Balanço da Fundação AIS

Mais de cem religiosos mortos, raptados ou presos em 2022

| 29 Dez 2022

A atual situação na Nicarágua vista pelo cartoonista PxMolina. Imagem retirada do Twitter do autor. https://twitter.com/pxmolina

A atual situação na Nicarágua vista pelo cartoonista PxMolina. Imagem retirada do Twitter do autor.

 

“O balanço é assustador”, afirma a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) em comunicado enviado às redações esta quarta-feira, 28 de dezembro. “Ao longo dos 12 meses de 2022, houve o assassinato de, pelo menos, 17 sacerdotes e irmãs” e “um total de 42 padres sequestrados em diferentes países”. Houve ainda “pelo menos, 32 casos de pessoas ligadas à igreja e que foram detidas, sob ameaça, ao longo do ano”, revela a AIS.

De acordo com dados recolhidos pelo Departamento de Comunicação da Fundação AIS Internacional, só na Nigéria foram mortos sete sacerdotes. Quatro, no desempenho das suas missões na Igreja, e mais três que acabariam assassinados após terem sido vítimas também de rapto.

Em outros dois países houve também mortes violentas a registar. No México, “três padres foram vítimas dos cartéis da droga que têm o país sequestrado pela crueldade e medo, enquanto na parte oriental da República Democrática do Congo dois sacerdotes foram baleados mortalmente também durante o corrente ano”, denuncia a fundação pontifícia.

 

África tem sido o palco principal

irma maria de coppi em missao em chipene mocambique, foto c combonianas

A irmã Mari de Coppi foi assassinada na missão de Chipene, em Moçambique, em setembro. Foto © Missionários Combonianos.

 

“O continente africano tem sido palco de muita desta violência contra a Igreja”, sublinha o comunicado. “Foi em África que perderam a vida quatro das cinco religiosas assassinadas em 2022 no desempenho das suas missões. (…) As Irmãs Mary Daniel Abut e Regina Roba estavam no Sudão do Sul, em agosto, quando foram mortas; a Irmã Mari de Coppi foi assassinada na missão de Chipene, em Moçambique, em setembro; e a Irmã Marie-Sylvie Vakatsuraki foi morta em outubro, na República Democrática do Congo.”

Quanto aos casos de rapto, a maioria registou-se na Nigéria. “Até ao momento registaram-se 28 casos ao longo de 2022, sendo que três ocorreram já em dezembro. No entanto, o pior mês foi mesmo julho, com sete situações”. Os Camarões e o Haiti surgem a seguir na lista de países com mais casos de raptos entre religiosos, com seis e cinco casos, respetivamente.

“Também irmãs foram vítimas de situações de sequestro ao longo de 2022. E também aqui a Nigéria surge em destaque, com sete ocorrências, seguindo-se o Burkina Faso, com um caso, tal como nos Camarões. Felizmente, todas foram libertadas”, assinala a AIS.

 

Rússia e Nicarágua preocupam

Polícia nicaragua impede saída de casa do bispo de Matagalpa, foto tirada do Vatican News

Rolando Álvarez, bispo de Matagalpa, está em prisão domiciliária desde 19 de agosto. Foto: Direitos reservados.

 

Além de assassinatos e sequestros “há ainda, pelo menos, 32 casos de pessoas ligadas à igreja e que foram detidas, sob ameaça, ao longo do ano”, acrescenta o comunicado. “Os casos mais recentes referem-se a quatro sacerdotes da Igreja Católica Grega Ucraniana que se encontravam a trabalhar em regiões ocupadas pela Rússia e que foram detidos no exercício das suas atividades pastorais. Dois foram, entretanto, libertados e ‘deportados’ para território ucraniano, enquanto os outros dois permanecem detidos. Ambos enfrentam acusações de terrorismo e há, por isso, o receio de que possam estar a ser torturados na prisão”, refere o balanço da fundação.

Outro país no centro das preocupações da Fundação AIS é a Nicarágua. Onze membros do clero foram detidos ao longo dos últimos meses em que se registou uma crescente hostilidade por parte das autoridades face à Igreja. Entre os detidos há, pelo menos, dois seminaristas, um diácono, um bispo e sete sacerdotes. Rolando Álvarez, bispo de Matagalpa, que está em prisão domiciliária desde 19 de agosto, deverá comparecer em tribunal no próximo dia 10 de janeiro onde vai enfrentar a acusação de “atentado à integridade nacional” [ver 7MARGENS].

“Também difícil ou mesmo quase impossível de apurar é o número de padres e bispos católicos detidos na China em 2022”, afirma a AIS. De acordo com informações recolhidas pela Fundação AIS Internacional, os clérigos da chamada Igreja Clandestina “são repetidamente detidos pelas autoridades durante algum tempo, como medida de pressão para aderirem antes à Igreja aprovada pelo Estado”. Só entre janeiro e maio deste ano, “pelo menos dez padres desapareceram de contacto e todos eles pertencem à comunidade de Baoding, na província de Hebei”.

A fundação deixa, por isso, um apelo “a todos os países envolvidos para que se empenhem em garantir a segurança e a liberdade dos padres, religiosas e outros agentes pastorais” e pede também “a todos os seus amigos e benfeitores em todo o mundo para que rezem por aqueles que permanecem em cativeiro, bem como pelas comunidades e famílias dos que perderam as suas vidas ao serviço da Igreja ao longo deste ano de 2022”.

 

Greta Thunberg será doutora Honoris Causa em Teologia por defender a casa comum

Reconhecida pela Universidade de Helsínquia

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A Faculdade de Teologia da Universidade de Helsínquia (Finlândia) vai atribuir o doutoramento Honoris Causa à ativista Greta Thunberg pelo seu “trabalho infalível e coerente pelo futuro do nosso planeta”. A jovem receberá o título a 9 de junho, juntamente com outros sete homenageados, entre os quais se encontra o ex-presidente da Federação Luterana Mundial, o bispo emérito Munib Younan.

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Está concluída a intervenção de reabilitação das coberturas e tratamento das fachadas da capela-mor da Igreja do Mosteiro de Tibães, em Braga, que teve como objetivo principal eliminar as infiltrações que ameaçavam “o magnífico espólio que se encontra no seu interior”, anunciou esta segunda-feira, 20 de março, a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN).

Santa Sé na ONU: Um em cada sete cristãos é perseguido

Conselho de Direitos Humanos

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“Um em cada sete cristãos sofre perseguições hoje”, alertou o observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, arcebispo Fortunatus Nwachukwu, no discurso que proferiu esta terça-feira, 21 de março, em Genebra, durante a 52ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Em nome da Santa Sé, Nwachukwu, recentemente nomeado pelo Papa como secretário do Dicastério para a Evangelização, quis trazer à atenção internacional “a situação de muitas pessoas e comunidades que sofrem perseguições por causa das suas crenças religiosas”.

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