
O irmão Finnian, franciscano anglicano, numa manifestação em Londres, pelo clima, em 2019: os líderes religiosos britânicos querem uma acção rápida e eficaz. Foto © Sean Hawkey/WCC.
Uma carta conjunta de 60 líderes cristãos, judeus, muçulmanos, hindus e sikh da Grã-Bretanha seguiu para o primeiro-ministro Boris Johnson, pedindo ao governo britânico que prepare desde já um ambicioso plano nacional contra o aquecimento global. “Como presidente de turno da Cop26 [a conferência sobre o Clima], a tarefa mais importante do Reino Unido é reunir todos os países em torno de metas climáticas mais ambiciosas”, diz a carta assinada, entre outros, pelo bispo John Arnold, responsável pelo sector do meio-ambiente na Conferência Episcopal Britânica e Galesa (CBCEW, na sigla em inglês).
A carta, citada pelo Vatican News, tem como motivação a realização da próxima Conferência Internacional sobre o Clima (Cop-26), em Glasgow (Escócia), em Novembro de 2021.
O acordo de Paris, assinado na capital francesa na Cop-21, em 2015, fixa o aumento da temperatura global em 1,5 graus Celsius até ao final do século e compromete os Estados signatários a definirem e comunicarem as suas contribuições nacionais após 2020, para alcançar este objetivo.
Para os líderes religiosos signatários da carta, a Grã-Bretanha deve dar o exemplo, entre outras coisas, procurando chegar a zero no balanço entre as emissões e a compensação do dióxido de carbono na atmosfera, que atualmente se situa em 80%. “Este é um momento histórico para a liderança global do Reino Unido propor a maior contribuição a nível mundial para encorajar todas as outras nações do mundo a fazer o mesmo e é provavelmente o investimento mais importante que poderia ser feito no nosso futuro”, diz o texto.
A carta sublinha ainda a responsabilidade moral de assumir este compromisso, salientando os efeitos profundos das alterações climáticas em toda a humanidade” e “especialmente sobre os mais pobres, que já estão sofrendo”. “Devemos todos tentar encontrar a coragem moral para enfrentar este desafio” que põe em causa “a nossa relação com o mundo vivente” e “nos transformarmos a nós mesmos e à nossa sociedade”, dizem os líderes religiosos.
Os signatários recordam ainda como as comunidades religiosas no Reino Unido já têm tomado medidas concretas “com milhares de locais de culto a passar para energias renováveis e grupos religiosos que desinvestem em combustíveis fósseis e reinvestem em medidas em prol do ambiente”. Este compromisso está ligado aos esforços globais, incluindo – sublinham – o apelo premente do Papa Francisco aos governos para que estabeleçam metas mais ambiciosas antes da Cop26 e do trabalho de sensibilização sobre esta questão, feito pelo Patriarca Ecuménico Bartolomeu, de Constantinopla, primaz dos ortodoxos.