
Putin e o patriarca Cirilo, no Kremlin, em novembro de 2021. Kremlin.ru, CC BY 4.0, via Wikimedia Commons.
“Como Primaz da Igreja Ortodoxa Russa, apelo aos que pegaram em armas e estão preparados para as usar contra os seus irmãos para que ganhem juízo. Perante a ameaça comum, temos de manter a unanimidade e ultrapassar os rancores e as ambições pessoais. Por muito difícil que isso seja, por vezes”. As palavras são do patriarca de Moscovo, Cirilo, num comunicado divulgado neste sábado, no momento em que as colunas do grupo Wagner avançavam sobre Moscovo.
O patriarca que, desde o desencadear da intervenção russa na Ucrânia, não escondeu, e, pelo contrário, foi assertivo no apoio a Putin e na legitimação da invasão do país vizinho, voltou a reafirmar a sua posição: “Apoio os esforços do chefe de Estado russo, a fim de evitar tumultos no nosso país. (…) Que o Senhor proteja a Rússia, o seu povo e o seu exército”, afirmou, num discurso “aos seus compatriotas”.
Cirilo vincou, em perfeita sintonia com o presidente da Federação russa, que “qualquer tentativa de semear a discórdia no país é o maior crime, que não tem qualquer desculpa”, sobretudo quando os soldados do país “estão a lutar e a morrer nas frentes” e quando “os inimigos estão a envidar todos os esforços para destruir a Rússia”, justificou o líder da Igreja Ortodoxa Russa.
Por sua vez, o metropolita Cirilo de Stavropol, chefe do Departamento Sinodal para Interação com as Forças Armadas, foi perentório ao exigir que o grupo Wagner parasse a sua operação.
Dirigindo-se diretamente a Prigozhin, e invocando o direito que entende assistir-lhe, decorrente do facto de os capelães da Igreja Ortodoxa Russa estarem “desde o início”, integrados naquela formação paramilitar, o metropolita avisou, num post na plataforma Telegram: “A rebelião armada, a traição, a facada nas costas não serão perdoadas nem por Deus nem pelo povo. Muitos pecados podem ser perdoados a um homem, mas os de traição e golpe por vezes não são perdoados.”