Líderes religiosos perguntam se há um problema da União Europeia com a religião

| 7 Jul 20

Pinchas Goldschmidt. Judaísmo

Pinchas Goldschmidt, presidente da Conferência Europeia de Rabis judeus. Foto © World Economic Forum 2013/Wikimedia Commons

 

A decisão da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de não prolongar o mandato do actual comissário para a liberdade religiosa fora da Europa e de abolir este cargo ao nível da União Europeia tem merecido críticas generalizadas dos representantes das três grandes religiões monoteístas.

O rabi-mor de Moscovo, Pinchas Goldschmidt,  actual presidente da Conferência Europeia de Rabis, Aiman Mazyek, o presidente do Conselho dos Muçulmanos da Alemanha, o metropolita Augoustinos, arcebispo dos greco-ortodoxos na Alemanha, bem como o cardeal Jean-Claude Hollerich (Luxemburgo), presidente da Comissão dos Episcopados da União Europeia (Comece), são unânimes a lamentar e a manifestar a sua incompreensão para com esta decisão da presidente da Comissão – ainda mais sabendo que Ursula von der Leyen integra um partido democrata-cristão.

“Num tempo em que judeus e outras minorias relgiosas são alvo de agressões extremistas tanto online como offline, e em que o exercício da liberdade religiosa é dificultado, esta decisão é sem dúvida um falso sinal para a Europa”, afirmava Goldschmidt em declarações à Deutsche Welle. “Será que a Europa tem problemas com a religião?”, perguntava o rabi.

O lugar de comissário europeu para a liberdade religiosa foi criado por Jean-Claude Junker e foi ocupado até agora pelo eslovaco Jan Figel.
Para além da questão de quem poderia ou não continuar a ocupar este lugar, “o mais importante é que haja este posto na União Europeia”, afirmava Jan Figel, numa entrevista à agência noticiosa católica alemã KNA. E acrescentava: “Espero muito que continue a haver. É um sinal importante dirigido a todas as pessoas que são perseguidas em razão da sua religião. E cada vez são mais. Para mim era claro que falar de liberdade religiosa é falar da dignidade humana.”

Figel levou a sério os esforços da União Europeia em “empenhar-se pela liberdade religiosa para todos” – reagiu por sua vez o cardeal Hollerich. O seu empenhamento foi um valioso contributo para a protecção de todos os que são vítimas de discriminação e de perseguição religiosa”, acrescentava.

O arcebispo alemão de Bamberg, Ludwig Schickel, presidente da Comissão Episcopal para asssuntos da Igreja universal, publicava via Twitter o apelo ao empenhamento pela continuação deste cargo europeu. Ele mesmo teria dirigido uma carta nesse sentido a Ursula von der Leyen e a todos os deputados europeus da Baviera. “A liberdade religiosa tem a ver com o esssencial do ser humano e é o núcleo dos direitos humanos”, escrevia Schick no domingo, 5 de Julho.

A juntar-se às vozes dos representantes das Igrejas e figuras religiosas, não passará despercebida em Bruxelas a iniciativa de 135 deputados do Parlamento alemão, com nomes de todos os sectores, a exigir a continuação do cargo de comissário para a liberdade religiosa. Mas é uma incógnita, para já, saber o resultado destas reacções junto da presidente da Comissão.

 

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