
Protestos no Haiti (nesta foto, manifestação em Fevereiro de 2019): “Desde 2019 o Haiti está à beira do abismo e o que aconteceu era esperado”. Foto Voice of America/Wikimedia Commons
“Todos esperavam esta situação tensa”, comentou ao Vatican News a missionária de origem italiana, Maddalena Boschetti, na sequência dos confrontos havidos durante as manifestações do domingo passado, 14 de fevereiro, que levaram milhares de haitianos às ruas da capital Port-au-Prince. Além da polícia, também grupos civis armados dispararam sobre os manifestantes, matando uma pessoa e fazendo um número indeterminado de feridos.
Os protestos têm vindo a crescer desde que o Presidente Jovenel Moise declarou a 7 de fevereiro que ficaria no poder mais um ano. Esta interpretação da Constituição é contestada por diversos juristas, constitucionalistas e pelas forças de oposição que consideram terminado o mandato de Jovenel Moise, o qual governa por decreto desde janeiro do ano passado depois de ter considerado dissolvido o Parlamento. Vários Estados americanos já apelaram à realização de eleições.
“O povo suspeita”, explica a irmã Boscchetti, “que as medidas restritivas contra o coronavírus foram impostas pelo Governo presidencial para impedir manifestações de protesto.” A missionária está no país há 18 anos e é a alma da missão Mare-Rouge no noroeste do Haiti, onde se dedica às crianças com deficiências. Para ela, “desde 2019 o Haiti está à beira do abismo e o que aconteceu era esperado”. Os protestos contra o Presidente são também motivados pelo aumento do custo de vida, a escassez de combustível, a carência de alimentos e a crise sanitária provocada pela covid, que já fez mais de 2500 vítimas no país.