
“Nuvem” de palavras elaborada a partir do tratamento gráfico do conjunto das respostas de cerca de 950 leitores que responderam à pergunta aberta do inquérito do 7MARGENS: a revisão do papel das mulheres na Igreja, bem como da formação dada aos padres, foram duas das recomendações recorrentes.
Encerramos com este texto a série de trabalhos feitos a partir do inquérito realizado pelo 7MARGENS sobre o Sínodo da Igreja Católica, que abre no próximo domingo, ao nível de cada diocese. Nesta edição, discriminamos uma listagem de sugestões, aspirações e propostas apresentadas na única pergunta aberta por perto de 950 dos 1036 leitores que responderam ao inquérito.
Organizamos as recomendações a incluir na agenda sinodal em três vertentes: contributos sobre a Igreja, tomada globalmente; contributos sobre a liturgia, em particular a missa; e contributos sobre comunidades e estruturas paroquiais. Dada a natureza sintética das respostas, agrupámos os tópicos de cada apartado sob a forma de listagem.
Tendo em consideração as coincidências de muitas respostas, bem como as achegas e complementos, os contributos foram agrupados e editados para contemplarem o maior número possível.
Aspetos gerais
- Participação regular de padres e leigos nas reuniões da Conferência Episcopal, em condições a definir.
- Participação dos leigos e do clero na nomeação dos bispos.
- Transparência na apresentação de contas, a todos os níveis da vida eclesial, incluindo nos santuários onde os devotos deixam as suas dádivas.
- Criar “espaços de diversidade” abertos a Deus no contexto das comunidades locais; espaços sem fronteiras, de diálogo, de partilha, sem etiqueta.
- Investir pastoralmente na defesa do meio ambiente e qualidade de vida.
- Aprender com “o modelo de Taizé” e deixar de ser uma Igreja que “vive apenas de sacramentos”.
- Dar atenção ao encontro e diálogo ecuménicos, também nas igrejas locais.
- Não esquecer os meios rurais, no que diz respeito à evangelização.
- Maior conhecimento das congregações religiosas e associações socio-caritativas da diocese e desenvolvimento de projetos em parceria e em rede.
- Atenção privilegiada aos pobres e às desigualdades, “colocando-se no lugar de quem se sente marginalizado”.
- Revisão do papel das mulheres na Igreja, nomeadamente reflexão sobre o “sacerdócio feminino”.
- Remodelação total da formação nos seminários.
- Aproveitar os recursos criados com a pandemia para fazer formação que combine o presencial com o online, conseguindo formadores mais credenciados.
- “Refrescar” a imagem da Igreja e, em particular, “fazer campanhas com qualidade dando a conhecer o extraordinário trabalho social que a Igreja desenvolve”.
- Durante o Sínodo (e porque não depois?), abrir um site para recolha de contributos, que permita a participação mesmo à distância.
Liturgia
- Cuidar da qualidade das transmissões da eucaristia e do terço, incluindo as de Fátima, centrando-as mais na pessoa de Jesus, já que são “muito tristonhas e formais, não envolvendo muito os telespetadores – onde está a ‘alegria do Evangelho?’”.
- Melhorar a qualidade das celebrações, quanto à interatividade, à participação ativa das pessoas; sempre que possível, com grupos, em que se possa fazer homilia partilhada.
- As homilias devem ligar as leituras à vida das pessoas e introduzir nelas “a atualidade do mundo”, para as tornar mais interpelativas.
- “A Igreja deve adaptar-se aos tempos atuais no vocabulário e modo de celebrar e comunicar a fé, repensando “formas arcaicas, não entendíveis pelos participantes”.
- Modernizar as músicas, pensando sobretudo nos jovens, e ter atenção especial à formação dos leitores e à acústica dos templos.
Comunidades e estruturas paroquiais
- Rever a situação atual de “tudo centrado no clero”; definir “áreas de gestão das coisas da Igreja [a serem] entregues aos leigos”, mas vendo que eles não se tornem como os padres e evitando “o funcionalismo burocrático”.
- Reformar o conceito de paróquia e de pároco, no sentido de sublinhar o lado pastoral e reduzir a componente administrativa que pode ficar entregue a leigos preparados para tal.
- Instituir assembleias paroquiais anuais, que emanem de comunidades intra-paroquiais. Se for necessário, que se reveja o Código de Direito Canónico.
- É importante que os espaços das igrejas sejam multifuncionais e, sempre que possível, abertos à vida social e cultural da comunidade local. É bom que haja espaços abertos a todos.
- Criar a prática de grupos de leigos e padres estagiarem em outras comunidades, especialmente aquelas em zonas mais deprimidas e periféricas, vivendo nas mesmas condições dos que são visitados.
- Deve-se ter uma particular atenção à pastoral socio-caritativa nas comunidades cristãs.
- Instituir modalidades concretas que assegurem maior diálogo e democraticidade no interior da Igreja
- Mais atenção aos jovens, ouvindo-os com frequência. Muitos praticam meditação fora da Igreja; porque não promover a meditação como forma de oração?
- Formação de leigos e do clero em liderança de comunidades.
- Cuidar da família como espaço de vivência cristã.
- Sessões ou aulas sobre história da Igreja e de outras religiões.
- Sobre os presbíteros: o celibato obrigatório deveria acabar, começando por uma reflexão sobre o assunto. Eles deveriam constituir equipas por região, com um moderador, concretizando formas de proximidade e acolhimento das pessoas, vivendo uma vida simples, sem pompas nem ostentações, rompendo com o carreirismo eclesiástico.
- Política de “completa intolerância com a pedofilia”, com compromisso de denúncia e não encobrimento de casos.
- Ter em conta que os abusos não se resumem à pedofilia: “há abusos de poder aos diversos níveis; e quando são denunciados, quem pode não faz nada.
A equipa do 7MARGENS agradece a todos os leitores que se dispuseram a preencher o questionário e a enviá-lo. É nossa intenção reunir os materiais publicados com os resultados e fazê-los chegar aos responsáveis pela recolha de contributos para o Sínodo, para que possam integrar as participações desta fase de escuta diocesana e nacional.