
Emanuel Macron prometeu fazer “tudo para garantir aos muçulmanos a possibilidade de viver a sua fé serenamente, no quadro protetor do laicismo”. Foto © Jacques Paquier / Wikimedia Commons.
O Presidente francês Emmanuel Macron visitou a Grande Mesquita de Paris na passada quarta-feira, 19, data em se cumpriam 100 anos sobre a colocação da primeira pedra do templo que apelidou de farol para o “Islão de França”. A poucos dias do seu encontro com o Papa Francisco, agendado para 24 de outubro, Macron fez questão de defender a chamada lei do separatismo, aprovada há pouco mais de um ano e que, apesar de criticada por muitos muçulmanos, é vista pelo líder político como uma norma jurídica que “oferece salvaguardas” contra o islamismo radical.
“Neste dia de outono de 1922, a nossa nação afirmou aos olhos do mundo que se podia ser francês e muçulmano”, afirmou Emmanuel Macron, citado pelo jornal La Croix (artigo disponível apenas para assinantes). A Grande Mesquita de Paris encarna a harmonia dos homens e das religiões, quando aceitam que a fé de uns não deve constranger a de outros”, continuou o chefe de Estado francês. A mesquita, cuja operação é hoje financiada pela Argélia, “não traz simplesmente a possibilidade de um Islão em França, fiel aos valores da República, mas de um Islão com a França, e mesmo de um Islão de França”, sublinhou Macron.
Aludindo aos ataques jihadistas, o presidente disse que não deixaria que “a destruição que este país sofreu nos últimos anos criasse um abismo de ressentimento e desconfiança em relação aos muçulmanos”, e aproveitou o discurso para defender a lei de agosto de 2021 contra o separatismo, que visa em particular controlar melhor o funcionamento e financiamento dos locais de culto.
“Ela era muitas vezes recebida com suspeita”, admitiu. “Pelo contrário, acredito que foi pensada e desejada como forma de ajudar as comunidades religiosas a lutar contra os excessos sectários que as prejudicam tanto quanto à comunidade nacional”. E assegurou: “Só existe uma República: a da liberdade de crer ou não crer, aquela onde o Estado é o garante da liberdade religiosa”, afirmando que faria “tudo para garantir aos muçulmanos a possibilidade de viver a sua fé serenamente, no quadro protetor do laicismo, através do diálogo construtivo entre o Islão e o Estado, entre os países muçulmanos estrangeiros e a França”.
Macron fez-se acompanhar do ministro do Interior, Gérald Darmanin, e do ex-presidente Nicolas Sarkozy, num evento que teve também uma dimensão inter-religiosa, com a presença do grande rabino de França, Haïm Korsia, do presidente da conferência episcopal do país, Éric de Moulins-Beaufort, e de Antony Boussemart, co-presidente da União Budista de França.