
“As pessoas agora até estão com medo de mandar os seus filhos à escola.” Imagem publicada na conta de Twitter do artista camaronês Aveiro Djess Officiel.
Choque, incredulidade, proximidade às vítimas. Foi o que manifestaram o Papa, o Conselho Mundial de Igrejas e o bispo de Kumba, cidade dos Camarões onde no passado sábado, 25 de outubro, o ataque a uma escola provocou a morte a pelo menos seis crianças e deixou outras oito feridas.
Um grupo de homens entrou no estabelecimento de ensino, disparou indiscriminadamente sobre os alunos e esfaqueou algumas das crianças. As suspeitas recaem sobre um grupo separatista que pretende criar um estado anglófono independente no oeste deste país da África Ocidental, situado no Golfo da Guiné.
“Uno-me à dor das famílias dos jovens estudantes barbaramente assassinados. Estou perplexo diante deste ato tão cruel e sem sentido, que ceifou a vida destes pequeninos inocentes enquanto eles tinham aulas na escola”, afirmou o Papa na audiência geral desta quarta-feira. “Que Deus ilumine os corações, para que gestos semelhantes nunca mais se repitam e para que as martirizadas regiões no noroeste e sudoeste do país possam finalmente encontrar a paz! Espero que as armas se calem e que a segurança de todos, o direito de cada jovem à educação e ao futuro possam ser garantidos”, pediu.
As palavras do Papa foram recebidas com gratidão pelo bispo de Kumba, Agapitus Enuyehnyoh Nfon. “Gostaria de agradecer ao Santo Padre por condenar este ato bárbaro. O povo de Kumba sentiu-se verdadeiramente consolado”, disse, citado pelo Vatican News,
O responsável da diocese recordou que os bispos dos Camarões têm feito diversos apelos ao diálogo e ao fim do conflito no país. Os confrontos entre separatistas e as forças governamentais duram há três anos, tendo já causado mais de três mil vítimas e pelo menos 70 mil deslocados. Não é possível “encontrar paz, justiça e tranquilidade enquanto se combate”, referiu Agapitus Enuyehnyoh Nfon. “As pessoas agora até estão com medo de mandar os seus filhos à escola”.
O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) fez questão de expressar, num comunicado divulgado na sua página, a “proximidade às famílias e comunidades afetadas” e pedir uma oração “pela cura das crianças feridas”.
A organização, que agrupa cerca de 350 igrejas cristãs não católicas (sobretudo protestantes e ortodoxas) de todo o mundo, diz-se “horrorizada com a notícia do ataque brutal contra as crianças da Academia Internacional Madre Francisca de Kumba”, e “une-se às Igrejas e a todas as pessoas de boa vontade na República dos Camarões e do mundo na condenação deste ato abominável”.