
“Os conflitos só dão origem a novos conflitos”, alertou o bispo católico de rito latino de Kiev, Vitalii Kryvytskyi. Foto © Ministério da Defesa da Ucrânia.
O Conselho Pan-Ucraniano de Igrejas e de Organizações Religiosas fez esta semana um apelo à Rússia e à Ucrânia para que demonstrem “boa vontade”, implementando efetivamente o acordo sobre a troca de prisioneiros. Os responsáveis religiosos apelam ao diálogo diplomático para “evitar o terrível derramamento de sangue” e promover “uma paz duradoura e justa”.
“Exortando todos os participantes no processo a mostrarem determinação e a fazerem os esforços necessários para a troca de pessoas, detidas devido ao conflito, como um primeiro passo na implementação da estratégia geral de distensão do conflito, dirigimo-nos a vós com o pedido de tomar, sem mais tardar, todas as ações necessárias para a libertação de todos os detidos, por misericórdia e em vista de considerações humanitárias”, lê-se no apelo do Conselho de Igrejas aos presidentes da Rússia e da Ucrânia, Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, citado pela Agência Ecclesia.
O bispo católico de rito latino de Kiev, Vitalii Kryvytskyi, pediu à comunidade internacional que não use a Ucrânia para “resolver os seus próprios problemas”. “A Ucrânia deve permanecer totalmente independente, rejeitando os pensamentos e desejos imperialistas de todo e qualquer vizinho”, disse o bispo, num encontro com jornalistas na Catedral de Santo Alexandre, na capital ucraniana.
O bispo, religioso salesiano, alertou que “os conflitos só dão origem a novos conflitos”, evocando os acontecimentos de 2014, desde a anexação da Crimeia pela Rússia.
Vitalii Kryvytskyi salientou também que o diálogo para “um processo de paz parece continuar” e que acredita “muito que a guerra não está a começar”, embora tenha referido que também vê “os investidores a tentar tirar o capital do país, as companhias aéreas a fechar voos e muitas embaixadas a retirar os seus funcionários”.
Para o líder religioso, a consequência deste conflito é que a Ucrânia e o seu povo “já estão a sofrer”, e observa que aos muitos migrantes que deixaram o país de leste no passado “poderiam agora juntar-se outros que já estão a pensar em deixar o país”.