Prémio Literário

Livro de poemas de “memórias pessoais” de Tolentino premiado

| 17 Jun 2023

Tolentino Mendonça, Fátima, Pandemia, 13 Maio 2021

Foto de arquivo do cardeal Tolentino Mendonça em Fátima, quando da peregrinação de 13 de maio de 2021, ano em que publicaria o livro agora premiado. Foto © Arlindo Homem/Agência Ecclesia

 

O livro de poemas de José Tolentino Mendonça, Introdução à Pintura Rupestre, que pode descrever-se como a fixação da memória de uma infância, acaba de ser premiado com o Prémio Literário Francisco de Sá de Miranda.

Como notava Cristiana Vasconcelos Rodrigues, num texto no 7MARGENS, quando da edição do livro, “este exercício de fixação de uma memória é disposto, metaforicamente, como uma escavação arqueológica, presente desde logo no título do livro – a «pintura rupestre», designa o tempo antes da escrita, do verbo, o tempo das imagens, e remete-nos para o que depois, a cada poema, nos é dado ver: o exercício de leitura e de construção de uma narrativa da infância a partir de sinais, objectos, imagens por vezes fulgurantes, sensações soltas”.

Cristiana Vasconcelos Rodrigues apontava o facto de “o olhar que se vota a decifrar as imagens da «pintura rupestre»” ser “o de um estranho, feito de determinação e vulnerabilidade, que analisa, comenta, ensaia uma explicação a cada verso, adensando o sentido enquanto tacteia e se entrega ao «jogo de esconde-esconde» («Dos objetos») com os vestígios, «a presença subsistente de um resto» («Dos objetos»), firmando uma voz de pendor reflexivo, igualmente indiciado no título do livro: Introdução à…”

Instituído pela Câmara Municipal de Amares em parceria com o Centro de Estudos Mirandinos, o prémio é atribuído de dois em dois anos e tem um valor pecuniário de 7 500 euros. De acordo com o comunicado que deu nota do galardão, este prémio contempla a modalidade de poesia e destina-se a autores de língua portuguesa. 

No caso de Tolentino Mendonça, cardeal e prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, no Vaticano, o júri deixou um extenso elogio: “Composto por poemas evocativos de memórias pessoais, não raramente através de imagens impressivas e de versos pautados por uma notável sensibilidade, os poemas do livro não deixam, em igual medida, de ser uma profunda revisitação da nossa memória coletiva enquanto povo.” 

Capa de Introdução à Pintura Rupestre

Para os jurados, Introdução à Pintura Rupestre é um “livro de grande maturidade literária”, que “afirma-se, em versos ora densos, ora pautados por uma simplicidade tocante, como um questionamento implícito da condição humana, norteado por um olhar inocente, embora longe de ingénuo, que só a memória da infância transmite na sua pureza primordial”. 

O júri foi composto por Sérgio Guimarães de Sousa (diretor do Centro de Estudos Mirandinos e Professor da Universidade do Minho), Isabel Morán Cabanas (professora da Universidade de Santiago de Compostela) e Anabela de Figueiredo Costa (diretora da Biblioteca Municipal Francisco de Sá de Miranda).

 

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