
Igreja do Martirio de S. João Batista, em Melitopol (Zaporíjia, Ucrânia). Foto © Олег Довгаль, via Wikimedia Commons.
Depois da detenção de dois padres redentoristas pelas tropas russas na região de Donetsk, noticiada no passado dia 29 de novembro, foi agora detido o pároco de Melitopol, na região de Zaporíjia, informou o bispo auxiliar do exarcado arquiepiscopal de Donetsk, Maksym Ryabukha, em entrevista ao canal católico italiano TV2000.
“Após a celebração da missa, alguns soldados russos entraram na paróquia e depois de terem desrespeitado os católicos, a oração e o seu encontro, capturaram e levaram para um lugar desconhecido o padre Oleksandr Bogomaz, o jovem pároco de Melitopol”, afirmou o bispo, citado pelo Vatican News.
De acordo com o arcebispo greco-católico de Kiev, Sviatoslav Schevchuk, os dois padres que já se encontravam presos estão a ser “torturados sem piedade”. O bispo diz ter recebido informações sobre os religiosos no dia 30 de novembro. “De acordo com os métodos clássicos de repressão stalinistas – afirma Schevchuk – deles são extraídas confissões de crimes que não cometeram. De facto, os nossos dois heroicos pastores são diariamente ameaçados de morte sob tortura”.
“Peço a todos os que me ouvem, antes de mais nada, dirigindo-me àqueles que hoje os atormentam e torturam, que procedam à sua libertação imediata, pois são sacerdotes de Cristo e são inocentes de qualquer culpa. Na verdade, eles são culpados de amar seu próprio povo, sua própria Igreja, as pessoas confiadas aos seus cuidados”, sublinha o arcebispo católico de Kiev. E lança o também um apelo “aos representantes diplomáticos, às organizações internacionais de direitos humanos, para que façam todo o possível para salvar a vida desses pastores heróicos”.
Zelenski impõe restrições a Igreja Ortodoxa Russa
Dois dias depois, a 1 de dezembro, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarava no seu habitual discurso em vídeo que o Conselho de Segurança Nacional e de Defesa havia encarregado o Governo de propor ao parlamento um projeto-lei para “impossibilitar as atividades na Ucrânia de organizações religiosas filiadas aos centros de influência na Rússia” e que seriam investigados os vínculos entre as igrejas ortodoxas ucraniana e russa.
Estas medidas surgem na sequência das operações de busca efetuadas em novembro pelos serviços de segurança ucranianos no principal mosteiro de Kiev, a capital, e local de residência do primaz da Igreja Ortodoxa Ucraniana, e em outros locais de culto, justificadas pelas suspeitas de ligações com Moscovo.
Recorde-se que o patriarca Cirilo, chefe da Igreja Ortodoxa russa, tem manifestado estar ao lado de Vladimir Putin desde o início do conflito, o que já motivou fortes críticas da parte do Metropolita Epifânio, líder da Igreja Ortodoxa da Ucrânia (independente).