem uma carta, um líder, um centro religioso. A Igreja são pessoas que também têm direitos constitucionais. Enquanto houver pessoas orientadas para a Ortodoxia de Moscovo na Ucrânia, essa igreja existirá – mesmo quando, de acordo com a lei, ela for ilegal”.
Na opinião do arcebispo-mor de Kiev, proibir na Ucrânia as atividades da Igreja fiel a Moscovo de forma oficial “daria a esta Igreja a palma do martírio”. Shevchuk contou ter dito recentemente a um legislador ucraniano: “se deseja perpetuar o Patriarcado de Moscovo na Ucrânia, proíba-o”.
Por outro lado, o chefe da Igreja Greco-Católica Ucraniana lembrou também que cada estado tem o direito e a responsabilidade de garantir a sua própria segurança nacional e que, se houver “traidores”, independentemente da sua religião, que representem uma ameaça real em tempos de lei marcial, “eles devem ser identificados e, observando todas as leis, devem ser dados os passos seguintes.”
“Ninguém deveria ser perseguido por pertencer a alguma estrutura da Igreja, não. Mas quanto aos crimes contra o nosso país, aqui somos todos iguais”, concluiu.
O projeto de lei em causa foi preparado a pedido do Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, que no passado dia 11 de dezembro pediu ao parlamento que apresentasse uma medida proibindo organizações religiosas “com centros de influência na Federação Russa”. A nova legislação pretende impossibilitar qualquer atividade de organizações religiosas que sejam governadas fora da Ucrânia e cuja sede esteja localizada num Estado que leve a cabo agressão armada contra a Ucrânia.
Enquanto isso, o patriarca de Moscovo, Cirilo, pede à sua Igreja que apoie mais a guerra na Ucrânia e avisa que “qualquer tentativa de destruir a Rússia significará o fim do mundo”.