
O ataque mais recente terá acontecido no passado dia 20 de maio, quando um grupo de soldados invadiu a aldeia de Chaung Yoe, munido de artilharia. Foto: Direitos reservados.
A Associação Internacional de Lusodescendentes (AILD) alerta para o “genocídio” e as “atrocidades” de que estão a ser alvo milhares de lusodescendentes católicos na Birmânia (conhecidos como bayingyis). Desde o início do ano, já houve pelo menos três ataques armados a aldeias onde estas comunidades residem, provocando a destruição de centenas de habitações e pelo menos quatro mortos.
“Milhares de membros do povo Bayingyi tornaram-se refugiados, encontrando-se agora distribuídos por aldeias vizinhas ou nos complexos das organizações religiosas”, afirma a organização, citada pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.
O ataque mais recente terá acontecido no passado dia 20 de maio, quando um grupo de soldados invadiu a aldeia de Chaung Yoe, munido de artilharia. “Ao todo, mais de 300 casas foram destruídas à bomba. A aldeia era composta por cerca de 350 fogos, sendo que, neste momento, apenas 20 casas permaneceram intactas em toda a aldeia”, avança a AILD.
Já em março, a mesma aldeia havia sido atacada “por elementos à civil, fortemente armados, que tiveram como alvo o complexo da Igreja, disparando sobre a casa do clero e aprisionando 3 religiosos”. “No mesmo dia foram assassinados, a tiro um dos habitantes e o seu filho, no momento em que fugiam pelos arrozais”, prossegue a descrição. “O grupo ainda incendiou 17 casas, a capela e o santuário da aldeia.”
Face a esta situação, a associação solicita ajuda para as populações católicas, nomeadamente através da Arquidiocese de Mandalay, “a única instituição com capacidade para chegar às populações e em condições de dialogar com as forças do regime”.
No passado mês de abril, quase 100 soldados tinham invadido o complexo da Catedral do Sagrado Coração em Mandalay, a segunda maior cidade birmanesa, como noticiou o 7MARGENS.
A junta militar, que tomou o poder em fevereiro de 2021, persegue há muitos anos a minoria cristã da Birmânia, estimada em 6,2% da população. Os conflitos têm-se intensificado nos últimos meses e há milhares de pessoas deslocadas a necessitar de abrigo, comida e medicação, estando a assistência humanitária bloqueada pela junta.