
No Museu Judaico do Porto, a programação inclui uma visita guiada à Sala do Antissemitismo Moderno, que mostra o crescimento do fenómeno em Portugal entre 2015 e 2022. Foto © Museu Judaico do Porto.
O Museu Judaico e o Museu do Holocausto do Porto assinalam esta quarta-feira, 9 de novembro, o Dia Internacional Contra o Antissemitismo, com a inauguração de uma exposição, música ao vivo, visitas guiadas, entre outras atividades que irão envolver mais de mil alunos de várias escolas do país.
Na data em que se assinala o 84º aniversário da Kristallnacht (em português, Noite dos Cristais) – nome dado à noite de 9 de novembro de 1938, na qual teve início o Holocausto – estes dois espaços da cidade do Porto partilham assim uma iniciativa que visa contribuir para a luta contra o antissemitismo, avançam em comunicado enviado ao 7MARGENS.
No Museu do Holocausto do Porto, será inaugurada, pelas 14h, uma exposição dedicada, precisamente, à “Noite dos Cristais”. A apresentação estará a cargo do diretor do museu, Michael Rothwell, cujos avós viram as montras da sapataria que possuíam em Berlim serem destruídas nessa mesma noite.
De seguida, será acesa uma chama na Sala Memorial do Museu, junto dos nomes de dezenas de milhares de pessoas assassinadas. Serão os alunos das escolas presentes os responsáveis pelo acender da chama, numa cerimónia que contará também com a presença do coro masculino da Comunidade Judaica do Porto: Coro Mekor Haim.
No Museu Judaico do Porto, a programação inclui uma visita guiada à Sala do Antissemitismo Moderno, que mostra o crescimento do fenómeno em Portugal entre 2015 e 2022, e a exibição do filme “Sefarad”.
A longa metragem (cujo trailer pode ser visto aqui) conta a história do fundador da Comunidade Judaica do Porto, o Capitão Barros Basto, que foi expulso do exército por ser judeu e que é internacionalmente conhecido como “o Dreyfus português”. Realizado por Luís Ismael, “Sefarad” dá a conhecer aspetos importantes da cultura, religião e história judaicas.
Isabel Barros Lopes, neta do Capitão Barros Basto, estará presente no Museu Judaico do Porto para, com os alunos, assistir à projeção do filme e responder às suas perguntas sobre aquele período da História.
“A ascensão meteórica da Comunidade, em apenas uma década, no plano nacional e internacional, foi travada por denúncias anónimas caluniosas que imputaram ao meu avô os crimes da moda e que o Estado português utilizou por conveniência, com o objetivo de destruir o então líder da Comunidade e a própria organização”, diz a neta do oficial, citada na nota enviada ao 7MARGENS.
Várias gerações passadas sobre o fim do Holocausto, “volta a assistir-se ao preocupante crescimento do antissemitismo por toda a Europa”, refere o comunicado, citando também Gabriel Senderowicz, Presidente da Comunidade Judaica do Porto: “o antissemitismo assume muitas formas, na extrema-esquerda, na extrema-direita e no centro político, pelo que decidimos incluir os dois museus e o cinema nesta importante iniciativa, que contará com um milhar de alunos e os seus professores”.
O representante da comunidade marcará presença, neste dia 9, em Auschwitz-Birkenau, integrando a Delegação da European Jewish Association que ali irá reunir-se.