
Desconhece-se o paradeiro do padre Osman José Amador Guillén, 36 anos, último diretor da Cáritas Estelí, na Nicarágua. Foto @AUNNicaragua, via X.
O padre Osman José Amador Guillén, último diretor da Cáritas Estelí (Nicarágua) – fechada pelo governo sandinista em março deste ano – foi detido pela polícia estatal na noite da passada sexta-feira, 8 de setembro, depois de ter pedido aos seus paroquianos que rezassem pelo bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, que se encontra preso desde fevereiro.
“Não houve ordem judicial que justificasse a sua prisão. O seu paradeiro é desconhecido. Recentemente pediu para rezar por dom Rolando Álvarez e por isso o sequestraram”, afirma a advogada e investigadora Martha Patricia Molina, citada pela agência ACI Digital.
Segundo o jornal nicaraguense El Confidencial, “fontes da diocese de Estelí descreveram que o sequestro aconteceu por volta das 22h, quando um grupo de agentes de choque invadiu o templo católico, onde estava a decorrer uma reunião entre os membros do clero”.
De acordo com Martha Patricia Molina, autora do relatório “Nicarágua, uma Igreja perseguida?”, “as paróquias são vigiadas 24 horas por dia por pessoas infiltradas” pelo governo de Daniel Ortega. “Na verdade, as homilias dos padres são sempre gravadas e enviadas para o que se conhece como El Carmen, que é o lugar onde vive o casal ditatorial Ortega-Murillo” e onde são analisados os discursos dos párocos.
A investigadora refere ainda que o governo sandinista “proibiu de mencionar o bispo Rolando Álvarez nas missas e orações”. Assim, os grupos de leigos, sacerdotes e seminaristas rezam secretamente pelo bispo de Matagalpa, “porque quem o menciona na homilia, na missa (…), é imediatamente visitado pela polícia” e pode até ser preso. O caso do padre Osman José Amador Guillén parece ser a prova disso mesmo.