
William E. Lori, arcebispo de Baltimore, em Fevereiro, num encontro com o governador do estado do Maryland. Foto © Maryland GovPics/ Wikimedia Commons
O procurador-geral de Maryland, na costa leste dos Estados Unidos da América, revelou esta quinta-feira, 17, um relatório sobre abusos na arquidiocese de Baltimore, que apontam para a existência de 158 abusadores e mais de 600 vítimas desde 1940 até à atualidade.
O caso assume um significado acrescido pelo facto de este quadro chocante ter vindo a público na semana em que decorria a assembleia de inverno da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB, na sigla em inglês), na qual o arcebispo de Baltimore foi eleito vice-presidente daquele órgão.
Segundo um relatório apresentado pelo procurador num tribunal de Maryland, da mais de centena e meia de abusadores, 115 chegaram à justiça, mas 43 foram encobertos pela diocese.
A investigação teve início em 2019, tendo a arquidiocese de Baltimore sido intimada a entregar cópia de todos os processos constantes dos seus arquivos. Além disso, foram ouvidos e registados depoimentos de membros do clero, leigos, vítimas e testemunhas.
No requerimento para apresentação formal do inquérito de mais de 400 páginas, o procurador Frosh referiu que, “durante décadas, as vítimas de padres católicos denunciaram os abusos sofridos, e durante décadas a Igreja encobriu esses abusos”.
O arcebispo William E. Lori reagiu à divulgação destes dados, observando em comunicado que a informação apresentada “será, sem dúvida, uma fonte de novo sofrimento para muitos, especialmente para os molestados por representantes da Igreja, para os leigos da Arquidiocese, assim como para muitos bons padres, diáconos e religiosos”.
Lori disse-se “ciente da dor sofrida pelos sobreviventes de abuso sexual infantil”, pediu desculpas às vítimas-sobreviventes que foram violentadas por um ministro da Igreja”, “por aqueles que falharam em protegê-las, (…) em responder com cuidado e compaixão e em responsabilizar os agressores pelo seu comportamento pecaminoso e criminoso”.
“Continuarei a pedir desculpa enquanto houver pessoas a sofrer e comprometo-me a continuar a fazer todo o possível para garantir que ninguém sob os cuidados da Igreja seja novamente prejudicado por um representante dela”, acrescentou o arcebispo.