
Freiras católicas a rezar e manifestar-se com cartazes de apoio à chefe do governo Aung San Suu Kyi, deposta no golpe militar de dia 1. Foto © Good Shepherd Myanmar)
Catholic nuns holding images of ousted leader Aung San Suu Kyi recite prayers and the rosary during a peaceful protest in Yangon on Feb. 21. (Photo- Good Shepherd Myanmar) – cópia
“Já se derramou demasiado sangue durante este mês” e “condenamos energicamente o derramamento de sangue de inocentes” são afirmações do comunicado divulgado nesta terça-feira, 23 de fevereiro, pela organização Religiões pela Paz – Myanmar, que reúne os líderes de todas as comunidades religiosas do país e é presidida pelo cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Rangum.
No comunicado, divulgado pela agência Fides, a organização afirma também que continuará a alimentar o Fórum Consultivo para a Paz e a Reconciliação como um espaço de diálogo e oferece-se para mediar o conflito.
O apelo é dirigido diretamente aos militares golpistas que tomaram o poder no dia 1 de fevereiro: “Pedimos a todos, especialmente ao exército, que regressem à mesa das negociações para reestabelecer o diálogo, abordar os temas em aberto e reconciliar a nação.” Os líderes religiosos condenam o golpe militar que “fragmentou a nação”, interrompendo “o progresso da paz e da democracia verificado durante a última década” e recordam: “Uma nação que sofre desde há muito tempo só pode curar-se através do diálogo, nunca através da violência nas ruas.”
Esta tomada de posição do fórum dos líderes religiosos do país surge na sequência do apelo “aos que estão no poder, para que se regresse ao diálogo”, divulgado no domingo, 21, pelos 16 bispos católicos da Birmânia/Myanmar, em que se podia ler: “Há apenas um mês a nação trazia uma grande promessa no seu coração: o sonho de uma paz duradoura e de uma democracia sólida. Apesar da pandemia, a nação acabava de organizar eleições e todo o mundo admirava a capacidade demonstrada para gerir as diferenças internas.”
Depois do golpe militar do início do mês mais de 600 pessoas foram presas, inúmeras sofreram ferimentos devidos a cargas do exército e pelo menos cinco jovens foram mortos nas ruas.