
Mike Pilavachi, fundador da igreja Soul Survivor, nos arredores de Londres. Foto reproduzida a partir da página de Facebook do antigo pastor.
O fundador da igreja evangélica Soul Survivor, sediada em Watford (a poucos quilómetros de Londres), e que ao longo das últimas décadas atraiu milhares de jovens sobretudo através dos festivais anuais de música com o mesmo nome, está a ser investigado pela Igreja de Inglaterra por suspeita de abusos de jovens rapazes. Mike Pilavachi, 65 anos, é acusado de comportamentos de cariz sexual e obsessivo, tendo renunciado ao cargo de pastor na semana passada. Outros dois pastores da mesma igreja encontram-se suspensos, por alegadamente terem encoberto os abusos.
De acordo com a BBC, Pilavachi – que já havia sido suspenso preventivamente pela igreja Soul Survivor no passado mês de maio – usou agora as redes sociais para justificar a sua decisão pessoal de renunciar. “A igreja precisa de se curar e percebi que a minha presença contínua impedirá esse processo”, terá escrito numa publicação que entretanto foi apagada. “Peço perdão a qualquer um que eu tenha ferido durante o curso do meu ministério. Oro pela bênção de Deus sobre a igreja, tem sido um privilégio e uma alegria servir nos últimos 30 anos”, acrescentou, referindo que não faria mais comentários públicos sobre as acusações de que é alvo.
Apesar de a Igreja de Inglaterra, cujo grupo de proteção de vítimas de abusos está a acompanhar o caso, não ter divulgado o teor das acusações, vários meios de comunicação social britânicos referem relatos de que Pilavachi forçava jovens rapazes (com idades a rondar os 18 e 21 anos) a fazer-lhe massagens em todo o corpo e a praticarem longas lutas wrestling entre si.
Uma das suas alegadas vítimas terá sido o cantor evangélico britânico Matt Redman, vencedor de dois prémios Grammy, que após a publicação de Pilavachi e de inúmeras pessoas se terem manifestado em sua defesa, também recorreu às redes sociais para revelar que “experienciou em primeira mão” os “comportamentos nocivos” do fundador da igreja Soul Survivor.
De acordo com Redman, “mais de cem pessoas relataram ter sido maltratadas” pelo antigo pastor de jovens anglicanos Pilavachi, e as acusações “cobrem todo um espectro de danos – físicos, psicológicos, espirituais”.
Redman, 49 anos, que serviu como líder de adoração na igreja Soul Survivor de 1994 a 2002 e foi co-fundador dos festivais de música organizados pela mesma (os quais se realizaram até 2019, tendo chegado a atrair 30 mil jovens por edição), lamenta o “fracasso” dos líderes daquela igreja em responder às acusações de abusos no passado.
“Um bom número daqueles que falaram com os investigadores, incluindo a minha esposa Beth e eu, já se havia manifestado anteriormente no momento em que foi maltratado – mas foi ignorado por quem estava na liderança”, denuncia Redman. “Historicamente, houve uma falha no cuidado nessa área por parte das autoridades da Soul Survivor”, conclui.