Literatura e Poesia
“Como se amanhecesse”
Recordar o centenário do nascimento, quando Eugénio foi senha da revolução de Tiananmen
Provavelmente são muito poucos, ou quase ninguém, os que sabem desta história. Nunca a vi escrita, nem mencionada nas inúmeras notícias ou biografias do Eugénio, nem muito menos nas crónicas sobre o que aconteceu em Tiananmen, há muitos anos. Tão pouco dá conta disso o seu tradutor em chinês, Yao Jingming, que conheceu o poeta em 1988. É disso que pretendo dar testemunho, ad perpetuam rei memoriam, no dia em que o Eugénio de Andrade celebraria cem anos de vida.
Saborear os Clássicos (XII)
Anton Tchékhov, o sentimento trágico da vida
Anton Tchékhov (1860-1904) é um nome grande dos clássicos russos. Geralmente é conhecido pela sua obra dramática: “As peças de teatro cobriram-no de glória”, comenta o seu grande amigo e escritor russo Ivan Bounine (1870-1953) que recebeu o prémio Nobel, em 1933, no exílio, em Paris.
Na Capela do Rato (LIsboa) ou em canais vídeo
Ucrânia, a guerra e a paz inspiram curso de filosofia, literatura e espiritualidade
Tolstoi, Hannah Arendt, Sophia de Mello Breyner, Thomas Merton, Dorothy Day, Manuel Alegre ou o Papa Francisco. Estes são alguns dos autores que estarão em análise e debate no curso de filosofia, literatura e espiritualidade com o título Da Guerra e da Paz, que a partir do próximo dia 16 decorre na Capela do Rato, em Lisboa.
Investigação histórica
Sebastião está morto, o sebastianismo nem por isso
Uma investigação histórica, de André Belo, num tom desempoeirado mas rigoroso, que nos leva dos campos de batalha de Alcácer Quibir aos dias de hoje. Sebastião morreu em Marrocos, mas rumores e impostores alimentaram o mito da sobrevivência do rei.
Terá a comunidade LGBT lugar na Igreja Católica?
A recente leitura do estimulante livro de James Martin, Construindo uma Ponte, aumentou em mim a convicção de que há muito caminho a fazer no contexto da Igreja Católica quanto aos direitos das pessoas LGBT, tal como também em relação aos direitos das mulheres.
[Leituras de um pontificado - I]
Jesus tem futuro. Na versão de Ratzinger
O Jesus de Nazaré de Ratzinger quer ir além do Jesus “histórico” que a investigação tem revelado nos últimos dois séculos. Os especialistas criticam aspectos de um livro que já é um best-seller. Reedição de um texto publicado no Público em 11/03/2011 sobre a obra que o cardeal Tolentino Mendonça acredita que ainda será lida daqui a 100 anos.
Pelé, o rei (1940-2022)
“Se é de Deus, Deus se diverte”
Ovacionado nos estádios, guardado na lembrança de todos os que o viram jogar, celebrado na poesia. Adquire múltiplas formas a memória de Pelé, ou Edson Arantes do Nascimento, nascido em 1940 no estado de Minas Gerais e que morreu nesta quinta-feira, 29, em São Paulo (Brasil). Carlos Drummond de Andrade homenageou-o em diversas ocasiões. Quando Pelé marcou o golo 1000, em 19 de Novembro de 1969, o escritor dedicou-lhe um texto que aqui reproduzimos.
Escritora brasileira morreu em Lisboa aos 85 anos
Nélida Piñon (1937-2022): “Menina, sonhei em jamais dormir uma segunda noite sob o mesmo teto”
É no texto “Deus”, incluído no livro “Uma furtiva lágrima”, que surge uma indagação para a qual Nélida Piñon poderá ter encontrado resposta: “Que chances temos nós, estrangeiros e aflitos, de mergulharmos no regaço de Deus em nome da esperança?”
Dias 9 e 18 de dezembro
Cardeal Tolentino apresenta o seu novo livro em Lisboa e no Porto
O cardeal José Tolentino Mendonça vai estar em Lisboa esta sexta-feira, 9 de dezembro, e no Porto, dia 18, para apresentar o seu mais recente livro “Metamorfose Necessária. Reler São Paulo”.
[Saborear os clássicos] (xi)
Lev Nikolaievitch Tolstoi: só o amor dá sentido à vida
Lev Tolstoi nasceu numa família da alta aristocracia. É o escritor russo mais célebre. Contrastando com a eslavofilia de Dostoiévski, Tolstoi pretendeu sempre unir a Rússia à Europa, para onde viajou com frequência. No fim da vida, correspondeu-se com Gandhi, muito mais novo do que o escritor, cativado pela ideologia da não-violência.
Música popular no Estado Novo
As canções que romperam o silêncio aflito
A canção apresenta-se neste livro como um objeto único para reconstituir a história cultural de uma era, como nos avisa a mensagem inscrita na contracapa. E essa época está bem definida no subtítulo deste Silêncio Aflito: “A sociedade portuguesa através da música popular (dos anos 40 aos anos 70)” — e assim está também situado o regime ditatorial do Estado Novo que oprimiu Portugal até 1974 e, à época, as então colónias.
Pré-publicação 7M
Silêncio: a luz adentra no corpo
A linguagem não é só palavra, é também gesto, silêncio, ritmo, movimento. Uma maior atenção a estas realidades manifesta uma maior consciência na resposta e, na liturgia, uma qualidade na participação: positiva, plena, ativa e piedosa. Esta é uma das ideias do livro Mistagogia Poética do Silêncio na Liturgia, de Rafael Gonçalves. Pré-publicação do prefácio.
[Nas margens da filosofia – XLIX]
Uma justa homenagem a Manuela Silva
No dia passado dia 11 de Novembro reuniram-se no ISEG familiares, admiradores, colaboradores e amigos de Manuela Silva, prestando-lhe homenagem através do lançamento de um livro onde a sua acção foi lembrada em múltiplas vertentes – social, política, espiritual e profética. Economista de profissão, ela colocou todo o seu saber, a sua energia e os seus interesses ao serviço de uma causa: construir um mundo melhor e mais justo, onde todos e todas conseguissem viver plenamente a sua dignidade de pessoas, ao mesmo tempo que respeitavam a Terra onde lhes foi dado viver.
Pré-publicação exclusiva 7M
O Evangelho todos os dias, para encontrar Jesus
A editora Dom Quixote coloca à venda nesta terça-feira, 15, um’A Vida de Jesus, que se apresenta como se fosse uma biografia. O seu autor é Andrea Tornielli, diretor editorial dos media vaticanos no Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, que utiliza excertos de discursos, homilias e intervenções do Papa Francisco para a escrever.
A beleza de que somos capazes
Ruben David Azevedo, colaborador da coluna Entre Margens, acaba de editar O Que Nos Salva?, coletânea de textos sobre “o Absoluto, a Consciência, o Absoluto-da-Consciência, o Sentido da vida, e o Mistério de Tudo”, que inclui também uma dezena de crónicas publicadas no 7MARGENS.
Dia 3 de novembro
Sertã homenageia padre Manuel Antunes
Os 104 anos do nascimento do padre Manuel Antunes, uma das figuras mais relevantes na história recente da Sertã, serão assinalados esta quinta-feira, 3, naquele município, com diversas atividades que visam homenagear a sua vida e obra. Entre elas, a estreia do documentário “Pensador luminoso”, que inclui imagens e testemunhos inéditos sobre o padre jesuíta e um dos mais destacados pedagogos do século XX português.
Um registo biográfico único
A busca espiritual em Fernando Pessoa
Hostil ao catolicismo e agnóstico, Pessoa foi canalizando as interrogações sobre o desconhecido e as suas inseguranças existenciais para a ciência dos astros, para a cabala enquanto “demanda metafísica”, bem como para práticas esotéricas e espíritas. Mas no meio disto tudo encontramos uma dimensão espiritual na sua vida e na sua escrita?
Conversas, poesia e leituras
Poetas à solta em Barcelos
Um fim-de-semana cheio com poesia, leituras e conversas em Barcelos é a proposta da Poeta à Solta. Em Barcelos, a tarde e noite desta sexta-feira, 21, e a tarde de sábado, levam à cidade os poetas Chus Pato, Jaime Rocha, João Vasco Rodrigues, Miriam Reyes e Valter Hugo Mãe.
7M publica excertos
Novo livro de Tomáš Halík: O cristianismo a entrar na tarde da fé
Entrar na tarde da fé. Ou seja, transformar a Igreja Católica num lugar que ateste “esta confiança num Deus que é maior do que todas as nossas ideias, definições e instituições”. Tal é a proposta do teólogo checo Tomáš Halík, no seu novo livro A Tarde do Cristianismo – O Tempo da Transformação (ed. Paulinas), que agora é editado em Portugal. Publicamos excertos do primeiro e do último capítulos.
Livro de oração
Silêncio: devolver à vida a sua beleza
Será um passo paradoxal falar do silêncio: afinal, ele será rompido para que dele se fale. Mas sabemos, na nossa experiência quotidiana, como a ausência de reflexão pode ser sinónimo, não de silêncio, mas de um adormecimento nos ruídos, distrações e imagens que constantemente nos interpelam.
Pré-publicação 7M
Os Evangelhos Apócrifos traduzidos por Frederico Lourenço
Frederico Lourenço, que tem estado a traduzir a Bíblia, num projeto muito aplaudido, apresenta agora a tradução para português dos evangelhos apócrifos, a partir das línguas originais – latim e grego. Combatidos a partir do século IV e excluídos a partir do século XVI, estes evangelhos apócrifos são agora reunidos numa edição bilingue. Pré-publicação.
Saborear os Clássicos X
Luís de Camões e “Os Lusíadas”: a Lira destemperada, a voz enrouquecida
Comemoram-se este ano 450 anos da primeira edição de Os Lusíadas, de Luís de Camões (1524-1579), obra que é a “confissão de um poeta” (Roget Bismut, Paris, 1974).
Livro ilustrado
Ruy Cinatti, o senhor da chuva em Timor
Ruy Cinatti (1915-1986) Senhor da Chuva é o título do livro que evoca a figura do poeta e antropólogo que dedicou vários anos da sua vida a Timor. Da autoria de Mara Bernardes de Sá e com ilustrações de Bosco Alves, o livro foi agora lançado pela Plural Editores e conta com prefácio do padre Peter Stilwell.
Para que serve a oração? Para nutrir o desejo
A Oração dos Cristãos – o Pai Nosso Comentado pelos Padres da Igreja, o novo livro de Isidro Lamelas, frade franciscano e professor na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, é uma proposta de renovação da experiência orante que nos transporta aos ritos de fundação dos Padres da Igreja para percebermos que “Jesus não ensinou quantas vezes ou quanto e quando, mas como se deve orar”. Terá uma apresentação pública no próximo sábado, 10, às 17h30, junto do pavilhão da Universidade Católica Editora na Feira do Livro de Lisboa.
Sonata platónica
Silenciei a euforia do gesto após a ingénua impulsividade no embalo cego da confiança das falsas palavras, e parti. Parti tão repentinamente... e quão repentinamente cheguei?! Descansei o meu brilho na casa torta e fechei portas à cidade, hoje sou jardim...
O Caminho do Homem
Um livro singular, para uma leitura pausada
O Caminho do Homem tem como origem uma conferência pronunciada por Buber em 1947 numa universidade norte-americana, na qual apresenta uma particular sabedoria judaica para a existência: a tradição do Hassidismo, que Buber aprendeu do seu avô paterno.
Papa Francisco
Uma Guerra Mundial “em peças soltas” – a oportunidade de um livro
A expressão de uma guerra “em peças soltas” é usada pelo Papa Francisco no prefácio do seu recente livro Contra a Guerra.[1] Constituem-no um conjunto de textos provenientes de diferentes acções decorridas no ano de 2022 – bem como em datas anteriores – onde se debruçou criticamente sobre este tema. Em todos esses escritos está presente aquilo a que o Papa designa como “cultura da solicitude,” [2] uma atitude que contrasta com a situação que hoje diariamente vivemos, onde a possibilidade de guerra mundial é uma constante.
Ruy Ventura na homenagem a Ángel Guinda
Um festival de poesia em Toledo para que o ferro não vença a árvore
Iniciou-se nesta sexta-feira e decorre até domingo (2 a 4 de setembro), em Toledo (Espanha) o “Voix Vives – Festival de Poesía de Mediterráneo en Mediterráneo”. Seria a décima edição, não tivesse a pandemia interrompido a regularidade desta iniciativa, que tem como polos a cidade espanhola e Sète, no sul de França. Neste ano, o Festival presta homenagem a Ángel Guinda, importante poeta espanhol recentemente falecido.
Introdução da obra
O rosto inacabado
O Rosto Inacabado, editado esta semana pelo Secretariado Nacional de Liturgia, faz um percurso em seis capítulos pelo rosto de Cristo na Bíblia e pelas “presenças reais” no texto bíblico, no ícone e na eucaristia, antes de falar dos “ignorados”: as crianças, os pequenos, os que sofrem, os que têm fome ou sede, os estrangeiros, os pobres, os doentes ou os presos. O 7MARGENS reproduz a introdução do livro.
Livro “Amar os Presos?!...”
Acompanhar os reclusos, uma arte do cuidar
Um alerta para que se fale das pessoas que vivem em situação de privação de liberdade, periferia que se encontra quase esquecida por muitos católicos incluindo sectores da própria hierarquia católica, apesar da sua Pastoral Penitenciária – tal é o foco do livro Amar os Presos?!… – Inquietações e Contributos de um visitador prisional, da autoria de Paulo Neves. O autor faz parte da Unidade Pastoral dos Estabelecimentos Prisionais de Custóias, Sta. Cruz do Bispo e cadeia anexa à Polícia Judiciária (Porto).
Pré-publicação
LGBT e Igreja: Como se dialoga sobre assuntos encerrados
Sobre esta obra, escreve o cardeal Kevin Farrell: “Um livro esperado e muito necessário que ajudará bispos, padres, agentes pastorais e todos os líderes da Igreja a serem mais sensíveis aos membros LGBT da comunidade eclesial católica. Também ajudará os membros LGBT a se sentirem mais à vontade no que, afinal, é também a sua própria Igreja.”
Filipinas
Estado proíbe leitura de cinco livros no secundário
A Comissão da Língua Filipina retirou cinco livros da lista de livros aconselhados para os alunos do secundário, proibindo a sua leitura por “terem conteúdos que violam a lei antiterrorismo do país”. O decreto foi publicado a 12 de agosto, noticia a agência UCA News de dia 15.
In memoriam
Ana Luísa Amaral, uma ausência que dói
Morreu-me uma irmã. Ana Luísa Amaral “desabitou” este mundo. Partiu para o Infinito deixando-nos o rasto de luz da sua poesia. Que esteja na plenitude que tanto desejou ao longo dos anos e que a desinquietou levando-a a fazer poesia. Como quem respira.
Livro “Amanhã é Outro Dia”
Ucrânia: também estamos “entre os que choram”
Amanhã é Outro Dia, sobre a guerra na Ucrânia, é o título do livro que será lançado na quinta-feira, 11, em Oleiros. A obra reúne mais de 60 crónicas de Mendo Castro Henriques, nas quais o autor analisa os múltiplos fatores em jogo na guerra ainda em curso. Pré-publicação do prefácio de Joaquim Franco.
1956-2022
Morreu Ana Luísa Amaral. “Quando escrevo o poema não penso o que vou fazer”
A poeta Ana Luísa Amaral, recentemente galardoada com o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, morreu na sexta-feira, aos 66 anos, revelou este sábado a Universidade do Porto, que recorda a também investigadora e professora como “uma autora extraordinária, uma académica distinta e uma cidadã empenhada”.
Livros
O Grito que está dentro da nossa cabeça
No livro “Dos Sonhos e das Imagens: a Guerra de Libertação na Guiné-Bissau”, Catarina Laranjeiro regressa a um dos locais mais filmados por alturas da guerra, a tabanca (aldeia) de Unal, no sul da Guiné-Bissau. Ponto estratégico para o PAIGC pela sua proximidade com a fronteira com a Guiné-Conacri. Descobre, nesta viagem, as pessoas, as personagens que ainda vivem nesta geografia e nesta memória.
“Rostos de uma Barragem”
A longa viagem de uma identidade coletiva
Rostos de uma Barragem reproduz um álbum de cerca de 200 fotografias, a preto e branco, na sua esmagadora maioria da autoria do Padre Telmo Ferraz e por ele legendadas. Retrata a realidade da barragem de Picote entre os inícios da sua construção e inauguração (anos 1954-1959). Irradiação de vida e de memória, configura um documento social e histórico, cujo texto introdutório de Henrique Manuel Pereira aqui reproduzimos.
Tempos sombrios: um apelo à responsabilidade e à precaução
A formulação “tempos sombrios” que dá o título a este texto, remete para o livro da filósofa Hannah Arendt, Homens em Tempos Sombrios, sobre as biografias de homens e de mulheres que viveram na primeira metade do século XX, contemporâneos do totalitarismo em ambas as suas formas: nazismo e estalinismo.
Pré-publicação 7M
Uma anatomia do poder eclesiástico a propósito dos abusos sexuais
Uma Anatomia do Poder Eclesiástico é o título do livro que reúne sete estudos de outros tantos autores portugueses a propósito da questão dos abusos sexuais na Igreja Católica e que será apresentado na próxima quarta-feira.
Pré-publicação
“Reconstruir a catedral”, prefácio de José Tolentino Mendonça ao “Livro da Deslocação”
Para nos adentrarmos na admirável obra poética com que Joaquim Félix de Carvalho se estreia, meditemos na prática da esgrima. Esta pode ser descrita como a ativação de uma cadeia de deslocações que ocorrem num corpo em ordem ao encontro com outro corpo. O primeiro de todos os movimentos é a «Saudação».
Clérigos e Misericórdia do Porto
Um “tesouro literário português” entregue à Biblioteca do Vaticano
O presidente da Irmandade dos Clérigos e o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto entregam na Santa Sé um manuscrito da Tragédia Amorosa de Dona Inês de Castro, obra histórica do poeta quinhentista António Ferreira.
Livro de João Reis
“Cadernos da Água”, um romance a ler
É um livro envolvente e inquietante. Alienante, só se for no sentido de nos transportar para outra realidade, mas de nenhum modo sem nos deixar sossegados no nosso hoje. Cadernos da Água é o seu título, João Reis o seu autor. Valeram a pena as horas intensas de leitura que lhe dediquei, porque me alargaram os horizontes da vida e da esperança.
Saborear os clássicos (IX)
“Demónios”, de Dostoiévski: Polifonia de vozes e caracteres
Comemoraram-se em 2021 os duzentos anos do nascimento de Fiódor Dostoiévski (1821-1881). Segundo James Joyce, ele criou, mais do que qualquer outro, a prosa moderna; Nietzsche considera-o “o único psicólogo… do qual tive algo a aprender”. Demónios, uma das suas grandes obras-primas, talvez menos conhecida, revela grande actualidade nos séculos XX e XXI.
Pintura
Menez na Casa das Histórias com poemas de Sophia
Obrigada, Menez, mulher discreta, que visitei numa tarde luminosa, em Cascais. Quem sou eu para “ler” a tua arte teimosamente “sem título? Ousei, ousei “ler” com a inspiração da poesia da tua “amiga” Sophia.
Nova edição
Quer ajudar na tradução do “Cântico dos Cânticos”?
Acaba de ser colocado ao dispor do público a tradução provisória do livro da Bíblia “Cântico dos Cânticos”, podendo os interessados enviar comentários sobre esse trabalho, antes de ele se tornar definitivo.
Original da “Clavis Prophetarum”
Tropeçar na chave e abrir o palácio do padre António Vieira
Por uma sucessão de acasos, Ana Valdez tropeçou no manuscrito original de uma obra que se julgava perdida ou mesmo inexistente. Com Arnaldo Espírito Santo e técnicos de diferentes áreas, confirmou que era mesmo a “Clavis Prophetarum”, obra maior do padre António Vieira.
Tríptico e eco
É nesse momento de suspensão, de silêncio, em que deixamos de procurar activamente, entrando delicadamente no espaço-sem-espaço e no tempo-atemporal, que “mergulhamos com ele até ao fundo” e nos aproximamos do clarão do farol que dissolve as trevas ao varrer a noite [não fosse este jogo de escondidas e pensaríamos nós um dia ter já um domínio total e um conhecimento perfeito daquele que nos procura] para que, pelos vislumbres da beleza da sua presença, nos sintamos chamados a ir procurando mais e sempre de modo renovado.
Teólogo jesuíta em Portugal
Diálogo inter-religioso não é estratégia, mas atitude existencial, diz Javier Melloni
“O diálogo inter-religioso não é uma estratégia para sobreviver em tempos de forçada pluralidade, mas trata-se de uma atitude existencial que implica toda a pessoa”, diz o jesuíta catalão Javier Melloni no seu livro Para Um Tempo de Síntese – Presente e futuro das religiões (ed. Fragmenta), que acaba de ser publicado e que o próprio apresentará em Portugal, a partir desta segunda-feira, 23 de Maio, em quatro conferências públicas
Uma leitura do Patriarca no 7M
“Domínio”, de Tom Holland: a recomposição da experiência cristã
Este livro de Tom Holland, escritor inglês com vária obra histórica publicada, obteve uma apreciação positiva e generalizada, quando saiu em 2019: “Cativante” (The Times), “Arrebatador” (The Economist), “Fascinante” (Library Journal)… Mais assertivo ainda, The Sunday Times: “Se os grandes livros nos encorajam a olhar o mundo de um modo completamente novo, então Domínio é, sem dúvida, um grande livro.”
Não quero senão
Se aos olhos de alguém transpareço / noutros sorrisos me encontro / aprendi a voar nos abismos / da alma humana inacabada / entristecida de arrogâncias / falácias perpétuas sem rosto
Pré-publicação
Qual é a religião de Deus?
Na próxima quinta-feira, 19 de maio, será apresentado no Porto Todos Nós Somos Sendo (ed. Contraponto), o livro que completa uma trilogia de conversas entre frei Fernando Ventura e Joaquim Franco. O 7MARGENS antecipa um excerto da obra, na qual frei Fernando e Joaquim questionam: “qual é a religião de Deus?”
Livro de Márcio Pitliuk
“Não Mais Silêncio” sobre o Holocausto apresentado em Lisboa
A ALPI (Associação Lusa Portugueses por Israel) juntou-se à Gradiva para promoverem uma conferência com o tema “A Indústria em tempos de Paz | A indústria em tempos de guerra”.
Autorretrato
Não é bonito dizer que tenho um familiar favorito, mas tal como Picasso fez na sua época áurea, vou quebrar os estereótipos e dizer que o meu bisavô é a melhor pessoa que alguma vez conheci.
Camilo Martins de Oliveira (1942-2022)
Exemplar diplomata, grande amigo
Era um conversador extraordinário; num serão, começávamos por falar da história de um biombo Namban, continuávamos na reflexão sobre a arte contemporânea, e terminávamos discreteando sobre a economia, a política internacional, a integração europeia, e ainda história ou filosofia — a evocação de Camilo Martins de Oliveira.
[Nas margens da filosofia]
As éticas do cuidado – uma homenagem às mulheres ucranianas
As avós e mães ucranianas que hoje passam nos nossos telejornais, com as suas malas, embrulhos e animais de estimação, recolhidos à pressa, são o testemunho vivo da coragem feminina, tão importante para a salvação do país quanto a resposta dos homens que o defendem pelas armas. Daí a nossa homenagem a todas elas.
Padre e filósofo
O poeta viajante Hugo Mujica vem ao Porto
O poeta argentino Hugo Mujica, presbítero, filósofo e artista plástico vem a Portugal na próxima semana apresentar uma nova antologia da sua obra, com o título “Tudo o que arde morre iluminando”, numa edição bilingue da editora portuense Officium Lectionis, de José Rui Teixeira.
Eunice Muñoz (1928-2022)
“A coisa mais importante é o amor”
As exéquias de Eunice Muñoz terão lugar nesta terça-feira, 19, a partir das 15h, na Basílica da Estrela, em Lisboa, onde o corpo está a ser velado desde o final da tarde de segunda-feira. O funeral seguirá depois para o Alto de São João, também em Lisboa.
Diálogo entre Siza e Tolentino
A Questão Sobre Deus é o Não Saber Explicar
No primeiro inverno da era pandémica, Álvaro Siza fez uma série de desenhos alusivos ao mistério de Cristo. Quando me mostrou o conjunto, logo lhe perguntei o que pensava fazer com eles, ao que ele respondeu que mos confiava. Enviei uma cópia ao cardeal Tolentino e perguntei-lhe o que achava. Sugeriu-me a ideia dum diálogo.
Um livro para ouvir
Sting. A mensagem não está na garrafa, está nas canções
O académico americano Evyatar Marienberg investigou o modo como a formação católica do antigo vocalista dos Police moldou a escrita das suas canções. “Sting & Religion” é um livro que se pode ouvir.
Abrir da flor da paixão
Reprodução da homilia de Domingo de Ramos do Pe. Joaquim Félix, da Arquidiocese de Braga.
Livro sobre Drummond de Andrade
Teologia e Poesia
O livro de Alex Villas Boas Teologia e Poesia em Carlos Drummond de Andrade. Busca de sentido e razão de recusa de Deus (Lisboa, 2021) que aqui se apresenta vem na continuidade dos volumes anteriores da coleção Estudos de Religião da INCM, nomeadamente o volume sobre a teologia ficcional de José Saramago.
Maria Ondina Braga, 100 anos
Que nem para morrer há um lugar
Em 2016 publiquei um pequeno roteiro para uma fotobiografia da Maria Ondina Braga, a minha querida tia Ondina, cujo título – e fico só e falo com as sombras – era uma expressão da própria em carta a um amigo próximo, corria então veloz a década de setenta. Mais que um desabafo, uma constatação. A sua vida assim. O resto um sobejo inútil.
Arte sacra em livro
“Do Fundo do Cálice”, de Joaquim Félix Carvalho
Do fundo do Cálice é o título do mais recente livro de Joaquim Félix Carvalho, sacerdote, vice-reitor do Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo e professor na Universidade Católica Portuguesa.
Livro de Nélio Pita
Introdução à vida de oração
Muitos títulos de livros são assim bonitos e expressivos: Cartografia do Encontro — neste, de Nélio Pita, o leitor experimentado ouvirá ressonâncias de outros mapas, outros itinerários, cujo final não é uma linha de meta, mas um novelo de amor.
Livro com testemunhos e inéditos
Padre Sousa Fernandes homenageado em Braga
Decorre neste sábado, 26, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, a partir das 15.30h, um evento evocativo do percurso multifacetado do padre e professor António Sousa Fernandes, durante o qual será apresentado um livro com testemunhos de amigos e textos do homenageado. O livro, intitulado “Vou ficar por aqui até ao fim. Vida e obra de António Manuel Sousa Fernandes”, foi coordenado por Eduardo Jorge Madureira e Luís Cristóvam, e destaca facetas de uma personalidade que marcou a vida eclesial, académica, política e cultural bracarense e nacional.
[Nas margens da filosofia]
Quando a violência nos bate à porta
Quando falamos de violência imediatamente a identificamos com o abuso de força ou de poder sobre algo ou alguém, ou seja, pensamos num agressor e num agredido despojado dos seus direitos e que, enquanto tal, fica reduzido à condição de vítima. Etimologicamente ligamos este termo à sua raiz latina que é a “vis”, ou seja, a força ou vigor e é quase consensual defini-lo como um uso ilegítimo dessa força.
Um livro de James D. Tabor
Maria, mãe de Jesus e do seu movimento – um outro olhar
“Há uma verdade teológica; e há uma verdade histórica e é sobre esta última que diz respeito a obra” que James D. Tabor apresenta: Marie. “Maria, mulher judia, viúva, só e pelo menos mãe de oito filhos… respeito a piedade e a devoção, a Maria celeste – eterna celibatária, como uma religiosa. Mas a Maria esquecida que estamos a descobrir é uma heroína, cuja espiritualidade e exemplo são impressionantes.”
Lançamento
Desencontros: amar e ser compreendido
Quando o padre Carlos Pinto, pároco de São Pedro de Almargem do Bispo, me convidou para apresentar o seu livro e me disse o título – DesEncontro –, confesso que me lembrei de imediato de uma música do José Cid cuja letra diz: “Desencontro, quando se ama e não se é correspondido.” E o curioso é que esta definição ajuda a entrar neste livro.
Está bem?
Pai querido – tão perfeito
Que possuis todo o amor de Mãe:
Queremos reconhecer a dignidade do teu Nome
E que sejas o nosso inspirador e orientador
Pois a tua vontade é a felicidade perfeita.
Vida, luz e sombra (sobre “Silêncio na Era do Ruído”)
Num tempo em que precisamos de vidros duplos para ter silêncio em casa ou nos protegermos do som infernal das brocas que perfuram azulejos da casa do vizinho ou lá em baixo na rua; num tempo em que tanta gente só adormece mantendo a TV ligada ou ouvindo o spotify nos auscultadores incansáveis do telemóvel com os fios a adentrar-se nos ouvidos, da real dependência de ecrãs e luzes fosforescentes, do facebook e do whatsapp – que cansaço! –, é preciso reaprendermos o silêncio.
Pré-publicação
“Adolescência”, de Leonor Xavier: “Mexer no passado é olhar para o presente”
Perplexidades, descobertas, olhares. Adolescência, o livro póstumo da jornalista e escritora Leonor Xavier, é uma espécie de diálogo da autora que agora revisita partes do seu diário adolescente com a menina que, entre os 12 e os 17 anos, se vai espantando com as coisas do mundo e da fé, com a pobreza e as desigualdades, com a descoberta da amizade e do amor.
[Saborear os clássicos (VIII)]
Eça de Queirós (1845-1900)
“É flagrante em Eça… que jamais se verifiquem nos seus livros relações normais e vividas entre pais e filhos.” (Vergílio Ferreira, Espaço Invisível)
Livros
A fé cruzada com as porosidades humanas
É possível propor um caminho de redescoberta das pistas da fé cristã após vinte séculos de história? Continua a experiência espiritual do Cristianismo a fazer sentido, a encontrar linguagens novas, a sentir uma frescura que lhe é emprestada quer do regresso às fontes, quer do diálogo com todas as expressões do humano – da arte à literatura, do cinema à poesia? É esse difícil trabalho que o dominicano inglês Timothy Radcliffe leva a cabo com grande maestria.
Adiamento
Início do curso sobre mística cristã será em Maio
A mística e a poesia, os estudos filosóficos sobre a mística e a mensagem e impacto das figuras místicas ao longo da história do cristianismo são alguns dos temas de um curso livre sobre Mística e Místicos no Cristianismo que se iniciará dia 5 de Maio e decorre...
Paróquia de Aveiro propõe programa cultural
Hildegarda a dançar na Capela das Barrocas
O espectáculo de dança Visão Hildegard, dirigido por Suzana Rosas, decorre a partir das 17h30 deste sábado, 29, na capela das Barrocas, em Aveiro. É a primeira de um conjunto de actividades culturais que, até final do ano, pretendem promover, nas diferentes igrejas da paróquia da Vera-Cruz, “o diálogo com a cultura e as novas linguagens, usando a linguagem da Igreja e do espaço sagrado”
Gravações escondidas 50 anos
Poemas da liberdade foram à guerra e voltaram
Em finais dos anos 1960, o alferes médico Jorge Ginja não escapou à Guerra Colonial e recebeu guia de marcha para Angola. Na bagagem, transporta uma mala e, lá dentro, um enorme aparelho, uma fita gravada com músicas para enganar a PIDE. No fim, poesias de nomes fundamentais da cultura portuguesa, ditos por Mário Viegas.
Crónicas portuguesas dos anos 80
As causas que sobrevivem às coisas
O Portugal de A Causa das Coisas e de Os Meus Problemas, publicados nos anos 80, fazem sentido neste século XXI? Miguel Esteves Cardoso ainda nos diz quem e o que somos nós? Haverá coisas que hoje se estranham, nomes fora de tempo, outras que já desapareceram ou caíram em desuso. Já as causas permanecem. Pretexto para uma revisitação a crónicas imperdíveis, agora reeditadas.
Carta a Filémon
A liberdade enquanto caminho espiritual
A Epístola a Filémon – um dos mais pequenos escritos do Novo Testamento – constitui o estímulo e o contexto para uma bela reflexão sobre a vivência da liberdade enquanto caminho espiritual. Adrien Candiard – dominicano francês a residir na cidade do Cairo – consegue em breves páginas apresentar um exercício de leitura rico e incisivo sobre a qualidade da vida cristã, mantendo um tom coloquial próprio do contexto de pequenos grupos nos quais este livro encontrou a sua origem.
Uma história de salvação, um núcleo palpitante
Nesta belíssima obra agora disponível, James Dunn – biblista britânico que dedicou a sua vida ao estudo da história do primeiro século do Cristianismo – proporciona ao leitor uma viagem através dos diversos escritos do Novo Testamento, neles buscando os traços da mensagem e da vida de Jesus.
"O Mundo e a Igreja - Que Futuro?"
Um livro de Anselmo Borges para pensar
O que escrevo aqui sobre a última obra do padre Anselmo Borges, teólogo e professor de Filosofia, é um pequeno apontamento e só uma leitura atenta e meditativa – voltando quiçá atrás, devido a uma frase que nos chamou a atenção – poderá abarcar a sua completude.
Natal, criação e beleza (23)
As pequenas gavetas do amor
Elisa Costa Pinto traz mais um poema para esta quadra, acompanhado de uma fotografia da sua autoria.
Natal, criação e beleza (21)
Tenho uma coisa para te entregar
Décima primeira foto da autoria de Elisa Costa Pinto, professora de Português e Literatura Portuguesa no secundário, que tem desenvolvido projectos de promoção da leitura, acompanhada de poema por ela escolhido.
In Memoriam
A BD, a resistência e o São Paulo de João Paulo Cotrim
O jornalista, escritor e editor João Paulo Cotrim morreu este domingo no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, depois de ter sido hospitalizado no final de Novembro. Tinha 56 anos e em Setembro organizara a Quinzena Jean Moulin, sobre a passagem pela capital...
Natal, criação e beleza (20)
O que deixo aos meus amigos
Décima foto da autoria de Elisa Costa Pinto, professora de Português e Literatura Portuguesa no secundário, que tem desenvolvido projectos de promoção da leitura, acompanhada de poema por ela escolhido.
Natal, criação e beleza (13)
O cheiro do vento
Sétima foto da autoria de Elisa Costa Pinto, professora de Português e Literatura Portuguesa no secundário, que tem desenvolvido projectos de promoção da leitura, acompanhada de poema por ela escolhido.
Natal, criação e beleza (11)
A nossa dádiva
Sexta selecção de fotos da autoria de Elisa Costa Pinto, professora de Português e Literatura Portuguesa no secundário, que tem desenvolvido projectos de promoção da leitura, acompanhada de poema por ela escolhido.
Natal, criação e beleza (10)
A um gato
Quinta selecção de fotos da autoria de Elisa Costa Pinto, professora de Português e Literatura Portuguesa no secundário, que tem desenvolvido projectos de promoção da leitura, acompanhada de poema por ela escolhido.
O mundo nas nossas mãos (2)
Ler juntos, interessar-se pelos outros
Uma obra literária tem a criatividade de quem a escreve e a criatividade de quem a lê; estamos perante um potenciador da reflexão, seja concordando ou discordando, que não devemos abandonar. Abandonar a literatura seria um retrocesso civilizacional.
Natal, criação e beleza (4)
A casa
Um poema de Elisa Costa Pinto sobre o Natal.
Crónicas de Ana Sofia Brito
Um livro da rua e do 7Margens
É um livro que começou no primeiro confinamento ditado pela pandemia, em Março de 2020. Ana Sofia Brito aproveitou os dias sem sair de casa para vasculhar todos os seus cadernos e papéis. Rasgou muito do que lhe entulhava as gavetas, mas também aproveitou muito – nas suas palavras, o que achava decente. O convite para escrever para o 7MARGENS e o encorajamento aí recebido levaram à ideia de um livro.
A dançarina em dezembro
A menina dança em dezembro para aquecer a alma. Dezembro é a dança melodiosa que ilumina a árdua coreografia do resto do tempo. O seu peito trémulo e arquejante espreita ousado para dentro das casas onde lareiras ardem a deitar cheiro, a menina imagina que é os outros meninos no aconchego dos agasalhos, cheios de pai e mãe, cheios de jantar e luz.
III Domingo do Advento
“está a chegar quem é mais forte do que eu…”
Por acordo com a Capela do Rato, o 7MARGENS publica os quatro postais e as orações respectivas de cada domingo, bem como a “memória descritiva” preparada pela artista, para apresentar a sua obra. O terceiro postal e respectivos textos reproduzem-se a seguir. O último será publicado no próximo domingo.
Edição inédita
O nascimento da hermenêutica bíblica com Santo Agostinho
Da Interpretação do Génesis – Dois livros contra os maniqueus e Da Interpretação Literal do Génesis – uma obra inacabada são os títulos que a partir de agora ficarão disponíveis, com as interpretações de Agostinho de Hipona, Santo Agostinho, ao Génesis, o primeiro livro da Bíblia.
Novo livro de Tolentino Mendonça
Sobre a beleza do mundo sem nome
Acaba de sair o último livro de poemas de José Tolentino Mendonça, Introdução à Pintura Rupestre (Assírio & Alvim, Outubro de 2021). Para um leitor habitual da poesia de Tolentino Mendonça, repete-se um pouco a experiência de reencontrar uma voz familiar, que no...
“Viagem a Portugal do século XIX”
Nélida Piñon apresenta novo livro no CCB, em Lisboa
O novo livro de Nélida Piñon, Um Dia Chegarei a Sagres, a escritora brasileira de ascendência galega, e uma das maiores escritoras de língua portuguesa, será apresentado nesta segunda-feira, 6 de Dezembro, no Centro Cultural de Belém, a partir das 18h30, pela escritora Inês Pedrosa.
Tempo de Advento (I)
“o Filho do homem numa nuvem…”
Desde há vários anos, a comunidade da Capela de Nossa Senhora da Bonança (conhecida como Capela do Rato), em Lisboa, assinala o tempo litúrgico do Advento com a publicação de postais com uma pintura encomendada a um(a) artista e um poema alusivo ao dia. Este ano, a convidada foi a artista algarvia Lígia Rodrigues, sendo os textos da autoria da escritora Leonor Xavier e do actor e encenador Luís Miguel Cintra.
António Barroso
Livros sobre o bispo-missionário apresentados no Porto
Dois livros sobre D. António Barroso, bispo do Porto entre 1899 e 1918 (e que antes tinha sido bispo em Moçambique e São Tomé de Meliapor, na Índia), serão apresentados nesta segunda-feira, 29 de Novembro, a partir das 21h, no auditório do Paço Episcopal do Porto.
Irene Vallejo, autora de “O Infinito Num Junco”
“A leitura dos Evangelhos é tremendamente revolucionária”
Mantém a fantasia de que o autor da Odisseia não é Homero mas o seu pai, que reinventava as histórias de Ulisses. Considera, aliás, que aquele texto traduz “as duas tensões da nossa vida: o desejo de voltar ao lugar seguro e, por outro lado, o desejo de aventura, de risco”. Irene Vallejo, nascida em Saragoça em 1979, autora de O Infinito Num Junco, esteve esta semana em Lisboa para participar na abertura das comemorações do centenário do nascimento de José Saramago e falar sobre o seu livro em entrevistas e debates. Em entrevista ao 7MARGENS falou também acerca da Bíblia, quase ausente do livro que apaixonou milhares de leitores em, por enquanto, mais de 30 países.
A mulher e os temas de Paulina Chiziane
Tambores rufando ao sabor dos ventos do Prémio Camões 2021
A primeira vez que ouvi falar na Paulina Chiziane foi na Faculdade de Letras da Universidade Eduardo Mondlane, instituição na qual ela e eu estudámos. Frequentámos o curso de Linguística, com saídas para essa área de saber, mais a Literatura. Não fomos colegas de turma. Ela tinha sido de um ano anterior ao meu. Feitas as contas, foi admitida nos anos 89/90 e eu fui aceite no semestre 90/91, segundo ano após a reabertura dessa instituição ora encerrada.
“Menino Menina” – um livro só para crianças?
Recentemente tive acesso ao livro de Joana Estrela, Menino, Menina (Planeta Tangerina, 2020) que aborda as questões de género. Não pude deixar de ter este pensamento recorrente: dramatiza-se e lançam-se impropérios sobre a ideologia de género e aqui está tudo tão bem explicado às crianças, de modo simples e objetivo!
Saborear os Clássicos (VII)
Antero de Quental (1842-1891): “Já sossega, depois de tanta luta”
Poeta, jornalista e polemista, filósofo, político, Antero de Quental foi o elemento mais importante da célebre Geração de 70, que teve grande impacto no nosso país e da qual se comemoraram os 150 anos em 2020. Um percurso pela sua vida e obra.
Reflexões da minha cabana
Uma joia da literatura clássica japonesa
O ensaio do monge budista e poeta Kamo no Chōmei (1155-1216), denominado Hōjōki, publicado em 1212, pertence aos clássicos japoneses mais apreciados e a sua primeira menção remonta a 1222, aparecendo em Kankyo no tomo, obra constituída por 32 histórias budistas.
Na morte do poeta
para o Fernando Echevarría, mas não à sua memória
Conheci o Fernando Echevarría há alguns anos quando juntos animámos no Metanoia uma sessão sobre os nomes de Deus que a poesia enuncia em nós, ou não, ou só. Da sua sala sobre o rio aberta recordo cada gesto afável, a tenaz humildade de quem um dia disse, e fez, e um campo escolheu e o lavrou. Mas sobretudo uma orelha enorme suspensa sobre a tarde, à escuta do que talvez não fale.
(1929-2021)
Fernando Echevarría
Fernando Echevarría era um poeta desafectado, que ria com vontade, quando lhe contavam que um dos seus primeiros livros, “Introdução à filosofia”, constava nas prateleiras de uma biblioteca ao lado de Aristóteles. Considerava-se, às vezes, um simples homem, de modo levemente abrutalhado, com pouco jeito para preitos, vassalagens, convénios, mesuras ou trapalhadas.
Poesia
Ainda…
“Ainda há pouco houve um tempo que nos fechou em casa/ O que era deixou de ser e o presente congelou/ Estalou o verniz e os corações se revelaram/ O invisível deu-se a ver no sofrimento e solidão”…
Saborear os Clássicos (VI )
“Pensa Fraternalmente” – Um Fernando Pessoa desconhecido
Pedro Teixeira da Mota investigou na célebre arca de Pessoa, e também no espólio do poeta na Biblioteca Nacional, textos na sua maioria inéditos, relativos à Metafísica, Esoterismo, Caminho Iniciático. Em geral, não é muito referida nem objecto de estudo e de investigação esta vertente pessoana, sobre a qual Maria Eugénia Abrunhosa se debruça neste texto.
Novo livro
Há dois mil anos de presença judaica em Portugal e Esther Mucznik foi à procura dessa história
O que nos diz a história de quase dois mil anos de presença judaica no território que é hoje Portugal? Partindo desta pergunta, a investigadora em temas judaicos Esther Mucznik escreveu um livro que pretende mostrar como “a vida dos judeus portugueses é indissociável da história de Portugal”. A obra, com o título Judeus Portugueses – Uma história de luz e sombra (ed. Manuscrito), será apresentada nesta terça-feira, 28, às 18h30, no espaço cultural do El Corte Inglés, de Lisboa.
José Cardoso Pires por Bruno Vieira Amaral
Um Grande Homem: Integrado Marginal
Integrado Marginal foi leitura de férias junto ao mar, entre nevoeiros e nortadas que me levavam a recorrer a esplanadas cobertas para ler enquanto tomava um café bem quente. Moledo do Minho no seu inquieto esplendor… e capricho! Tinha lido algumas obras de José Cardoso Pires: Lisboa. Livro de Bordo (feito para a Expo 1998); O Burro em Pé (livro para crianças); Alexandra Alpha; De Profundis: Valsa lenta; O Delfim.
Abertura de Os Dias de Dante
Cardeal Tolentino Mendonça: “A Divina Comédia” como pedagogia do olhar
A Divina Comédia, de Dante, “pode ser lido também como uma pedagogia poética e espiritual do olhar, como um itinerário de aprendizagem da visão”, afirmou o cardeal José Tolentino Mendonça, na quinta-feira, 23, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Da intervenção, o 7MARGENS publica, por cedência do autor, alguns excertos.
700 anos da morte do poeta
Cardeal Tolentino abre Dias de Dante em Lisboa
Nos 700 anos da morte de Dante Alighieri, Lisboa acolhe os Dias de Dante, uma oportunidade para revisitar ou conhecer este poeta italiano “cuja obra marca profundamente a memória coletiva do Ocidente”. José Tolentino de Mendonça fará conferência de abertura.
Estreia na Igreja de São Tomás de Aquino
Das trincheiras da Grande Guerra pode ter nascido este concerto sobre o mundo
“Os primeiros esboços deste texto terão surgido nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial”, explica o compositor Alfredo Teixeira, autor da Missa sobre o Mundo, obra para órgão e voz recitante que terá a sua estreia mundial absoluta no próximo sábado, 18 de Setembro, às 16h30 (entrada livre, sujeita ao número de lugares existentes). A obra, construída a partir de excertos do texto homónimo de Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955), padre jesuíta e paleontólogo, abrirá a temporada de concertos na Igreja Paroquial de São Tomás de Aquino, em Lisboa.
[D, de Daniel]
homens que escavam dia após dia o pensamento
Conheci um homem quando ele tinha decidido que chegara a hora de tornar-se Velho. Conheci-o quando eu tinha decidido que chegara a hora de tornar-me Cristão. Ele nos sessentas, eu nos vintes.
Poema inédito
Nem vencidos nem vencedores
Nem vencidos nem vencedores / Apenas nos ouvimos por dentro / E entre os tremores e temores / Escutamos o clamor do nosso tempo (…) Um poema inédito de Liomarevi.
Livro
Conduzidos até ao Sétimo Dia
A escrita de Daniel Faria não permite leituras rápidas ou imediatas: leituras que, por outras palavras, fechem a força do texto e o encerrem numa “mensagem”. Chegará o tempo, a prolongar-se, dos ensaios de leitura pessoais deste inédito agora publicado sob o título de Sétimo Dia; este é o momento de dar a notícia, de chamar a atenção, de convidar à leitura, de dizer: está aqui. É uma ocasião a marcar.
[D, de Daniel]
e agora sei que oiço as coisas devagar
Para isto me abeirei da poesia, para o duplo milagre do vagar e da escuta. Preciso do silêncio de que é feito o poema, o branco da página a céu aberto. E da palavra ponderada, arredondada na boca antes de ser escrita, húmida ainda de saliva e sangue. E luminosa como uma janela oriental.
Morte do poeta
Pedro Tamen (1934-2021): “A situação do poeta é em tudo comparável à do místico”
O poeta Pedro Tamen morreu nesta quinta-feira, 29, em Setúbal, com 86 anos.
Lançamento
Um livro para entender o imaginário católico de Sting
Evyatar Marienberg, historiador da religião na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, escreveu um livro sobre a imaginação católica de Sting e de como ela alimentou a sua criatividade. Antes de ser quem é na cena do rock internacional como o principal compositor e vocalista do Police, Sting (nascido Gordon Sumner em 1951) cresceu na cidade de Wallsend, Inglaterra, e frequentou escolas católicas. Recebeu o Crisma aos 14 anos e casou-se com sua primeira esposa na Igreja Católica aos 25 anos.
Missa encerra comemorações
Afinal, há mais 20 poemas inéditos de Frei Agostinho da Cruz
A publicação de vinte poemas inéditos atribuídos a frei Agostinho da Cruz marca o encerramento das comemorações dos 400 anos da morte e 480 do nascimento do poeta da Arrábida, que se assinala neste sábado, 17 de Julho, em Azeitão, com a celebração de uma missa presidida pelo bispo de Setúbal, D. José Ornelas, na Igreja de São Lourenço.
Terça, 22, em Lisboa
O antirracismo de Vieira em debate na Brotéria
“O elogio da cor preta ou o antirracismo de Vieira: ousadias e limites da crítica esclavagista vieirina” é o tema da conferência que a revista Brotéria promove nesta terça-feira, 22, às 18h30, nas suas instalações em Lisboa (Rua São Pedro de Alcântara, 3, ao Bairro Alto). O historiador José Eduardo Franco, autor de livros como O Mito dos Jesuítas, é o convidado para esta sessão.
Teatro
Leituras encenadas trazem clássicos do século de ouro do teatro português
Quinze textos do “século de ouro” da cultura e do teatro em Portugal serão recriados com leituras encenadas, pelo grupo Teatro Maizum, no Festival de Teatro Clássico Português, que decorre na semana que agora se inicia, entre segunda-feira, 21, e sexta, 25 de Junho, sempre a partir das 19h. O Festival integra ainda, no último dia, entre as 14h15 e as 18h30, as primeiras Jornadas de Teatro Clássico Português, que contarão com a participação de especialistas portugueses e brasileiros.
Uma viagem pela adoção
Compaixão Ativa – a propósito do livro “As Crianças Invisíveis”
"Quanto maior fores, pior será, serás invisível”. Nova participação no 7MARGENS: no meu caso esta participação, durante a pandemia, tem sobretudo incidido em literatura e livros, dadas as limitações do confinamento em que (ainda) vivemos. Não tenho viajado, não...
Livro
As casas e os espaços dos primeiros cristãos
Esta obra apresenta uma coletânea de textos dos quatro primeiros séculos sobre os espaços que os cristãos criaram para celebrar a sua fé, desde homilias a catequeses pascais, de cartas a escritos teológicos. O leitor é introduzido neste património literário por um amplo estudo de Isidro Lamelas.
Concerto em Lisboa
Música de Pärt e Teixeira para um tempo de confiança
Hinário para um tempo de confiança, obra musical de Alfredo Teixeira, sobre textos de frei José Augusto Mourão, e The Beatitudes (As bem-aventuranças), do estoniano Arvo Pärt, raramente interpretada em Portugal, são as duas peças que marcam o regresso do Ensemble São Tomás de Aquino à sua temporada de concertos, neste sábado, 5 de Junho, às 21h, na Igreja Paroquial de São Tomás de Aquino (R. Virgílio Correia, em Lisboa).
Papa já recebeu
Um livro do geral dos jesuítas para fazer perguntas sobre Deus e sobre o mundo
O livro A Caminho com Inácio, que reproduz um conjunto de entrevistas dadas pelo actual superior geral dos jesuítas, padre Arturo Sosa, ao jornalista espanhol Darío Menor, correspondente de vários média em Roma, surge a propósito da celebração dos 500 anos da conversão do fundador da Companhia de Jesus.
Saborear os Clássicos V
Júlio Dinis – a modéstia e o perfume das violetas
O escritor Júlio Dinis (1839-1871) – na verdade o médico Joaquim Guilherme Coelho – nasceu de uma família da alta burguesia portuense. O pai, médico; a mãe de origem inglesa e irlandesa – os avós, pelo menos, comerciantes, já cá viviam. Estuda na Escola Médica. Acabado o curso com distinção, torna-se lente nessa Escola. Siga aqui neste artigo o seu percurso como autor
“À Sombra do Silêncio” – Elogio ao poeta do ‘pensar emocionado’
Que coisa é a poesia, o pensamento poético, senão o labor silencioso da captação da ausência, do invisível que está aí para que se veja, se apresente? Só um fino olhar, transfigurado e transfigurador, captará tal modo de ser presença. Este pensar sensível, que mantém a tensão entre o conceito e a intuição, a razão e a pulsão, mantem-nos despertos do longo sono do racionalismo estrito, de uma razão tecnológica glicémica, mas estreita e pesada, que nos adormece e embala, de teorema em teorema, não obstante a condição trágica em que os humanos vivem – a permanente e inacabada “noite do Getsémani”.
Alusões a um corpo ausente
Cada pessoa que fizer uma evocação de José Augusto Mourão fá-lo-á de um modo diferente. O percurso biográfico de Mourão presta-se a essa pluralidade quase heterodoxa, diferente das narrativas oficiais com as quais se canoniza uma vida e uma determinada biografia da mesma.
Flannery O’Connor e “Um Diário de Preces”
Flannery O’Connor foi uma escritora norte-americana (1925-1964), falecida aos 31 anos de lúpus, doença degenerativa precocemente diagnosticada (aos 12 anos) e que, depois de lhe terem sido dados cinco anos de vida, Flannery conseguiu, com uma vontade indomável, prolongar por mais 10 anos. Católica convicta, viveu em Savannah, na Geórgia, no sul protestante e conservador. Escreveu sobretudo sobre a decadência do sul da América. Fez uma licenciatura em Inglês e Sociologia e uma pós-graduação através de um writer’s workshop (oficina de escrita) na Universidade de Iowa. Escreveu 32 contos e dois romances.
Verbalizar o desejo
Em Rezar de Olhos Abertos, José Tolentino Mendonça assume a missão de guiar o crente e a comunidade (alguns textos surgem nesse contexto) na verbalização orante, inserindo-se assim numa tradição espiritual que conhece nos Salmos a sua expressão talvez mais plena e fecunda.
Lídia Jorge pede à Igreja padres “cultos” e capazes de “dialogar”
A escritora Lídia Jorge considera que entre vários padres subsiste uma ignorância em relação a criações elementares da arte e da cultura, que é preciso corrigir para aproximar a Igreja de mais pessoas. Ao mesmo tempo, diz que muitas homilias sobre o mesmo texto bíblico se repetem ao longo de décadas, indiferentes às mudanças no mundo.
A Páscoa é sempre “pagã”
A Páscoa é sempre pagã / Porque nasce com a força da primavera / Entre as flores que nos cativam com promessas de frutos. / Porque cheira ao sol que brilha na chuva / E transforma a terra em páginas cultivadas / Donde nascem os grandes livros, os pensamentos / E as cidades que se firmam em pactos de paz.
Ler Saramago em conjunto num zoom de Lisboa a Roma
O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago, foi a obra escolhida para dar o mote ao encontro organizado por dois clubes de leitura, um de Roma, outro de Lisboa, que decorrerá via Zoom, dia 16 de abril, às 18h00. Uma segunda sessão, na qual participará Pilar del Rio, presidente da Fundação José Saramago, terá lugar a 25 de junho, também às 18h00. A inscrição é gratuita e está aberta a todos.
Daniel Faria e a sua “arte de criar amigos”, segundo o bispo Carlos Azevedo, presidente da Casa Daniel
Devemos ao bispo Carlos Azevedo, hoje delegado no Conselho Pontifício da Cultura, a primeira edição dos primeiros livros de Daniel Faria, cujo 50.º aniversário de nascimento se assinala neste sábado, 10 de Março, com a realização de diversas iniciativas promovidas pela Casa de Daniel.
Lavou-nos a Cruz os olhos, enxugou-os o túmulo vazio
O Sábado antecipa o despertar de Domingo de Páscoa. A cruz lavou-nos os olhos, enxugados pelo túmulo vazio. Uma proposta de meditação pascal, a partir de dois poemas de Luís Soares Barbosa. DÉCIMA TERCEIRA ESTAÇÃO O próprio caminho veio ao teu encontro e te...
O Olival (um mistério de Paixão)
Em Sexta-Feira Santa do calendário cristão, o 7MARGENS faz a proposta de excertos de um Mistério (drama), de Michel Pochet, selecionados e lidos pelo ator Júlio Martin. Em cada uma das partes, apresenta-se uma obra de arte, o texto e a gravação do mesmo.
A Estátua da Liberdade, o rabino patriota e o príncipe mercador – Os judeus portugueses na América (pré-publicação 7M)
A Liberdade, que desde 1886 recebe de chama na mão quem se aproxima de Manhattan, guarda aos seus pés a memória de uma diáspora com origens no lado de cá do Atlântico. Emma Lazarus, a autora do poema gravado no pedestal da estátua, conseguia recuar a sua ancestralidade até um judeu de Lisboa que, em 1738, chegara àquela mesma cidade de Nova Iorque.
Os Dias da Semana – As pedras da poesia
O Dia Mundial da Poesia celebrou-se domingo passado, dia 21. Em diversos lugares a efeméride foi, talvez, aproveitada para tirar da estante alguma antologia de poemas sobre o amor, os gatos, o mar ou a saudade. Sobre pedras, não há ainda qualquer colectânea.
Guerra Junqueiro: Peregrino em contínuo desenraizamento
Abílio Manuel Guerra Junqueiro nasceu em Freixo de Espada-à-Cinta (Bragança, Trás-os-Montes), de uma família abastada. Matriculou-se em Coimbra na Faculdade de Teologia; dois anos depois mudou para a Faculdade de Direito. Pertenceu à Geração de 70, denominação do grupo de intelectuais que, na década de 1870, quiseram renovar a cultura portuguesa, na fase decadente do Romantismo.
Os Dias da Semana – Um mau poema suja o mundo
Bons espíritos sustentam que a poesia ocidental fala quase exclusivamente de amor e de morte. Não seria, também por isso, de estranhar o tema do poema inédito de Joan Margarit, que poderá ter sido escrito no período em que o autor teve de enfrentar o cancro que o vitimaria.
Encarnar a vida
Avanço entre os clamores do desespero e da esperança/ Sem olhar para trás como a mulher de Ló/ Levo o passado nos pés e o futuro na voz/ Com eles vou desenhando à mão o caminho.
“Menina e Moça”, os judeus sefarditas e a emanação feminina de Deus
Gritos de espanto e assombro do poeta judeu português, Samuel Usque, face à perseguição e tragédia do seu povo. Dor que transcende o Universo. Atracou em Sepharad – nome judaico dado à Península Ibérica – nos séculos II ou III, numerosa comunidade judaica que aqui se estabeleceu: artesãos, cientistas, comerciantes, escritores, filósofos, juristas, médicos, frequentadores das cortes e conselheiros de reis.
Palavra e Palavras
Durante as semanas de Advento li o novo livro de Valter Hugo Mãe (VHM), Contra Mim. Trata-se de um livro que revela quem é Valter Hugo Mãe. A sua leitura literalmente me encantou e fez emergir múltiplas epifanias. Um grande livro, um grande escritor. Uma prosa lindíssima e original. Uma profunda busca de Deus.
Uma peregrinação interior com “Triságia”
Ao percorrer as páginas do livro Triságia, fi-lo em diferentes modos, ritmos e olhares, numa cadência que passou pela curiosidade, atravessou a espessura do desconhecido e mergulhou na profundidade. Primeiro, o livro ficou à espera, à minha espera em cima da mesa, junto de outros livros não lidos. De vez em quando deitava de soslaio o olhar àquela capa manchada de tinta alilasada. O título Triságia empurrava-me para o dicionário, mas tinha preguiça de procurar. Aliás, quando falei do livro a uma amiga, a pergunta saltou: Que significa essa palavra?
Quando o Cristo-Rei voou
À luz das estrelas floriram-lhe as asas / E ao albor o Cristo-Rei lançou-se e voou… (um poema de Liomarevi)
Cardeal Tolentino: “Para quem não passou pela guerra, este talvez seja o momento de maior incerteza”
“Há um sentimento de uma certa desesperança ou de cansaço” que se abate sobre todos, diz o cardeal Tolentino Mendonça, a propósito da pandemia e da forma como as pessoas estão a reagir. E acrescenta: “Talvez, para muitos adultos que não passaram por uma experiência de guerra, este seja o momento da sua história de maior incerteza e de maior pessimismo em relação ao futuro.”
Os filhos dos dias, de Eduardo Galeano
Fazer corresponder a cada dia do ano uma breve história ocorrida nesse dia em tempos mais ou menos recentes ou mais ou menos remotos é o propósito de Eduardo Galeano em “Os filhos dos dias”. Protagonizadas por todo o tipo de gente, anónima ou famosa, desprezível ou admirável, de múltiplos cantos do planeta (incluindo Portugal), as histórias oferecem um testemunho quotidiano, que pode ser também um ensinamento ou uma interrogação.
Todos os Santos
Todos os Santos/ Mesmo aqueles que não conhecemos/ Que viveram no silêncio e anonimato/ Com pequenos gestos e palavras/ Mas que nos cuidam em cada dia…
A resposta do cardeal Tolentino ao secretário-geral Guterres (e o livro como sonda apontada ao futuro)
“Os livros fizeram a Europa”, disse Tolentino Mendonça, ao receber o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva. Guterres interpelou o bibliotecário da Santa Sé através de vídeo e o cardeal respondeu com três palavras. E disse que os livros são “telescópios e sondas apontados...
Uma simples prece
Nem todos somos chamados a um grande destino/ Mas cada um de nós faz parte de um mistério maior/ Mesmo que a nossa existência pareça irrelevante/ Tu recolhes-te em cada gesto e interrogação
Encontraremos juntos outras perguntas (poema)
Não me digas o que é a felicidade / Faz-me feliz! / Não me digas a quem devo amar, ou o que é o amor /Ama-me!
Um Poema sobre Deus
Nestes últimos dias, ao ler o livro de José Luís Peixoto, O Caminho Imperfeito – que descreve a sua experiência de viagens à Tailândia e a Las Vegas (Quetzal, 2017) –, emerge subitamente, saído do nada e sem quaisquer comentários do autor o poema muito belo que abaixo transcrevo, o único poema do livro (p. 106).
Notre-Dame de Paris, de Victor Hugo: coração e renascimento
Ramalho Ortigão e Eça de Queirós estiveram em Notre-Dame, em Paris, no dia 10 de Agosto de 1883. O escritor encontra-se já na Alemanha quando recorda aquela que considera ser “a catedral do romantismo”. Notre-Dame, afirma Ramalho Ortigão, é, para ele e para os que, como ele, são “artistas latinos, latinos pela raça, latinos pela religião, latinos pela família literária”, “a igreja paroquial, a igreja da grande freguesia do espírito a que pertencemos”.
Hoje nasceu-nos uma menina (poema)
Já não esperávamos filhos, nem futuro/ mas entre nós o puro amor ainda ardia/ e assim nasceu a fonte eterna, de um deserto de um sonho e de um beijo na porta áurea.
O menino que não via o sol, mas que o tinha dentro de si
Mussa era o menino cego que não via o sol. Mas via o que não viam nenhum dos outros meninos e meninas da aldeia, nenhuma das mulheres grandes ou dos homens crescidos. O modo de Mussa ver era sentir. E foi a sentir, com uma luz que vinha do coração, que, um dia, Mussa salvou os outros meninos e meninas seus amigos. Mussa não via o sol, porque tinha o calor dentro dele.
A nuvem do não-saber: “Quanto mais o leres, melhor o compreenderás”
No Prólogo, o Autor anónimo desta obra enumera quem não deve ler o livro: “os bajuladores, os tagarelas carnais, os linguareiros, os detractores, os que espalham boatos, e toda a espécie de críticos e de curiosos”. Exceptuam-se “os activos (…) tocados pelo espírito de Deus”.
Do prazer da leitura como exercício espiritual – as comunidades de leitores como um outro modo de ser crente? (ensaio)
Por todo o lado se constituem comunidades de leitores de literatura universal, de pessoas que encontram nos livros o motivo para a hospitalidade da alteridade. Como é sabido, a prática da leitura comunitária e pública da Torah era fundamental para o judaísmo rabínico em torno do Talmude. A chamada lectio divina (meditação orante da Palavra), praticada primordialmente nos mosteiros, assume essa linha da tradição hebraica e amplia-a como modo de ser fundamental da experiência cristã do evento originário crístico.
“Cinco réis de gente”, um hino à Vida e à relação com a Natureza
Quando um escritor se inspira na infância – e se a esta não faltou afectividade – o mistério da vida que as crianças intuem profundamente, os instantes gravados na memória, sublimam-se e ficam para sempre. É disso que trata este “romancito”, expressão usada pelo autor na dedicatória.
Profecia aos cristãos (poema livremente inspirado nas palavras de Martin Niemöller)
Primeiro quiseram exterminar os cristãos da Arménia / Mas não nos importámos com isso / Nós não eramos arménios…
Aquilino e Bartolomeu dos Mártires: o “pai dos pobres e mártir sem desejos”
Aquilino Ribeiro, escritor de prosa escorreita, pujante, honrou a dignidade da língua portuguesa à altura de outros antigos prosadores de grande qualidade. Irmanado com a Natureza beirã: aves, árvores, animais e homens. Espirituoso e de fina ironia, é bem o Mestre da nossa Língua. Em “Dom Frei Bertolameu” faz uma espécie de hagiografia do arcebispo de Braga, D. Frei Bartolomeu dos Mártires (1514-1590), canonizado pelo Papa Francisco a 6 de Julho de 2019.
Sedutora viagem no espaço e no tempo
O autor, arquitecto de formação universitária inicial – algo de relevante para entendermos esta obra fascinante – é sacerdote jesuíta, aspecto que, de imediato, identifica uma singularidade do olhar marcada pelos exercícios espirituais inacianos. Que lugar desempenhará, então, esse fragmento que interrompe o título – [Gráfico], onde uma outra convocação estética, de coabitação do textual e do visual se indicia?
Tolentino Mendonça vence Prémio Europeu Helena Vaz da Silva 2020
O cardeal José Tolentino Mendonça venceu a edição deste ano do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, por aquilo que o júri considerou o seu contributo excepcional na “divulgação da cultura e dos valores europeus”, anunciou no sábado, 13 de Junho, o Centro Nacional de Cultura (CNC), uma das entidades promotoras do galardão.
Exposição sobre Frei Agostinho da Cruz (re)abriu em Lisboa
A exposição Frei Agostinho da Cruz e a Espiritualidade Arrábida, patente no Museu do Oriente, em Lisboa, reabriu já, depois de ter sido encerrada poucos dias depois da sua inauguração, a 13 de Março, devido à pandemia.
Eugénio de Andrade: a mística do corpo
Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas (Póvoa de Atalaia, Fundão, 19 de Janeiro de 1923 – Porto, 13 de Junho de 2005), um dos mais prestigiados e traduzidos poetas portugueses; nasceu numa família de camponeses, prosseguiu os seus estudos em Castelo Branco, Lisboa e Coimbra. Integrado na Inspecção de Serviços Médico-Sociais, viveu os últimos 50 anos da sua vida no Porto. Morreu faz agora 15 anos.
Semana Laudato Si’(2): oxigénio, desafios e Jerusaquém (dois depoimentos e um poema)
Depoimentos de Irene Guia e Ivo Francisco, a propósito da Semana “Laudato Si'”, proposta pelo Papa Francisco para assinalar os cinco anos da publicação da encíclica sobre o “cuidado da casa comum”. E o poema “Jerusaquém”, de Limorevi.
Luis Sepúlveda (1949-2020): viajar para contar
“Eu estive aqui e ninguém contará a minha história”. A frase com que Luis Sepúlveda se confrontou no campo de concentração de Bergen Belsen marcou-o. Deparou-se com ela numa extremidade do campo e muito próximo do lugar onde se erguiam os infames fornos crematórios. Na superfície áspera de uma pedra, viu que “alguém (quem?) gravou, talvez com o auxílio de uma faca ou de um prego” esse que considerou como “o mais dramático dos apelos”.
Fr. Agostinho da Cruz, professor da liberdade (e o seu último poema, quase “inédito”)
Da leitura dos poemas de Frei Agostinho da Cruz, nascido no dia 3 de Maio de 1540 (faz 480 anos), na vila de Ponte da Barca, nunca saímos de mãos vazias. Ao lê-lo, esquecemos que a sua linguagem tem mais de quatrocentos anos. Trata-se de um poeta cuja actualidade se torna patente a cada hora de convívio. Não se limitou a revestir de beleza artificial os lugares comuns do seu tempo. Confrontamo-nos com um ser que se expôs em cada linha, na sua biografia tumultuosa, cheia de “guerras” e de desilusões.
Diários de quarentena (39): “A Verdadeira Liberdade”, de Álvaro de Campos, dito pelo TUT
A liberdade, sim, a liberdade!
A verdadeira liberdade!
Pensar sem desejos nem convicções.
25 de Abril sempre! Mesmo (e sobretudo) em tempo de pandemia
Não fizemos um estudo científico, mas não estaríamos a mentir se disséssemos que nunca como este ano nos chegaram à redação tantas informações de iniciativas para celebrar o Dia da Liberdade. Dos municípios aos museus, passando por ONGs, companhias de teatro e IPSS – sem esquecer a Assembleia da República, cuja sessão terá provavelmente uma excelente audiência depois de toda a polémica que a envolveu, a lista é quase interminável. E original. Em tempo de pandemia, 46 anos depois da revolução, este será um 25 de abril em grande parte virtual, mas com uma vontade bem real de celebrarmos e estarmos juntos.
Diários de quarentena (35): Por quem os sinos dobram (e a foto de quando podíamos estar juntos)
Muitos europeus, quando tomaram consciência da pandemia do covid-19 e se preparavam para a quarentena, correram a comprar A Peste, de Albert Camus, e Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago. Os dois romances subiram nos tops de alguns países. Perante uma crise que atrai o adjetivo “inimaginável”, talvez algumas pessoas busquem na ficção, além de um refúgio, uma forma de, recorrendo à imaginação de outros, se prepararem para situações imprevisíveis.
Diários de quarentena (33): Registar o tempo que passa
Dizem os historiadores que a Guerra da Secessão (1861-64) é a primeira sobre a qual se sabe muito, se pode investigar e conhecer imenso. Porquê? Porque, ao contrário do que se passara em anteriores conflitos, nela muitos soldados e baixas patentes sabiam escrever. E escreveram. Diários, cartas e outros textos. Sobretudo cartas. Durante a guerra e nos anos posteriores. Um enorme registo de emoções, razões, expetativas, interpretações, sofrimentos e alegrias.
Diários de quarentena (32): O que fazemos para ultrapassar esta quarentena? (e um poema de Miguel Torga)
Joana Damasceno, Ana Carapina e Lara Martins, alunas de Educação Moral e Religiosa Católica do Agrupamento de Escolas José Estêvão (Aveiro): O que é a nossa quarentena. “Neste vídeo mostramos o que temos feito para ocupar a nossa quarentena. Pode também servir como ideias de atividades para outras pessoas, há muita coisa que se pode fazer! Em fundo, Joana Damasceno canta Andrà Tutto Bene (Tudo ficará bem), de Cristóvam.
Diários de quarentena (26): Se não te abrires, irei à tua procura; Esperança; e uma oração em tempo de pandemia
Não sei porque é que o faço desde domingo passado, a verdade é que acordo todos os dias, cedo, para a ver; para ter a certeza de que está viva. E esta manhã estava e voltei a bendizer a senhora que ma apanhou, fugira eu do fartanço da casa e fora beber um café.
“Ágora”: Inquietação de Deus, poesia que emerge da arte
Ágora, o novo livro de poemas de Ana Luísa Amaral, é uma combinação da bela poesia que lhe conhecemos com imagens de obras de arte. Melhor diria, são poemas que emergem da contemplação de obras de arte.
Diários de quarentena (23): Fonte de Vida e A Última Ceia
Trouxe as palavras e colocou-as sobre a mesa./ Trouxe-as dentro das mãos fechadas (alguns disseram/ que apenas escondia as feridas do silêncio).
Diários de quarentena (22): Um cartaz em Sintra e um poema de Drummond
Obrigado como todos nós a ficar em casa, Luís mandou estendeu uma bandeirola na varanda do seu apartamento, em Sintra: “Separados mas juntos!” Quem passa pela pequena praceta onde ele mora, sorri ao abraço. Não sabe é que o autor do bom grito, um jovem técnico de iluminação, 28 anos, desempregado, mandou o seu recado ao mundo quando também perdia a namorada
Egito Gonçalves, poeta desaparecido, mas presente
Falo de Egito Gonçalves, que faz 100 anos neste 8 de Abril de 2020 (Matosinhos, 1920 – Porto, 2001). Editor, tradutor, poeta com vasta obra publicada e traduzida em francês, inglês, castelhano, catalão, búlgaro, polaco, turco.
Diários de quarentena (20): Coronam Vitae e Quando chovia em abril
Quando chovia em abril, o cheiro da terra molhada era tão forte como a cor da mimosa amarela, naqueles dias da Semana Santa, em que eu corria a abrigar-me debaixo do seu tronco, a chorar a Paixão de Cristo e os pecados do mundo.
Tagore: Em busca de Deus
Rabindranath Tagore (1861-1941), Nobel de Literatura em 1913, é um grande poeta universal. Indiano, de família principesca, estudou Direito e Literatura, em Inglaterra, em 1877, não chegando a acabar o curso devido à secura do ensino superior ministrado. Tal como o seu amigo Gandhi, que sabia de cor e recitava todos os dias as Bem-aventuranças, foi atraído pelo cristianismo e
Diários de quarentena (19): Confinamento, Domingo de Ramos e a beleza do grupo (um poema e duas fotos)
Sim, há medo./ Sim, há isolamento./ Sim, há compras de pânico./ Sim, há a doença./ Sim, há mesmo a morte./ Mas, dizem que em Wuhan depois de tantos anos de barulho,/ Se podem agora ouvir os pássaros.
Editora francesa oferece “panfletos” sobre a crise
Sendo certo que as doações essenciais neste período de pandemia dizem respeito a tudo o que nos pode tratar da saúde física, não há razão para negligenciar outras dádivas. É o caso de uma das mais famosas editoras francesas, a Gallimard, que diariamente oferece textos que pretendem ser uma terceira via entre a solenidade da escrita de um livro e o anódino da informação de um ecrã.
Diários de quarentena (16): Labirinto sem saída
Por estes dias em que se começam a ouvir algumas queixas por este confinamento a que estamos sujeitos, tenho pensado no que será estar preso “a sério”.
Nick Cave e o espanto de Maria Madalena defronte do túmulo
É um assombro que espanta Nick Cave, aquele em que Maria Madalena e Maria permanecem junto à sepultura. Para o músico australiano, este é provavelmente o seu momento preferido da Bíblia. Jesus tinha sido retirado da cruz, o seu corpo depositado num túmulo novo, mandado talhar na rocha, e uma pesada pedra rolou para fazer a porta da sepultura. Os doze discípulos fugiram, só Maria Madalena e “a outra Maria” ali ficaram diante do túmulo.
Apesar de tudo, a liberdade
Sinto a doença à minha volta e à volta dos meus. E, nesta reclusão involuntária, lembro-me de Trujillo e de suas altas torres. Não de todas, mas de uma que, na sua delgada altivez, se assumiu como mirante.
Diários de quarentena (11): Quando vier a Primavera, poema de Alberto Caeiro
Quando vier a Primavera – um poema de Alberto Caeiro, escolhido por J. Lopes Morgado
Diários de quarentena (9): Corvida 20 e um vírus discriminatório
De repente o dia acordou sem cor / O olhar fechou-se entre o chão e o tecto / O som da rua é o da gota de água da torneira da cozinha / E a Terra encolheu-se num simples quadro…
Diários de quarentena (8): Viver confinado – (Part)Ida, poema de Daniel Faria e música de Alfredo Teixeira
Viver confinado é, também, uma experiência simbólica. Os primeiros cientistas socias, que estudaram o fenómeno urbano moderno, explicaram como nós, os humanos, usamos estratégias de distanciamento psíquico quando nos falta espaço.
“Louvor da Terra”, um jardim para cuidar
O filósofo sul-coreano (radicado na Alemanha) Byung-Chul Han é já conhecido do público português através da publicação de numerosos dos seus diretos e incisivos ensaios, onde a presença da pessoa numa sociedade híper-digitalizada é refletida e colocada em questão. Agora, em “Louvor da Terra”, possibilita-nos uma abordagem diferente e original, fruto da experiência do autor com o trabalho de jardinagem.
“A Banda Que Tocou fora da Graça de Deus”
Ao completar trinta anos de vida literária (1989-2019), António Breda Carvalho brinda-nos com um novo romance, que abre com um importante prefácio de Silas Granjo, neto do fundador da Banda, onde se enumeram as peripécias de um conflito que a opôs aos representantes da Igreja Católica entre 1922 (início da excomunhão) e 1939 (fim do interdito).
Al-Mutamid, poeta do Gharb al-Andalus, celebrado na Biblioteca Nacional
Al-Muʿtamid: poeta do Gharb al-Andalus é o título da mostra bibliográfica que será inaugurada às 18h desta segunda-feira, 3 de Fevereiro, na Biblioteca Nacional, em Lisboa. A mostra, que permanece aberta até 9 de Maio, pretende celebrar os 980 anos do nascimento de Al-Muʿtamid ibn ʿAbbād (Beja, 1040 – Agmate, 1095), poeta árabe do al-Andalus e rei de Sevilha durante o período islâmico medieval da Península Ibérica.
Ler para crescer espiritualmente: católicos descobrem livros e autores
A sensibilização para o gosto pela leitura, contribuindo para o enriquecimento espiritual, o amadurecimento psíquico e a intervenção na sociedade, são algumas das motivações presentes nas iniciativas de comunidades cristãs que, através do livro, por vezes não especificamente religioso, cruzam fé e cultura.
“Quatro Contos Dispersos”, de Sophia: a desordem da ordem estabelecida
Todos os contos que se seguem neste livro, apresentados como memórias autobiográficas, são exemplos dessa desordem da ordem estabelecida.
“Os Ciganos”: um invisível imperativo de liberdade
Com “Os Ciganos”, conto inédito de Sophia completado pelo neto, fica feito o convite a seguir um invisível imperativo de verdade e de liberdade, de forma a sermos capazes de saltar os muros dos preconceitos, que nos separam e impedem de participar na festa da fraternidade, preparada pelo diálogo respeitador e amistoso entre diferentes.
Sophia lida pelos mais novos (6) – A Floresta
Uma floresta onde se esconde um tesouro – e o que fazer com ele? Um convento de frades e um bando de bandidos, uma menina que acredita em anões e um anão que guarda a floresta há 200 anos. E ainda um músico que só precisa de 20 moedas e um cientista olhado como louco. Ingredientes de “A Floresta”, um dos contos infantis de Sophia de Mello Breyner, hoje aqui relido em textos e ilustrações de alunos do 4º ano, turma C, da Escola Básica Bom Pastor (Porto) – e ainda numa placa de pasta de modelar dos alunos do 6º ano do Externato da Luz (Lisboa).
Sophia lida pelos mais novos (5) – A Árvore
Uma árvore de que as pessoas gostam, que se transforma em sombra demasiada, que é cortada e partilhada, que se transforma em memória e cantiga, num barco grande ou em cerejeiras… A Árvore, um dos contos infantis de Sophia de Mello Breyner, é hoje aqui recontada com textos e ilustrações de alunos do 4º ano, turma C, da Escola Básica Bom Pastor (Porto).
A primeira poetisa da Europa
Comparada a Homero; segundo Platão, a décima Musa. Era «a Poetisa», tal como Homero era «o Poeta». Manuscritos, nunca os vimos. Provavelmente, queimados, devido ao fanatismo de eclesiásticos bizantinos. Só alguns poemas inteiros chegaram até nós; o resto são fragmentos. Porque nos fascina ainda, uma frase, um verso, passado 2600 anos?…
O pensamento nómada do poema de Deus
Uma leitura de “Uma Beleza que Nos Pertence”, de José Tolentino de Mendonça.
O aforismo, afirma Milan Kundera na sua Arte do romance (Gallimard, 1986), é “a forma poética da definição” (p. 144). Esta, prossegue o grande autor checo, envolvendo-se reflexivamente numa definição da definição, é o esforço, provisório, “fugitivo”, aberto, de dar carne de visibilidade àquelas palavras abstratas em que a nossa experiência do mundo se condensa como compreensão.
Trazer Sophia para o espanto da luz
Concretizar a possibilidade de uma perspectiva não necessariamente ortodoxa sobre os “lugares da interrogação de Deus” na poesia, na arte e na literatura é a ideia principal do colóquio internacional Trazida ao Espanto da Luz, que decorre esta sexta e sábado, 8 e 9 de Novembro, no polo do Porto da Universidade Católica Portuguesa (UCP).
“No tempo dividido” – Mistagogia da temporalidade na poesia de Sophia
Sophia chegou cedo. Tinha dez ou onze anos quando li O Cavaleiro da Dinamarca, cuja primeira edição data de 1964. É difícil explicar o que nos ensina cada livro que lemos. Se fechar os olhos, passados mais de 30 anos, recordo ainda que ali aprendi a condição de pe-regrino, uma qualquer deriva que não só nos conduz de Jerusalém a Veneza, como – mais profundamente – nos possibilita uma iniciação ao testemunho mudo das pedras de uma e às águas trémulas dos canais da outra, onde se refletem as leves colunas dos palácios cor-de-rosa.
Cada manhã o alvoroço da luz – um (quase) inédito de Sophia
Em 1990, Henrique Manuel Pereira, seminarista e responsável editorial da Atrium – Revista dos Alunos do Seminário Maior do Porto pediu a Sophia de Mello Breyner um poema para aquela publicação. Sophia respondeu com este poema, publicado no nº 8 (ano IV) da revista. O...
Nobel para Olga Tokarczuk, uma “mística na busca perpétua da verdade”
Uma das suas amigas, Kinga Dunin, explica sobre a vencedora do Nobel da Literatura, Olga Tokarczuk: “É uma mística na busca perpétua da verdade, verdade que só pode ser alcançada em movimento, transgredindo as fronteiras. Todas as formas, instituições e idiomas concertados são a morte.”
A beleza num livro de aforismos de Tolentino Mendonça
Um novo livro do novo cardeal português foi ontem posto à venda. Uma Beleza Que nos Pertence é uma colecção de aforismos e citações, retirados dos seus outros livros de ensaio e crónicas, “acerca do sentido da vida, a beleza das coisas, a presença de Deus, as dúvidas e as incertezas espirituais dos nossos dias”, segundo a nota de imprensa da editora Quetzal.
O que há neste lugar? – Guia de exploração, livro de espiritualidade
Poderá um guia de exploração da paisagem, para crianças e jovens, ser um livro de espiritualidade?
Penso que sim, e não apenas para crianças.
Frei Agostinho da Cruz, um poeta da liberdade em tempos de Inquisição
“Poeta da liberdade”, que “obriga a pensar o que somos”, viveu em tempos de Inquisição, quando as pessoas com uma visão demasiado autónoma “não eram muito bem vistas”. Uma Antologia Poética de frei Agostinho da Cruz, que morreu há 400 anos, será apresentada esta sexta, 14 de Junho, numa sessão em que Teresa Salgueiro interpretará músicas com poemas do frade arrábido.
Daniel Faria, “último poeta místico do século XX”, da “dimensão dos grandes”
“É o último poeta místico do século XX”, com uma “dimensão que o coloca na linha de uma Teresa d‘Ávila e dos grandes”, diz o bispo Carlos Azevedo, a propósito de Daniel Faria (10-04-1971 a 09-06-1999), autor de Explicação das árvores e de outros animais, que morreu na sequência de um acidente. Neste domingo, 9 de Junho, completam-se 20 anos sobre a morte de Daniel, pouco depois de festejar 28 de idade.