
O arcebispo de Minsk (Bielorrússia), Tadeusz Kondrusiewicz, continua na Polónia sem poder regressar ao país, enquanto as polícias às ordens do ministro do Interior continuam a prender manifestantes. Foto: Direitos reservados.
Cumpriram-se este domingo, 27 de setembro, 50 dias consecutivos de manifestações contra Alexander Lukashenko, que assumiu o sexto mandato como presidente da Bielorrússia apesar das inúmeras acusações de que a eleição do passado dia 9 de agosto foi fraudulenta. Só na capital, Minsk, foram mais de cem mil as pessoas que saíram à rua, mas os protestos estenderam-se a outras 21 cidades do país. As Igrejas Evangélicas bielorrussas fizeram questão de demonstrar o seu apoio aos manifestantes, divulgando uma “carta aberta ao povo bielorrusso”, em que pedem uma análise aos resultados das eleições e a realização de novo sufrágio caso se comprove que houve fraude.
Durante os protestos, foram detidas cerca de 500 pessoas, anunciou na segunda-feira o Ministério do Interior da Bielorrússia. De acordo com a Viasna, associação de defesa dos direitos humanos, “foi usada força excessiva pela polícia de intervenção” e também por “pessoas não identificadas, usando roupas civis”. “Alguns dos detidos eram menores, vários manifestantes ficaram feridos durante as detenções”, acrescenta a organização, no relato acerca dos protestos publicado na sua página oficial.
A carta aberta assinada pelos representantes de 50 igrejas evangélicas da Bielorrússia, lança, entre outros, um apelo ao governo para que ponha fim “a toda a violência contra os cidadãos pacíficos da oposição” e “a todas as formas de tortura de pessoas inocentes, detidas e condenadas injustamente a anos de prisão”.
De acordo com o Protestante Digital, esta é a primeira vez que os evangélicos se manifestam relativamente a questões políticas no país. “Existe o perigo real de que os signatários da carta sejam interrogados, perseguidos, presos e torturados como muitos outros antes deles”, refere o texto. “Mas a sociedade escutará. Os evangélicos não se esconderam, estão com o povo”.
O arcebispo católico de Minsk, Tadeusz Kondrusiewicz, que desde o início dos protestos manifestou a sua solidariedade para com o povo bielorrusso e incitou à escolha de um caminho pacífico e diálogo sincero entre as partes em conflito, continua retido na Polónia, onde se deslocou para uma celebração religiosa no passado dia 31 de agosto. Ao regressar, foi impedido pelas autoridades bielorrussas de atravessar a fronteira e entrar no seu país.